Paraíba — A Paraíba está entre os estados com maior rotatividade de médicos na Atenção Primária à Saúde (APS). Entre 2022 e 2024, mais de um terço dos profissionais deixaram seus postos no país, segundo dados divulgados nesta segunda-feira (2) pela Umane e o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre).
O levantamento mostra que a saída de médicos é mais frequente em regiões com menor Produto Interno Bruto (PIB) per capita, como é o caso da Paraíba. Em contraste, estados com maior PIB, como Rio de Janeiro, São Paulo e o Distrito Federal, registraram menor evasão de profissionais.
A rotatividade alta preocupa especialistas. Segundo a médica de família e comunidade Marcella Abunahman, pesquisadora do FGVsaúde e uma das autoras do estudo, a saída de médicos afeta diretamente o atendimento da população.
“É rompida a continuidade com o paciente, com a equipe e com o território. Um vínculo se constrói com o tempo. E ele é essencial para um cuidado de qualidade”, explica.
A pesquisa utilizou dados de 26 estados e do Distrito Federal, organizados em um painel público no site do Observatório da Saúde Pública. Entre as fontes estão o Datasus, Sisab, Vigitel, Sisvan, e-Gestor AB, Ipeadata e IBGE.
O levantamento também revela outros desafios da APS no Brasil: baixa cobertura vacinal, dificuldade em manter o acompanhamento de pacientes com doenças crônicas e falhas nos exames de rastreio oncológico.
Apesar disso, os dados apontam avanços na cobertura da APS em algumas regiões. Ainda assim, a fixação de médicos e outros profissionais segue sendo um dos principais gargalos, principalmente em municípios com menos infraestrutura e recursos.
A Atenção Primária é a porta de entrada do SUS e o primeiro contato da população com o sistema de saúde. É nesse nível que são feitas consultas de rotina, acompanhamento de doenças e ações de prevenção.
Fonte: Agência Brasil