Polêmicas

‘A Operação Vamos Tirar o Cara (Ricardo Marcelo) da presidência da Assembléia’ já teria sido deflagrada. -Por Rubens Nóbrega

Historicamente, todo governador da Paraíba faz da Assembleia um órgão auxiliar, submisso, não um poder constituído, independente, capaz de tratar de igual para igual com o Executivo. Por essa e outras, tradicionalmente o presidente do Legislativo Estadual é quase sempre um deputado da cozinha, sala e terraço da Granja Santana.

‘A Operação Vamos Tirar o Cara (Ricardo Marcelo) da presidência da Assembléia’  já teria sido deflagrada. -Por Rubens Nóbrega

ricardo marcelo

O próximo alvo ( Do Jornal da paraíba) Historicamente, todo governador da Paraíba faz da Assembleia um órgão auxiliar, submisso, não um poder constituído, independente, capaz de tratar de igual para igual com o Executivo. Por essa e outras, tradicionalmente o presidente do Legislativo Estadual é quase sempre um deputado da cozinha, sala e terraço da Granja Santana. Salvo o caso de uma ou outra ‘traição’ de última hora, daquelas que marcaram os mandatos do saudoso governador Tarcísio Burity (1979-82 e 1987-90) e sua tumultuada relação com a Assembleia, ordinariamente a escolha do presidente e a composição do resto da Mesa Diretora do nosso Parlamento são definidas no Palácio da Redenção antes de a eleição propriamente dita acontecer no plenário da Casa. Mas essa ‘tradição’ foi quebrada em 2011. Graças à eleição de Ricardo Marcelo para a Presidência da Assembleia.

Graças a ele, a chamada Casa de Epitácio Pessoa readquiriu seu caráter de poder e credibilidade perante uma parcela importante da cidadania que não entende e repudia o mandonismo como método de governança. Mas a altivez e autonomia do deputado-presidente fizeram dele o próximo alvo a ser abatido pelo ricardismo. Aliás, a ‘Operação Vamos Tirar o Cara’ já teria sido deflagrada. Tiro pelo noticiário mais atualizado sobre reunião ocorrida anteontem à noite na Granja, à qual compareceram 13 membros da futura bancada governista na Assembleia. No encontro, ricardistas de primeira hora, tipo Lindolfo Pires e Tião Gomes, colocaram o nome à disposição.
O deputado de Sousa, a propósito, adiantou-se em manifestar antecipadamente que aceitará incondicionalmente a vontade do anfitrião. “Quem for escolhido pelo governador, será o melhor”, disse, conforme matéria publicada ontem neste Jornal (‘Governador reúne bancada na Granja e discute eleição na AL’, na Página 3 do Primeiro Caderno). Nas contas dos jornalistas que conhecem melhor nossos políticos em geral e deputados em particular, o governador contaria desde agora com 15 dos 36 eleitos no dia 6 de outubro. Na estimativa dos mesmos observadores, não será difícil para Ricardo Coutinho fazer a maioria quando fevereiro chegar. Só não há garantia de que consiga emplacar um sucessor para Ricardo Marcelo, que certamente não vai ficar de braços cruzados assistindo às investidas do ‘inimigo’.
Ricardo não descansa

De qualquer modo, não há como não reconhecer que o governante reeleito não está dormindo sobre os louros nem parou de trabalhar para ampliar o seu poderio ou, no dizer de alguns oposicionistas, o seu império. Bem ao contrário do seu adversário direto, que ainda deve estar processando física e mentalmente os efeitos da derrota. Até onde sei, desde a divulgação dos resultados da eleição Cássio Cunha Lima não fez um só movimento no sentido de começar a desempenhar o papel de líder da oposição que as urnas lhe reservaram. Fora a entrevista coletiva concedida na última quarta-feira, para dizer exatamente isso, que vai assumir a liderança de oposição ao governo de Ricardo Coutinho, não se tem notícia de que o senador do PSDB tenha sequer anunciado a intenção de reunir seus liderados. Nem mesmo os deputados estaduais eleitos que podem formar uma bancada cassista teriam sido convocados a fechar o apoio à eleição de Ricardo Marcelo para presidir a Assembleia na próxima legislatura.


Gervásio bem cotado

Dentre os cristãos novos do ricardismo, sobressai Gervásio Filho (PMDB) como o nome mais estratégico de que dispõe o governador para não só fazer maioria parlamentar como para disputar o cargo de presidente. O representante catolaico transita bem em todos os blocos que podem se formar na Assembleia ano que vem. Até por que nos últimos três anos e nove meses Gervásio foi um dos mais combativos opositores de Ricardo Coutinho, ao lado de Raniery Paulino, colega de partido, e de Anísio Maia, deputado do PT. Hoje, por circunstâncias e injunções eleitorais da última campanha, os três reforçam a nova bancada ricardista e podem perfeitamente ajudar o governador a remover da Presidência da Assembleia um incômodo chamado Ricardo Marcelo.
Mas, vai que Estela…

Mesmo sendo ela deputada estreante, não se espantem se o governador escolher Estelizabel Bezerra (PSB) para bater chapa com Ricardo Marcelo. Estela, como é mais conhecida, tem irrestrita confiança de Ricardo Coutinho. O único que chega perto do prestígio da moça junto ao chefe é o também eleito deputado estadual Ricardo Barbosa, do mesmo partido. Mas esse deve ser escalado para a liderança do governo na Casa, função que já exerceu com muita competência no segundo governo de Cássio Cunha Lima (2007-fevereiro de 2009), mesmo sendo, à época, suplente. Agora que é titular por seus próprios méritos e votos, Ricardão tem tudo para fazer um trabalho melhor ainda.
Que aperto foi esse?

Perdedores inconformados elegeram o bordão ‘maioria apertada’ para tentar desqualificar a legitimidade da reeleição da Presidente Dilma. Mas desde quando 3.459.963 de votos de diferença (54.501.118 pra ela, 51.041.155 pra Aécio) é ‘maioria apertada’? O choro é livre, mas, como diria o velho sociólogo, “um voto é maioria, o resto é diferença”. No caso, que diferença!