
A ascensão, hoje, em solenidade em João Pessoa, do ex-deputado federal Pedro Cunha Lima ao comando do PSD (Partido Social Democrático) fortalece, sem dúvida, a legenda presidida nacionalmente por Gilberto Kassab em sua ambição de pleitear, inclusive, a Presidência da República, já com o nome do governador Ratinho Júnior, do Paraná, em boa cotação. Por outro lado, o nome de Pedro volta a ganhar destaque no radar político estadual como alternativa ao Palácio da Redenção, que ele disputou contra João Azevêdo (PSB) em 2022, avançando para o segundo turno e perdendo por uma diferença apertada. Pedro está alinhado com o senador Efraim Filho, do União Brasil, que também postula a indicação ao governo, e com o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB), que irá buscar sua recondução nas urnas, depois de ter sido derrotado na corrida pelo governo também em 2022.
O ingresso de Pedro e do seu pai, o ex-governador Cássio Cunha Lima, no PSD, traduziu rompimento com o PSDB, pelo qual o ex-deputado federal concorreu em 2022. A decisão de deixar o ninho tucano foi tomada depois de uma avaliação realista sobre o declínio experimentado pelo PSDB em nível nacional (o partido examina a hipótese de fusão com o Podemos para sobreviver no horizonte). Além de constituir uma demonstração de prestígio do “clã” Cunha Lima junto à cúpula nacional do PSD, o comando da legenda por parte de Pedro sinalizou derrota da senadora Daniella Ribeiro, que estava na direção da legenda e, ultimamente, teve que retornar aos quadros do PP (Partido Progressista) para manter seus espaços, já que pretende candidatar-se à reeleição no próximo ano. Lá atrás, Daniella havia “tomado” o PSD do deputado federal Romero Rodrigues, ligado aos Cunha Lima – e o triunfo de Pedro teve um sabor de revanche na disputa política local.
O discurso do ex-deputado Pedro Cunha Lima, além de ser centrado na dura crítica ao governo de João Azevêdo, propõe a alternância de poder no Estado com a quebra da hegemonia do Partido Socialista, que se encaminha para quase duas décadas, iniciando-se com Ricardo Coutinho e tendo continuidade com João, que também hoje será investido na presidência do diretório estadual socialista. Na campanha de que participou e em que ganhou visibilidade em 2022, Cunha Lima defendeu nos palanques e no Guia Eleitoral a implementação de um novo modelo de gestão na Paraíba, insinuando que permanece em vigor uma estrutura tradicional, com suposta derivação oligárquica. O ex-deputado evitou abrir palanque engajado para candidato a presidente da República naquele pleito, liberando os eleitores para votarem em Jair Bolsonaro (PL) , em Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou outras opções. Essa equidistância não parece ter prejudicado o seu desempenho eleitoral, a julgar pela competitividade que demonstrou em relação ao adversário João Azevêdo.
Mesmo tendo ficado sem mandato eletivo, virada a página de 2022, Pedro Cunha Lima manteve-se em evidência no noticiário político, agitando temas de interesse público, focados principalmente na Educação e questionando medidas da administração reeleita. Ele chegou a prometer que iria atuar como um “fiscal do povo” e foi enfático ao destacar que não precisava de um mandato para exercer a militância política. Buscou conciliar a militância como a atuação como docente, envolvido em projetos educacionais de repercussão. Ultimamente, com a aceleração dos entendimentos de bastidores na preparação para as eleições de 2026, o ex-deputado Pedro Cunha Lima foi convocado a ter papel mais ativo e é certo que tem participado de agendas, entrevistas e discussões sobre questões gerais do país e, em particular, as questões afetas à população paraibana. Ele é respeitado pelo domínio que tem sobre abordagens de caráter local e admirado pelo estilo de manter uma personalidade própria, com suas ideias e propostas de solução para os desafios que compõem a realidade.
Eleições de 2024 e o cenário para 2026
Independente da definição antecipada sobre uma provável candidatura de Pedro Cunha Lima, novamente, ao governo do Estado, ele ganhará notoriedade com as missões que passará a cumprir à frente do PSD, articulando-se com os já aliados da oposição e tentando construir pontes com segmentos do bolsonarismo na Paraíba que fazem oposição declarada ao governador João Azevêdo e ao PT, liderados pelo ex-ministro da Saúde Marcelo Queiroga, que também ambiciona ser candidato à chefia do Executivo. Nas eleições municipais de 2024, o PSD que Pedro passará a comandar elegeu o maior número de prefeitos em municípios brasileiros, inclusive em Capitais importantes. O partido ganhou capilaridade para influenciar nas decisões que serão tomadas com vistas a 2026, daí a expectativa que cerca esse movimento de Pedro no tabuleiro local.