Polêmicas

A diferença que faz uma bancada comprometida com o estado

Sérgio Botêlho

Recentemente, vivenciei um fato no campo político que bem merece ser relatado, porque se trata de exemplo positivo. Tem relação com encargos que deveriam ser assumidos pelos políticos com relação aos seus estados. Encargos que normalmente são prejudicados por eventuais disputas ideológicas e partidárias.
Acompanhei a bancada do Mato Grosso do Sul a audiência com a ministra Miriam Belchior, do Planejamento. Senadores e deputados daquele estado lutam pela manutenção de compromisso assumido pela presidente Dilma Rousseff com obras de infraestrutura no MS, um estado campeão no agronegócio e em rápido desenvolvimento no campo da agroindústria.
Pois bem. Há projetos infraestruturais de elevada importância para o escoamento da produção local, e consequente incentivo a mais investimentos privados na região, sendo dois deles referentes à construção de duas ferrovias (uma denominada Pantanal, e, a outra, a Ferroeste), e, o outro, à duplicação da BR-419.
O curioso – e não deveria ser assim – é que diversos partidos tinham assento na reunião, a começar por aqueles representados pelos três senadores: Moka, do PMDB, Delcídio Amaral, do PT, e Rubens Figueiró, do PSDB. Deputados do PT, PSDB e PMDB formavam a mesa onde se postava, junto à ministra, o governador do estado, André Puccinelli, do PMDB.
Todos tinham o mesmo objetivo de apoiar as propostas, apesar de o projeto vir chancelado pelo governo de Puccinelli, que, a preço de hoje, deve se bater contra o PT de Delcídio nas eleições de outubro. O PMDB tem como pré-candidato o ex-prefeito de Campo Grande, Nelsinho Trad, representado na reunião por seu irmão, deputado federal Fábio Trad, também do PMDB.
Após a exposição do governador, todos tomaram a palavra para demonstrar à ministra que o projeto tinha o aval de cada um deles, apesar das disputas locais. Argumentaram que as duas ferrovias e a BR-419 muito representavam para o desenvolvimento do Mato Grosso do Sul, e, por isto, apoiavam o projeto do governo estadual.
Foi o bastante para a ministra manifestar sua satisfação enquanto gestora à frente do Planejamento: “é muito bom quando uma bancada chega ao ministério com pauta única”, enfatizou. Fundamentando suas palavras, a necessidade da diferença com respeito à atuação de outras bancadas que costumam ter tantas pautas quanto são os partidos que as compõem.
Admirado, porque sei de determinadas situações, em outros estados, quando parte das bancadas em situação de hegemonia nacional, costumam torpedear projetos da maior importância, porque defendidas por governadores adversários no campo político local, não pude me furtar à obrigação de tornar pública a experiência vivida.
Conversei após a audiência com o senador Moka – ele, que já coordenou a bancada por mais de três anos – e o parlamentar garantiu que vem sendo assim, nos últimos anos. Ele credita boa parte do desenvolvimento do estado a essa unidade política da bancada, em Brasília. E com razão, é claro.
O fato é que o Mato Grosso do Sul caminha celeremente para se transformar, dentro de no máximo quatro anos, no estado responsável pela produção de mais da metade da soja que se produz no Brasil. Isto, em meio a outras produções locais como milho, arroz, açúcar, cacau, café, frutas, borracha, etanol, madeira, que, junto à agroindústria em rápido progresso, inevitavelmente irão transformar o Mato Grosso do Sul em um dos estados economicamente mais importantes do país, e do Mercosul. Muito rapidamente.