Opinião

Azevêdo avança na ofensiva para se firmar como pré-candidato - Por Nonato Guedes

Foto: Reprodução/ Internet
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Em evento de caráter político durante os festejos juninos de Bananeiras o governador João Azevêdo (PSB) avançou na estratégia para firmar-se como pré-candidato ao Senado nas eleições de 2026, contrariando prognósticos de que só deflagraria a ofensiva no ano eleitoral propriamente dito. Esses prognósticos eram alimentados pelo próprio chefe do Executivo em constantes “quebra-queixos” com repórteres, de quem se lamentava pelas perguntas repetitivas sobre o pleito vindouro e sobre seu próprio projeto de candidatura. Desta feita, sem que fosse provocado pela imprensa, o governador admitiu que precisava dar o primeiro passo da caminhada rumo à Casa Baixa do Congresso Nacional e assumiu o interesse na disputa, em dobradinha com o prefeito de Patos, Nabor Wanderley (Republicanos), que lá estava presente acompanhado do filho, o deputado Hugo Motta, presidente da Câmara. Outras lideranças marcaram presenças, a exemplo do prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (PP) e do vice-governador Lucas Ribeiro, do mesmo partido, ambos postulantes declarados ao governo do Estado. Até onde a imprensa pôde apurar, o clima era de confraternização e exalava sinais de unidade dentro do bloco situacionista, num contraponto à exploração insistente de setores da oposição de que há prenúncio de racha na base oficial. O deputado estadual Adriano Galdino (Republicanos), presidente da Assembleia Legislativa e pré-candidato ao Palácio da Redenção, não esteve nesse evento mas foi a Bananeiras em outro dia e posou ao lado do governador João Azevêdo. De resto, falar em unidade soa utópico quando está evidente que são várias as ambições e variados os postulantes ao Executivo, mas ninguém assume declaração de rompimento, como se houvesse um ensaio combinado para confundir as hostes da oposição. Na opinião de interlocutores do governador, o passo estratégico que ele deu com mais de um ano de antecedência do pleito foi imperioso diante da aceleração que o processo político-eleitoral tomou na Paraíba, com peregrinação de pré-candidatos, ao governo e ao Senado, por municípios das mais diferentes regiões, em busca da consolidação de apoios ou da garantia de votos para prováveis candidaturas majoritárias que venham a empalmar no próximo ano. A antecipação do processo contaminou a oposição, que já tem duas candidaturas posicionadas ao Executivo – a do senador Efraim Filho, do União Brasil, e a do ex-ministro da Saúde Marcelo Queiroga (PL) pelo agrupamento bolsonarista. Efraim mantém-se articulado com o ex-deputado federal Pedro Cunha Lima (PSD) e com o deputado federal Romero Rodrigues (Podemos), todos fechados, pelo menos aparentemente, no compromisso de unidade, seja qual for o escolhido. A respeito do governador João Azevêdo, o que se comenta é que ele precisava deflagrar movimentos mais assertivos ou afirmativos na direção do projeto de candidatura ao Senado em 2026 sob pena de perder a liderança do processo sucessório estadual e ficar isolado dentro de Palácio caso resolvesse imitar comportamento do antecessor Ricardo Coutinho (PT) e permanecer no exercício do mandato até o último dia. É verdade que se especulou, também, da parte da oposição, que João não teria a coragem de se declarar pré-candidato com antecedência diante do risco de se isolar e perder aliados que migrariam para outras composições. O que parece estar sendo decisiva na estratégia do governador é a precipitação de lançamentos dentro do seu bloco, o mais sólido deles o da pré-candidatura de Nabor Wanderley ao Senado pelo Republicanos. Até o momento, a ação do presidente do Republicanos, Hugo Motta, é de apoio ao nome de João ao Senado mesmo se o candidato ao governo for Lucas Ribeiro. Adriano Galdino, nesse caso, estaria atuando em faixa própria com a pré-candidatura a governador. Atribui-se a João Azevêdo experiência suficiente para fazer a leitura correta do cenário político paraibano e não se deixar vir a reboque dos acontecimentos. Essa experiência tem sido construída em cima de erros estratégicos cometidos, sobretudo, na campanha de 2022, quando da formação da chapa majoritária, em que o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP) recusou disputar o Senado e indicou o sobrinho Lucas como candidato a vice-governador. A candidata do PSB ao Senado, Pollyanna Werton, foi lançada faltando 45 dias para a batalha decisiva, com Efraim Filho já preparando aterrissagem em céu de brigadeiro como senador vitorioso, derrotando, ainda, o ex-governador Ricardo Coutinho. O conjunto de fatores terá impulsionado o governador João Azevêdo a se tornar mais ousado na defesa do seu próprio interesse e do projeto da candidatura ao Senado. Para todos os efeitos, a postulação está na mesa e nas ruas, mobilizando aliados fiéis e já enfrentando o combate dos adversários. O jogo começa para valer na Paraíba.