Alta do dólar afeta a Paraíba e ameaça ceia natalina - Polêmica Paraíba

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Alta do dólar afeta a Paraíba e ameaça ceia natalina

fotoO paraibano já sente os efeitos da alta do dólar na compra do pãozinho francês, passando por produtos estrangeiros, até de veículos importados. Quem insistir em viajar para o exterior, o pacote para os Estados Unidos já está mais pelo menos 10% mais caro e algumas agências de viagens já registraram queda de até 50% na procura para esses destinos. A alta da moeda americana também deve interferir na ceia natalina, que deve ficar mais recheada com itens nacionais. Já as casas de câmbio comemoram o fortalecimento do dólar. A procura pela moeda cresceu de 15% a 20% só este mês.

Quem depende de matéria-prima importada para fabricar seus produtos não tem como não repassar a diferença do valor deste itens para o consumidor. Este é o caso das panificadoras que compram a farinha de trigo vinda de outros países.

“Algumas padarias já reajustaram o preço do pão, outras estão aumentando e quem não fez isso deverá reajustar nos próximos dias, porque o valor do saco da farinha de trigo de 50 quilos disparou. Nas últimas semanas passou de R$ 87,00 para R$ 105,00”, afirmou o presidente do Sindicato das Panificadoras da Paraíba (Sindpan-PB), Romualdo Farias.

O presidente da Associação dos Supermercados da Paraíba, Cícero Bernardo, afirmou que os itens importados que compõem a cesta natalina não devem sair das prateleiras este ano, mas o estoque será menor do que os nacionais. As encomendas para o fim do ano já começaram. Os produtos devem chegar aos estabelecimentos em outubro.

“Os empresários do setor vão ter que acompanhar a alta do dólar na compra dos alimentos típicos do Natal, mas devem comprar em menor quantidade os importados e investir mais nas indústrias nacionais. Isso porque deverá haver redução no consumo destes produtos que vêm de fora do país”, explicou Cícero Bernardo.

No final do ano, aumenta a variedade de alimentos importados nos supermercados como vinhos, queijos, bacalhau, azeites e nozes, que segundo Cícero Bernardo, não apresentavam muita diferença de preço quando a cotação do dólar estava equilibrada com o real.

No ramo de carros importados, com o mercado mais equilibrado, os reajustes ainda não chegaram por conta da oscilação da moeda americana, mas deve acontecer a qualquer momento.

Esta é a afirmação do presidente do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos do Estado da Paraíba (Sincodiv-PB), José Carneiro de Carvalho.

Segundo ele, a maioria das tabelas de preços usadas para a venda de veículos importados na Paraíba vem em real, ou seja, faz-se uma média da projeção da moeda estrangeira no mercado e depois é fixado o valor do veículo.

“Até agora as empresas estão segurando o preço, mas se o dólar continuar aumentando essas tabelas podem ser reajustadas a qualquer momento”, afirmou.

CASAS DE CÂMBIO
O administrador da Actual Câmbio, Adalberto Júnior, afirmou que o contexto econômico internacional é de instabilidade e ainda não se sabe o que aguarda o futuro em relação à valorização da moeda americana. Segundo ele, ainda há dúvidas tanto nas pessoas que vão viajar para fora do país e precisam comprar dólar, quanto naquelas que têm moedas em casa e querem trocar para investir.

As que têm viagens marcadas deixam para comprar dólar de última hora esperando a moeda americana baixar. Esse tipo de atendimento na empresa apresenta queda. “E quem compra, geralmente, reduz a quantidade”, disse Adalberto Júnior.

Nas agências de viagens de João Pessoa, a valorização do dólar frente ao real, juntamente com a alta do euro, já reduziu a procura por viagens para Europa e Estados Unidos em cerca de 10%. Os paraibanos também estão desembolsando mais dinheiro para passear em terras americanas. Um pacote básico para Miame (EUA) que custava R$ 7.050 (completo) em uma das agências de João Pessoa, passou para R$ 7.900.

O gerente do agência de turismo Mondeo Tour: Turismo e Câmbio, Edson Oliveira, já percebeu baixa significativa na empresa nos últimos meses. A procura por pacotes para os EUA e Europa caíram cerca de 50% somente nos últimos 30 dias. “Há clientes optando por países como Argentina ou passeios no Sul do Brasil”, frisou.

A diretora da agência de viagem Classic Turismo, Welânia Guedes, revelou que a alta do dólar impactou no setor e reduziu em cerca de 10% a procura por alguns destinos internacionais.

Mas, segundo ela, as empresas aéreas estão oferecendo promoções, o que possibilita um certo equilíbrio no preço total do pacote.

“Isso porque as viagens nacionais são caras e com as promoções das viagens aéreas o preço, mesmo em alta, fica mais equilibrado. Aqui as pessoas que querem viajar para fora não mudam de destino”, frisou.