As prioridades de Ricardo

Rubens Nóbrega

Com a lamentável exceção da Paraíba, todos os demais estados do Nordeste têm pelo menos dois helicópteros. As aeronaves foram compradas por seus governos e colocadas à disposição de suas polícias e bombeiros para missões importantes em benefício da população.

Helicópteros podem ser utilizados tanto para resgate de acidentados como para apoiar o combate a incêndios. Servem ainda para vigilância e policiamento ou transporte de tropas com o objetivo de, por exemplo, perseguir bandidos como aqueles que pintaram o sete e desenharam o oito anteontem em Princesa Isabel.

Polícia e Bombeiros da Paraíba não dispõem de pelo menos um helicóptero, mas o governo atual resolveu comprar um novo avião para o Estado. Teria custado R$ 6 milhões aos cofres públicos. Sua única serventia seria transportar o governador Ricardo Coutinho com o luxo, conforto e agilidade que ele deve se achar merecedor.

Mas o avião do Estado pode servir também ao transporte da primeira-dama para uma balada chique em Minas, o que teria ocorrido semana retrasada, conforme denúncia da oposição até aqui não desmentida e muito menos esclarecida pelo Ricardus I. Fazer o quê? Cada governo com a sua prioridade.

Pior: como se fosse pouco, o dinheiro gasto para comprar o avião (que daria para comprar um bom e versátil helicóptero) teria sido desviado da verba da Saúde. Essa denúncia foi feita no começo do mês pelo deputado Gervásio Maia. Mais uma vez, o governo não se manifestou.
Perguntei ao próprio

Ontem, escrevi ao governador pedindo uma explicação para sua pretensa opção por um avião em detrimento do helicóptero. Mandei mensagem por i-meio e depois avisei pessoalmente a Sua Majestade, via twitter, que estava querendo saber o seguinte, com estas palavras:
– Senhor Governador, com base na Lei de Acesso à Informação, solicito os seguintes esclarecimentos: 1) por que em vez de comprar um helicóptero para a Polícia, Samu ou Bombeiros, o senhor decidiu comprar um avião para os seus deslocamentos e viagens? 2) quanto custou o avião aos cofres públicos e qual a modalidade de licitação utilizada para tal aquisição?
A exemplo do que aconteceu com tantas solicitações anteriores remetidas pelo colunista ao governador e a outros membros do governo, ao pedido de agora também deram calado como resposta.
Por essas e outras…

“Sabe qual é a prioridade número um do governador Ricardo Coutinho? Ricardo Coutinho. E a prioridade número dois? Ricardo Coutinho. A prioridade número três? Ricardo Coutinho. Depois… Bem, depois vem o resto”.
Quem me apresentou semelhantes indagações, respostas e explicação sobre o que seria prioritário no Ricardus I foi o meu amigo Nó Cego. Ele me saiu com essa, ontem, quando comentávamos no cafezinho o terror de anteontem em Princesa.
“O que tem a ver?”, questionei. Segundo Nó Cego, tudo a ver. “Se os bandidos soubessem que a Paraíba tinha Polícia equipada com helicóptero, por exemplo, pensariam duas vezes antes de cometer o que cometeram”, presumiu, arrematando:
– Mas, em vez disso, Ricardo prefere comprar um avião para facilitar os seus deslocamentos. Deslocamentos em campanha, diga-se.

 

Tem Promotor sim

Ao contrário do que foi divulgado ontem em nota desta coluna intitulada ‘Nem juiz nem promotor’, Princesa Isabel tem, sim, Promotor de Justiça. Vem a ser o Doutor Diogo D’Arolla Pedrosa Galvão, há mais de três anos no cargo e presente anteontem na cidade no momento do ataque às agências bancárias locais por um bando de assaltantes.
O esclarecimento retificador foi enviado ao colunista pelo jornalista Jorge Rezende, Coordenador da Assessoria de Imprensa do MPE. A remessa foi recomendada pelo Doutor Oswaldo Trigueiro do Valle Filho, Procurador Geral de Justiça do Estado. Nela, o assessor informa ainda que a Promotoria de Justiça de Princesa Isabel abrange os municípios de São José de Princesa, Manaíra e Tavares, além do Distrito de Pelo Sinal, pertencente a Manaíra.
O prédio-sede do MPE em Princesa fica Rua Coronel Marcolino Pereira Lima, Centro da cidade. “A Promotoria esteve no alvo do tiroteio, por se localizar quase vizinha a uma das agências bancárias assaltadas”, acrescenta Rezende, complementando que o expediente do órgão foi suspenso ontem “para os reparos necessários aos estragos causados pelo tiroteio”.

 

Cinco não, doze!

Posso estar enganado, mas penso ter ouvido ontem um oficial da PM explicar no rádio que Princesa não tem apenas cinco PMs, mas 12. Ah, bom… Quer dizer, então, que temos um policial para cada grupo de 1.833 habitantes e não um para 4.400, conforme calculei ontem. O ideal, segundo a Onu, é um policial para 250 habitantes.