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Apagando incêndios – Ou como a 'família dinamite' pode acabar implodindo o governo! - Por Francisco Airton

Me arrepia o futuro sombrio que nos aguarda. Imaginem quem assume o governo numa eventual puxada de tapete?

Não há como evitar. Sento em frente a tela do meu computador e, por mais que relute, sinto-me na obrigação de escrever sobre o Brasil sob nova administração. A verdade é que o novo administrador não ajuda e, volta e meia, cá estou a comentar um outro (mal)feito! Fazer o que? Chego a imaginar o desespero de todos que fazem a equipe governante, fantasiados de bombeiros, correndo de um lado para o outro tentando apagar incêndios com focos que surgem a todo momento e em qualquer lugar, provocados pelo próprio “chefe” e pela família dinamite, sempre com o seu aval!
Os comentários a seguirem aqui surgem de um ponto de vista mais diferenciado, pois focam em todo o conjunto governamental formado de idealizadores, projetistas, protagonistas e coadjuvantes! Não é necessário se dizer que o Bolsonaro se elegeu sozinho e, só depois, foi escolhendo aleatoriamente a equipe. Tudo faz parte de um grande projeto (o qual envolve empresários, economistas, religiosos, militares das três esferas, classe média leiga, ricos e até pobres miseráveis), para a retomada do poder e que, por tanto, não se pode permitir que o líder escolhido por eles venha a fazer “uma” atrás da outra!
Mas parece que descobriram o erro tarde demais! No último episódio registrado no carnaval, em que o presidente quebra o decoro e posta em sua própria página na internet por onde governa o país, um vídeo com obscenidades – no qual tenta justificar estar fazendo um questionamento com a sociedade sobre comportamentos inadequados nos festejos de Momo – chocando muito mais o país e o mundo com uma conduta que não condiz com o mais alto cargo que ora ocupa!
E ai surgem óbvias indagações: ele faz isso por pura falta de conhecimento? Nunca esteve preparado para o cargo e por isso mesmo insiste em manter-se no erro? Ou por ser próprio do seu caráter usar de argumentos rasteiros, o que é mais provável?
Não se sabe. O que fica cristalino é que o “Messias” tem causado muitas dores de cabeça aos articuladores desse megaprojeto que, sobressaltados, o veem na iminência de a qualquer momento ruir! As trapalhadas são tantas que a irritação de alguns mais fortes, acaba saindo dos bastidores e vem a público de forma bastante acentuada! O ministro Paulo Guedes que o diga. Por outro lado, o vice-presidente, Hamilton Mourão, tem se colocado frontalmente contrário as atitudes presidenciais.
Bastante irritado, mas sem querer ser deselegante – ainda – com interlocutores, ao ser indagado sobre a postagem obscena no Twitter, Mourão respondeu rispidamente que não se envolverá nas decisões de Bolsonaro, pois não lhe cabe interferir e que se o presidente e o seu filho haviam decidido, estava certo! Será que somente eu senti essa pontinha de ironia nas palavras do vice-presidente?
A carga tem ficado mais pesada a cada momento para o governo e as dificuldades também aumentam. São muitos os problemas e ao que parece não se vê do lado do presidente, qualquer iniciativa no sentido de minorar a situação. Com isso vai ficando mais distante o sonho de o governo aprovar outros tantos e importantes projetos como Reforma da Previdência e Projeto Anticrime, – meninas dos olhos do próprio Bolsonaro. Como fazer parlamentares indecisos acreditarem em projetos, de uma vez que os próprios responsáveis por estes não transmitem a confiança necessária? Por sua vez a oposição passa a ganhar mais força nos plenários (Câmara e Senado) e nas ruas, ao apontarem furos e equívocos que fazem desses projetos verdadeiras bombas contra a população brasileira!
Está muito difícil. Bolsonaro tem se mostrado influenciável na forma de governar e com isso termina por negligenciar ações! Mas há quem defenda tais atitudes. Se por um lado uma parte do seu eleitorado já parece arrependida pela escolha – é o governo mais mal avaliado de todos os tempos com menos de 40% de aprovação ainda nos primeiros dias – outra parte acorre a defender o capitão e a repetir as palavras de ordem: “Bandido bom é bandido morto”, “A mamata vai acabar” (mas aumentou em 16% os gastos com os cartões corporativos da presidência) e outra infinidade de frases cantadas em toda a campanha rumo a presidência da república!
Em fim… o que espera o futuro do presidente Bolsonaro, a prosseguir com suas peraltices e dividir a cadeira presidencial com a sua prole? Existe muita coisa em jogo para se arriscar com erros grotescos! Não me arrisco a palpites, mas os pedidos de impeachment chovem e inundam a internet! Me arrepia o futuro sombrio que nos aguarda. Imaginem quem assume o governo numa eventual puxada de tapete?

Fonte: Francisco Airton
Créditos: Francisco Airton