Tradição

NA ROTA DA CANA: Cachaça Nobre tem uma produção requintada e compromisso com a sustentabilidade e o meio ambiente

E quem diria! Tenho certeza de que você, também, jamais imaginou a história do Brasil passando forçosamente pela história da cachaça! Pela história da cana - de - açúcar, não há o que se discutir!

E quem diria! Tenho certeza de que você, também, jamais imaginou a história do Brasil passando forçosamente pela história da cachaça! Pela história da cana – de – açúcar, não há o que se discutir! “A cana-de-açúcar foi trazida para o Brasil originada do Sul da Ásia, com o surgimento da colônia portuguesa e os primeiros núcleos de povoamento e agricultura na nova terra”. “…A cachaça acompanhou a história do Brasil desde o seu início, passando pelo o ciclo do açúcar, pelo crescimento das fronteiras territoriais e chegando até a urbanização do país”.


A Dornas Havana produz dornas e barris de variados tamanhos, dentro da capacidade de 1 a 60.000 litros.




 

A verdade é que, a medida em que nos aprofundamos nas origens do destilado nacional, mais nos envolvemos e aprendemos que os fatos mais importantes daquilo que ouvimos dos nossos professores, a vida inteira, na escola, muito pode ter sido decidido entre uma dose e outra, não é mesmo? “…Medidas de taxação e proibição da produção de cachaça foram implantadas pela Coroa Portuguesa. Essas medidas contribuíram para o descontentamento da colônia e motivaram os primeiros ideais independentes, dando origem a Conjuração Mineira e a morte de Tiradentes. Como símbolo dessa luta pela independência do país, a cachaça era servida nas reuniões conspiratórias dos Inconfidentes”.

Então, ciente de que há muito, ainda, o que aprender, preparo a minha mochila e sigo a estrada que só me acrescenta – a cada chegada – com mais informação, mais conhecimento, como se estivesse numa universidade itinerante e totalmente a céu aberto! Mas a nossa intenção é dividir tudo com você. Vem comigo. Já estamos de volta à Rota da Cana!

Requinte e elegância, até no nome!

Em nossa caminhada pelos doces caminhos do Brejo paraibano, chegamos ao Engenho Nobre, na zona rural de Sobrado – PB onde é fabricada a cachaça que tem requinte e elegância, até, no nome – Nobre! Graduação Alcoólica: 42%. Mas logo sou informado que o engenho já está de “malas” prontas para se instalar em outro local. Me comunica o seu proprietário, o engenheiro Murilo Vilela Coelho, que ainda esse ano as novas instalações do Engenho Nobre devam ser inauguradas em Cruz do Espírito Santo aqui na Paraíba. Para conhecer melhor o nosso novo anfitrião, Murilo é um engenheiro natural das Minas Gerais de longa carreira que, resolveu morar em João Pessoa (PB) entregando-se ao destilado que, não saía da cabeça dele, a cachaça nobre. Para dar forma ao projeto percorreu o interior do estado, associou-se a um produtor tradicional de Sobrado e modernizou a produção.
Aproveitamos para saber mais das novidades numa entrevista rápida com Murilo que nos mostra as novidades, fala da construção das novas e futuras instalações, nas quais inova ao utilizar material e formas de construções diferenciados. Nos fala da importância das mudanças para o crescimento dos negócios e das outras marcas de fabricação próprias do engenho, além de outros segredos para o sucesso do seu empreendimento – aqui e fora do estado! Ele conta que apesar dos percalços logo no início, conseguiu na primeira safra, uma cachaça capaz de ombrear com as de seus melhores vizinhos.

Cachaça NOBRE – Entrevista

Polêmica – Como se dá a fabricação da cachaça Nobre? Você compra a cachaça de algum outro engenho, ou tem plantio próprio?

Murilo – A fabricação da cachaça Nobre utiliza as melhores técnicas de fabricação. Corte de cana crua, que não pode passar de 48h. É de 24 a 36. Até por que seria prejudicial para a própria cachaça. A gente cuida muito bem do processo de limpeza do caldo, para não deixar juntar bagacilho evitando o bafo de cachaça. Nisso a gente toma muito cuidado evitando esse tipo de produto! Quanto a cana, eu compro a cana e para mim fica até mais fácil, por que ai a gente pode escolher que cana comprar!

Polêmica – Onde está localizado o engenho Nobre, atualmente (ou por enquanto)?

Murilo – O Engenho é localizado no Km 71, na BR 230, sentido Campina Grande do lado esquerdo, mas nós estamos transferindo a sede para Cruz do Espírito Santo e essa transferência deve ocorrer ainda este ano.

