A voz rouca das ruas

fotoMarcos Tavares

O povo enfurecido mata reis. Está aí a revolução francesa para nos provar. Povo na rua, sem lideranças, sem arreios, movido pela indignação é coisa temida por democratas e ditadores, pois é um animal selvagem capaz dos maiores ódios. Nossa tradição de povo pacífico já foi furada algumas vezes. Inúmeras revoltas na Primeira República, Canudos, Contestado estão aí para mostrar que a paciência popular tem limites. Não se engane o distinto leitor que ninguém vai às ruas brigar com a polícia por vinte centavos. O buraco é bem mais embaixo.

Ele começa com a violência, a falta de saúde pública, a falta de uma educação decente, a falta de mobilidade para quem trabalha, passa pela impunidade que se vê diariamente – Dirceu está solto! – e deságua nessa trapalhada olímpica que faz a nação gastar milhões em equipamentos esportivos enquanto o Nordeste briga por água e o resto do Brasil por dignidade. Lula deixou armadas as bombas da Copa do Mundo e das Olimpíadas para que elas explodissem nas mãos de Dilma, que já provou o gosto de uma vaia em cadeia nacional.

O povo tem limites na sua paciência. Getúlio viu isso antes de disparar sua bala fatal. Essa misteriosa entidade sem cabeças nem ideologia é selvagem, quando sai às ruas encarna seus piores monstros, quebra, mutila, mata porque a multidão é irresponsável, ao contrário do indivíduo sozinho. Isso é que faz o PT tremer, pois as bolsas, as geladeiras e os fogões já não disfarçam as necessidades maiores do país, necessidades que vão da elite até os descamisados, todos eles desesperançados e principalmente desconfiados do governo.

Veto

Esta semana, sem dúvidas, o prato principal da Assembleia Legislativa será a análise do veto de Ricardo Coutinho às propostas de aumento feitas por parlamentares da Casa.

Como o recesso do meio do ano começa quinta-feira, até lá esse assunto já deve estar resolvido, sob pena de ficar pendente até o segundo semestre.

Ricardo não dá sinais de que recuará na defesa de seus princípios. Cabe agora à AL se debruçar sobre a lei e descobrir que ela não tem poderes para criar despesas.

Mas tem o poder de perturbar.

Seca

Foi fraquinha a reunião do PMDB em Sousa. Muitos prefeitos até pensaram em ir, mas temeram serem apanhados pela câmera e pela ira oficial, e assim preferiram ficar cuidando de sua casa.

Agra, o grande esperado depois que Veneziano arrastou a asa para o seu lado, preferiu olhar a chuva na capital. E assim, o que seria uma demonstração de força, acabou num atestado de fraqueza.

Seca de água e de filiados.

Sacristias

O Papa Francisco jogou farofa no ventilador. Admitiu publicamente que na Cúria existe um lobby gay encarregado de aliviar as punições dos padres pedófilos.

E que ele é impotente para desorganizá-los.

Tarefas

O prefeito Luciano Cartaxo tem duas grandes tarefas inadiáveis. Uma é fazer com que a cidade aguente uma chuva sem parar de funcionar.

A outra, bem mais complicada, é reunir num só bloco e num só pensamento as mil facetas do PT local.

Privatizando

Privatizaram o São João de Patos. Uma empresa alienígena ganhou o direito de explorar a festa, e ela mesma conseguiu os recursos em Brasília.

Dessa maneira, os patoenses entram só com o milho.

Atos

Nas redes sociais já há um início de movimentação na capital para um ato público pela diminuição dos preços das passagens.

O que é bom para São Paulo é bom para a Paraíba.

Engraxado

O deputado João Gonçalves continua deslizando pelo universo político-partidário do Estado.

Ele nunca é a favor nem contra. Muito pelo contrário…

Prioridades

Mais do que nunca a prioridade é eleger Dilma.

Nem que para isso seja preciso empenhar o Brasil.

Frases…

Credulidade – Para quem acredita em horóscopo, acreditar em políticos é mole.

Esperteza – As pessoas muito espertas terminam na cadeia vigiadas pelos menos espertos.

Culpado – A culpa é como sapato velho. Depois de um tempo deixa de incomodar.