Polêmicas

Agora não importa quem “quebrou” o velho Ipep de guerra, mas se haverá disposição de futuros governantes em fazê-lo voltar

“QUEM QUEBROU O IPEP?”

POR PAULO SANTOS

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Nesta terça-feira (16) o deputado Janduhy Carneiro foi à tribuna da Assembleia Legislativa da Paraíba e, no mesmo tom discursivo oposicionista que alimenta há cerca de três anos, o parlamentar denunciou a “situação caótica” em que se encontra o velho e saudoso IPEP, órgão previdenciário dos servidores estaduais, hoje rebatizado com a alcunha de IASS.


O discurso proferido por Janduhy poderia ser grave se, em seguida, o também deputado estadual e ex-governador Wilson Braga não desse outra informação e não fizesse um insólito pedido: citou uma reportagem de jornal que, no título, indagava “Quem quebrou o Ipep?” e reivindicou uma comissão parlamentar para investigar o fato.
Há muito que o IPEP, ou melhor, o IASS frequenta os ambientes discursivos ou alguns poucos espaços da imprensa. Fala-se que ações governamentais desastradas levaram a três ou quatro suicídios de servidores da instituição fulminados por reduções de salários ou a desativação de vários serviços prestados, sobretudo na área da assistência médico-hospitalar, além do desgaste físico do prédio no bairro dos Estados, em João Pessoa.
Campanha política serve para que alguns fatos venham á tona e esse, do IASS, não deixa de ser um tema constrangedor. Quem haverá de investigar o que realmente está acontecendo com o antido Montepio, que virou Ipep e agora é IASS? A tendência é que as denúncias caiam no vazio.
Esta não é uma visão pessimista, mas realista. Há muito que as principais instituições que poderia fiscalizar ações do Estado – a Assembleia e o Ministério Público – não cumprem essa finalidade colocada na Constituição da Paraíba. Ao Legislativo falta credibilidade para levar uma CPI até o fim com objetividade e isenção enquanto o MP finge que nada tem a ver com a desmontagem da “máquina” pública.
Evidente que deputados, procuradores e promotores devem se insurgir contra esse tipo de crítico. Todos se acham certos no que fazem, sobretudo no caso de não prestarem satisfações a quem quer que seja. Ledo engano: é possível que, para os políticos, o castigo venha nas urnas do próximo dia 5. Quanto ao Ministério Público, aí só Deus pode dar jeito.
Enquanto isso, os servidores públicos estaduais que todos os meses deixam milhões de reais nas contas do IASS a título de previdência não têm mais direitos como assistência médico-odontológica, farmácia com um mínimo razoável de medicamentos a preço de custo e convênios com clínicas e consultórios.
O fato é que o IASS não é uma “ilha” de problemas. É tão-somente uma parte visível do imenso desprezo que o atual Governo demonstra ter em relação aos funcionários estaduais, bastando ver os inúmeros confrontos com as categorias, cono o Fisco, os professores, médicos e várias outras.
A pergunta do jornal lido por Wilson Braga precisa ser refeita. Agora não importa quem “quebrou” o velho Ipep de guerra, mas se haverá disposição de futuros governantes em fazê-lo voltar a desempenhar um papel digno na administração da Paraíba e, sobretudo, chegar próximo daquilo que seus servidores sabiam fazer: atender os colegas porque são iguais a eles.