NOSTALGIA: Relembre os grandes blocos que deixaram saudade no Folia de Rua

O Folia de Rua é uma tradição do carnaval paraibano. Blocos históricos como Muriçocas, Virgens e Cafuçu, arrastam milhares de pessoas todos os anos.

A associação que foi fundada oficialmente em 1994, engloba as agremiações em uma programação com mais de 40 blocos, que desfilam por toda a capital.

Enquanto a maioria dos blocos continua na ativa, algumas agremiações que fizeram história, pararam de participar do pré-carnaval, deixando os foliões órfãos daquela alegria.

Nessa matéria, nós iremos relembrar alguns desses blocos, suas histórias e os motivos pelos quais, eles deixaram de existir.

Picolé de Manga: Idealizado pelos irmãos Lucélio e Luciano Cartaxo, o bloco surgiu no ano de 1993 através de uma brincadeira no domingo anterior a saída das Muriçocas do Miramar, quando um grupo de amigos resolveu organizar um pequeno “cordão” para brincar na quarta-feira de fogo.

Para comodidade e economia, resolveram contratar um carrinho de picolé, abastecido com cervejas e refrigerantes. Ao final da festa, estaria batizado um dos mais tradicionais blocos do Folia de Rua, o Picolé de Manga.

Tradicionalmente o bloco era um dos que abriam o Folia de Rua, desfilando pelas ruas do Centro Histórico. Atrações nacionais abrilhantaram alguns dos carnavais, se destacando Elba Ramalho, Alceu Valença, Margareth Menezes e Daniela Mercury.

Outra tradição era a degustação de um picolé de manga gigante, que foi considerado o maior picolé do Brasil, pesando mais de 300kg e com quase 3 metros de comprimento.

No carnaval de 2014, os idealizadores decidiram deixar o Centro Histórico, e ir para a Via Folia, tendo como principal atração a banda Aviões do Forró, no ano seguinte, o saudoso Gabriel Diniz, foi o encarregado pelo desfile.

Mas após 23 anos na ativa, o bloco decidiu encerrar todas as suas atividades em 2016, citando como principal causa a crise financeira enfrentada pelo país na época, deixando órfãos uma legião de foliões e principalmente os moradores do Cordão Encarnado, que tinham no Picolé de Manga, um símbolo da comunidade.

Morcegos: Um dos blocos mais tradicionais da capital, o Morcegos foi idealizado pela família Peixoto na década de 60. A história da agremiação, remete a um grupo de amigos que tocavam em uma banda chamada Paraiban-Beatles, que enquanto ensaiavam em Formosa, na cidade de Cabedelo, assustavam os morcegos que faziam morada no forro da residência da família Peixoto. E com isso surgiu o nome do bloco que foi um dos carros-chefes do nosso carnaval, por quase 40 anos.

Em contato com Geilton Dantas, um dos organizadores, o final do Morcegos se deu a brigas com representantes de outras agremiações, ” No ano de 2000, nós tivemos a ideia de trazer uma banda de fora e criar um cordão de isolamento, o que causou ciumeira entre representantes de outros blocos, que afirmavam que os Morcegos estavam organizando um carnaval particular, o que não era em nenhum momento, a nossa intenção”.

” Hoje em dia nós vemos blocos fazendo exatamente o que pensávamos, e ninguém reclama, muito pelo contrário, conseguem angariar recursos com patrocinadores, coisa que não tínhamos a época”.

Dantas acredita que é muito difícil, que o Morcegos volte a desfilar, ” Éramos um dos blocos pioneiros aqui em João Pessoa, fomos os primeiros a puxar um desfile com trio elétrico, mas quando quisemos inovar, fomos criticados. Já se passaram quase 30 anos do fim do bloco e sem apoio, fica muito difícil para uma possível volta dos Morcegos”.

Baratas dos Bancários: Um dos mais tradicionais blocos da zona sul da capital, as Baratas foram criadas em 1994, e abrilhantavam as ruas dos Bancários, em um circuito que ia da rua Rosa Lima dos Santos, em frente à Granja Santana, passando por todo o bairro, com destino à avenida Sérgio Guerra.

O bloco acabou em 2015, quando o Presidente Josias Pães em postagem nas redes sociais, afirmou que o então representante do Folia de Rua, Antônio Toledo, não iria disponibilizar os recursos necessários para a realização do bloco.

Josias também afirmava que esses recursos estavam sendo mal distribuídos, com algumas agremiações tendo atrações nacionais, enquanto outras, eram colocadas de lado.

A Moringa dos Bancários: Outro bloco tradicional do bairro dos Bancários, era o A Moringa. Idealizado em 1999, pelo ex-Vereador Geraldo Amorim, a agremiação desfilava no primeiro sábado do Folia de Rua, originalmente em um percurso que começava na Rosa Lima dos Santos, mas que nos últimos anos, tinha sido realocado para a Praça da Paz.

O último desfile foi também no ano de 2015, tendo a banda Bora Bora como atração. Nas nossas pesquisas não existe um comunicado oficial para o fim do bloco, que era um dos marcos do pré-carnaval na zona sul pessoense.

25 Bichos: O Clube de Orquestra 25 Bichos era um dos mais populares e antigos grupos do Folia de Rua. Fundado em 1946, no bairro de Jaguaribe, sua fundação se deu pela iniciativa do sargento do exército Aprígio de Almeida e de um grupo de amigos. Surgiu inicialmente como “Bloco de Máscaras, a Bicharada”.

O nome do bloco faz alusão ao Jogo do Bicho criado pelo barão João Batista Viana Drummond, fundador e proprietário do Jardim Zoológico do Rio de Janeiro, em Vila Isabel. Um carro alegórico com uma enorme roleta com os bichos desenhados era um dos destaques do bloco.

O bloco vinha desfilando normalmente até a pandemia, mas não retornou em 2023, e como a programação oficial deste ano, ainda não foi disponibilizada, não sabemos se existe chance de retorno nas festas deste ano.

Dindin de Manga: O Bloco teve início quando um grupo de pais que desfilavam no Picolé de Manga, pediu aos responsáveis pela agremiação para que criassem uma versão infantil da festa, pois assim teriam para onde levar seus filhos para brincar no Carnaval.

Idealizado em 2005, o Dindin trazia atrações infantis, além da presença do tradicional boneco gigante do Dindin de Manga, que era o símbolo do bloco.

O fim do bloco se deu em função, do encerramento das atividades do Picolé de Manga, um pouco antes da abertura do carnaval de 2016.

Fonte: Vitor Azevêdo
Créditos: Polêmica Paraíba