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PAI AO CUBO: No dia dos pais conheça a rotina de um pai que cuida sozinho de três filhos em João Pessoa

Em ambos os casos, é uma tarefa árdua a de adequar a rotina às necessidades e atividades das crianças, sendo o único responsável por tudo e por todos dentro de uma casa. Este é o caso de Júnior Pinheiro, de 37 anos.

A composição familiar de comercial de margarina tem perdido o espaço para vários outros nos últimos anos. O padrão de mãe, pai e filhos unidos sob o mesmo teto, por vários motivos, deixou de ser o padrão. Questões pessoais, financeiras, emocionais e de escolha trouxeram outras possibilidades de se viver em família.

É comum, casais que após um processo de divórcio, os filhos são cuidados pela mãe, devido a convenção social de que a mulher, dentro da instituição familiar, exerce o papel de cuidadora, dona do lar. Entretanto, ao passo que este papel é, às vezes, duramente imposto a mulher, esteriótipos são criados em torno dela, causando muitas vezes situações de preconceito.

Não muito diferente ocorre também com os homens, quando no término do relacionamento, ficam com a guarda dos filhos. Apesar de o número ser bem menor ainda há o estranhamento, que vem da ideia engessada na sociedade em achar que a função do homem se resume a prover o sustento da família. Nestes casos, chegam até a duvidar da capacidade do pai de criar e educar seus filhos.

Em ambos os casos, é uma tarefa árdua a de adequar a rotina às necessidades e atividades das crianças, sendo o único responsável por tudo e por todos dentro de uma casa. Este é o caso de Júnior Pinheiro, de 37 anos.

Com um menino de 15 anos e duas meninas de 12 anos, o jornalista assumiu a missão de cuidar dos filhos sozinho.

Algumas mulheres são estigmatizadas e rotuladas como fáceis, mal-amadas, vulgares ou que não tiveram condições de manter o relacionamento. Júnior afirma que apesar de não sofrer os mesmos preconceitos que mães solo sofrem, o fato de ser pai solo ainda causa estranhamento nas pessoas. “Como a sociedade não está preparada para entender que o pai também tem um papel na formação, na criação e no cuidados com os filhos, há um estranhamento. Sempre que descobrem que eu sou um pai solo, que eu estou cuidando de três filhos sozinho, então todo mundo acho algo de outro mundo”, afirmou.

“A sociedade não está preparada pra entender que o pai tem um papel importante na criação dos filhos, no cuidado com a casa, com os afazeres domésticos”.

Apesar de seus filhos morarem com ele, Júnior disse que as mães são presentes na medida do possível e jamais tira o que lhes é de direito. “Às vezes as pessoas brincam: ‘Você é um pãe, você é pai e mãe’. Eu sempre digo: ‘Não!’ Eu sou uma pai, um pai que cuida, que educa, que zela, mas eu não sou a mãe. A mãe é a mãe. Eu estou cumprindo meu papel de pai. Se a sociedade não entende que o pai também tem esse papel, isso aí é um problema cultural, não é problema”.

Júnior Pinheiro destaca que a sociedade entende essas novas formatações familiares quando ao invés de comemorar o dia das mães ou dos pais, estabelecem o dia da família.

Júnior não é natural de João Pessoa, logo sua família não mora próximo. Desta forma, não há quem possa o auxiliar nas atividades diárias com os filhos e também não tem uma pessoa contratada para estes serviços. Ele afirma que divide as tarefas com o filhos tranquilamente. Na sua rotina se inclui, levar e buscar os filhos na escola, passeios e momentos de lazer. O pai solo teve que adaptar alguns trabalhos para fazê-los em casa e chegou muitas vezes a recusar propostas de trabalho para não interferir na vida em família.

“A rotina é cada dia um aprendizado, uma adaptação. É um dia de cada vez. Minha vida hoje é toda adaptada e sincronizada às atividades deles”.

Júnior declara que não vê como um peso ou tristeza, e sim, um aprendizado. A convivência e criação dos filhos o fez crescer e aprender bastante. “Pra mim foi algo natural do processo de escolha de estar com eles. Então eu já sabia que teria de abrir mãos de muitas coisas na minha vida pessoal, acadêmica, profissional”.

“Eu me sinto feliz de estar contribuindo com a criação e formação deles. Quando alguém me dá os parabéns por isso, eu fico sem saber como reagir, por que de fato eu estou fazendo a minha obrigação de pai. Não é um favor”.

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Érika Soares