A direita neofascista que sempre existiu no Brasil se adensou na condição de movimento de massas como uma franja inesperada dos acontecimentos de junho do ano passado, que eram genuinamente de esquerda, mas também se ampliaram pelo outro lado do espectro político. Junho não foi apenas a mimesis ressurrecta de 1848 na França, isso é devaneio de Black Bloc. Foi também a pia batismal e teste de rua de uma “nova direita” que saiu sem vergonha, lenço nem documento do armário, conforme vemos nas imagens tétricas do vídeo do ato político realizado hoje na Avenida Paulista em São Paulo pelo “impeachment” da presidente Dilma. Por enquanto, nada a temer. Trata-se ainda de uma tipo de atitude caricatural e isolada de segmentos de classe movidos pelo ressentimento. Contudo, a nova direita golpista significa sintoma: as duas direitas de massas que tivemos no Brasil no século XX foram o movimento integralista (anos 30) e as Marchas da Família com Deus pela Propriedade (anos 60). O mais era direita de gabinete e conspiração militar. Sem dúvida está nascendo no Brasil uma nova direita populista (a palavra científica é exatamente esta, depois eu aprofundo a denominação), com a qual a democracia (não se trata de governo Dilma nem de esquerda, principalmente) não devem transigir um milímetro sequer. O PSDB e Marina precisam se pronunciar sem subterfúgios a respeito, sob pena de cair a máscara.
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