Polêmica – São quantas as marcas produzidas pelo engenho Nobre? Já é uma marca premiada? Quais os prêmios?

Murilo – Hoje nós produzimos 5(cinco) rótulos: a Sapequinha, que é uma cachaça 38, muito suave, sendo o nosso produto mais simples; temos a Nobre que é a nossa branca mais premiada, com a qual ganhamos dois prêmios no Mundial de Bruxelas – 2017 prata e 2018, ouro – e no ranque da cúpula das cachaças – ranque nacional que acontece de 2 em 2 anos, nós estamos entre as 12 melhores brancas do Brasil. Temos a Nobre Umburana, que a gente trabalha no barril da umburana e que, quando chega no ponto certo, eu tiro e engarrafo. Eu chamo 100% umburana. A Arretada Carvalho, a nossa primeira e que ficou no barril de carvalho europeu durante 2(dois) anos, a qual é uma cachaça prêmio e o Blend Nordestino que é uma parceria com o Engenho Gregório de Alagoa Grande, a Sanhaçu de PE e a Gogó da Ema de Alagoas. Fizemos 1000 garrafas, mas hoje eu já não tenho mais. Quem tem está nas lojas. E a que estamos lançando, que é a Mandacaru, que deverá estar nas lojas até começo de novembro. É um blend de carvalho francês com a qual conquistamos, nos EUA, a medalha de prata.

Polêmica – Como acontece a distribuição do produto no mercado (local e externo)?

Murilo – Com relação a venda e a distribuição, como o Engenho tem apenas 3(três) anos de mercado, existem as dificuldades de todo começo de negócio, não é? Então não existem muitos pontos de vendas. Existem alguns bons pontos de vendas e dentro da linha de bares e restaurantes em João Pessoa, nós estamos nas melhores casas.
Polêmica – Que outro produto é comercializado pelo Engenho Nobre?

Murilo – Nós temos como projeto mais duas cachaças para lançar no ano que vem e um outro projeto que já venho trabalhando, tem uns 2 anos e meio, que é um Rum envelhecido, mas que não fica a dever nada aos grandes runs do mundo. Um produto que dará muito orgulho a Paraíba.

Polêmica – De Sobrado para Cruz do Espirito Santo. O que o fez mudar?

Murilo – Em relação a mudança para Cruz do Espírito Santo, ela veio por que tinha uma parceria com um pessoal num projeto de uma produção de camarão e como já estava vencendo o contrato em Sobrado, eu achei por bem mudar e mudar, também, algumas características do Engenho. Fazer um engenho menor e voltado para a parte de sustentabilidade, bioconstrução e turismo de cachaça!

Polêmica – As edificações me pareceram meio estilo árabe (abóbada). Tudo meio arredondado. Tem um objetivo maior?

Murilo – Como sou engenheiro civil, eu sempre estudei essas construções alternativas, principalmente voltadas para a sustentabilidade e bioconstrução e ai eu achei que estava na hora de juntar essas duas coisas. Mostrar que também é possível fazer este tipo de construção para fábricas e não só para habitação.

Polêmica – Primeiro engenho no Brasil a usar essa técnica de construção – hiperadobe – Por que? Como funciona? Trata-se de uma técnica de edificação mais moderna? Mais barata? O que muda, na verdade?

Murilo – O engenho, realmente, é o primeiro a ser construído com essa técnica e será voltado muito para a parte do turismo. A técnica do hiperadobe que nós construímos lá, é derivada do superadobe, de um iraniano que morava na Califórnia (Nader Kalili), que a desenvolveu e um brasileiro, Fernando Pacheco, a adaptou. Ela permite um conforto térmico muito grande – as paredes respiram – por serem praticamente construídas só de terra em sacos de rafia. E como são paredes largas de 40cm, há um controle térmico dentro. Isso para mim, que estou envelhecendo cachaça, é muito importante!

Outros projetos

Ao final da nossa entrevista, Murilo Vilela falou de outros importantes projetos, como por exemplo, do objetivo de investir mais no turismo, onde pretende levar ao Engenho, as escolas – até de nível médio. “Levar as crianças lá, não para falar de cachaça, mas de bioconstrução, sustentabilidade e meio ambiente! Essa parte será focada na parte infantil. Ai, sim, já no que se refere aos adultos, vamos falar de degustação, história e produção de cachaça. Iremos dar enfoques diferentes para cada público que estiver nos visitando. A ideia será ter um ponto turístico na Paraíba de referência nacional”!

Fonte: Francisco Airton
Créditos: Polêmica Paraíba