ENGENHO VACA BRAVA

NA ROTA DA CANA: Engenho da Matuta tem 200 anos de história e coleciona prêmios por excelência

“Tomar uma para abrir o apetite”! Uma dose antes do banho frio ajuda numa gripe mal curada, na labuta do dia a dia, ou, ainda, em doses sempre acompanhadas de um bom papo! Pura, com limão, bem gelada, acompanhada de uma bela salada de frutas ou simplesmente sem qualquer acompanhamento. O certo é que “A cachaça é uma bebida alcoólica muito apreciada no Brasil, tendo como base principal a cana-de-açúcar. Atualmente, no entanto, existem diferentes variantes da cachaça e com diferentes sabores”. Ao natural ou bem gelada, a verdade é que sempre haverá uma boa ocasião para se apreciar uma boa cachaça.


A Dornas Havana produz dornas e barris de variados tamanhos, dentro da capacidade de 1 a 60.000 litros.




 

Mas afinal, onde encontrar uma boa cachaça que possa esquentar o frio pelos caminhos que nos levarão a lugares aprazíveis ou mesmo para nos acompanhar na luta do dia a dia? Esses caminhos existem e iremos, a partir de agora, encontra-los juntos! Até o próximo dia 13 de setembro – dia escolhido em homenagem a data em que a cachaça passou a ser oficialmente liberada para fabricação e venda no Brasil, em 13 de setembro de 1661 – o Polêmica Paraíba irá publicar uma série de matérias sobre o tema (cachaça), destacando, principalmente, as melhores cachaças do Brasil, onde algumas das quais são fabricadas aqui na Paraíba! A nossa viagem começa, agora, pela premiada cachaça Matuta e nos levará até a cidade paraibana de Areia, mais precisamente ao engenho Vaca Brava!

A partir de agora você estará conosco na Rota da Cana!
A criação do Dia Nacional da Cachaça foi uma iniciativa do Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac), instituída em junho de 2009. Para que se entenda melhor a data histórica do 13 de setembro de 1661 e como foi oficialmente liberada para fabricação e venda aqui no Brasil, é necessário saber que, no entanto, “essa legalização só foi possível após uma revolta popular contra as imposições da Coroa portuguesa, conhecida como (Revolta da Cachaça), ocorrida no Rio de Janeiro. Até então, a Coroa portuguesa impedia a produção da cachaça no país, pois o seu objetivo era substituir esta bebida pela bagaceira, uma aguardente típica de Portugal”. Portanto, dadas as devidas explicações, vamos dar um passeio por um dos maiores produtores de cachaça no estado, o engenho Vaca Brava, localizado na cidade de Areia e que a mais de 200 anos realiza a fabricação de cachaças especiais para atender aos gostos mais apurados dos especialistas em aguardente, e de um em especial, o consumidor! Vamos conhecer a cachaça Matuta!
Para conhecer melhor a marca, fomos conversar com a sócia diretora da Cachaça Matuta, Germana Leal Freire, que fala com entusiasmo da consolidação da marca e das premiações. “A Matuta por dois anos consecutivos é premiada no maior concurso do seguimento do país, a Expocachaça em Minas Gerais. Esse ano de 2019, recebemos medalha de Ouro numa nova marca que a empresa lançou, um blend de madeiras brasileiras que já nasce premiada. A Matuta traz consigo uma história de família, o diretor-presidente, Aurélio Júnior, nasceu no setor vendo o seu pai fazer cachaça e traz uma receita de família, um “modo de fazer” de forma artesanal que foi passado pelas gerações da família e, além disso, conta com um tino empreendedor que também foi repassado de pai pra filho”, justifica.

Tradição e tecnologia na receita de família
Curioso em saber como aliar tradição e tecnologia de ponta, resolvi provocar. No que podemos observar o engenho Vaca Brava mantém um pé na tradição (existe a mais de 200 anos) e outro na tecnologia de ponta. Como isso acontece sem comprometer a tradição e a qualidade? Para isso a D. Germana tem uma resposta um pouco mais detalhada.
“A tradição no modo de fazer permanece como sempre, no cuidado que vai do início do processo, que é a moagem de cana, sempre cana crua, cortada e moída dentro de um prazo de 24 horas do corte até a moagem, garante uma matéria prima sempre fresca e de excelente qualidade. A fermentação, um processo de altíssima importância na qualidade do produto final, preserva a forma artesanal, com fermentação natural. A destilação, feita exclusivamente em alambiques de cobre martelado, arremata o processo”. E prossegue acrescentando que a tradição na receita de família, aliado a tecnologia hoje disponível, vem a proporcionar a manutenção da qualidade de um produto feito como antigamente. “Maquinários mais modernos, a exemplo das moendas com a maior tecnologia disponível, onde se extrai o caldo de cana com maior eficiência e aumento de produtividade. Filtros modernos utilizados na filtragem e maquinários mais eficazes pra controle de temperatura durante o processo de destilação. No setor do engarrafamento, contamos com maquinários similares as das maiores empresas de bebidas do país”! E vai além. “Desde 2018 estamos implementando uma das maiores adegas de envelhecimento de cachaça do país, com tonéis de madeiras não só brasileira, mas também internacionais, a exemplo do carvalho francês e carvalho americano. Sem falar na tecnologia em reciclagem e filtragem de água, onde investimos para o reaproveitamento da água utilizada pela empresa como um todo. Em 2019 foi concluída a usina de energia fotovoltaica que irá abastecer a empresa, tornando-a auto suficiente na geração de energia, e tornando-se uma empresa atenta a questões de preservação ambiental”.

A cachaça ocupando o seu lugar de destaque
E como nasceu a Matuta? Na verdade, de acordo com Germana Leal, a marca está há 16 anos no mercado e sempre esteve atenta a inovação sem jamais esquecer suas raízes, procurando sempre as inovações pra se tornar cada vez mais competente no fazer cachaça. “Aurélio Leal, pai de Aurélio Júnior, sempre fabricou cachaça, porém nunca chegou a engarrafar. Aurélio Júnior, em 2003, resolve engarrafar a famosa cachaça produzida por seu pai e assim nasce a Matuta. O nome da marca é uma homenagem aos antigos comerciantes de cachaça do engenho de Sr. Aurélio (os tropeiros) que vinham de longe comprar a famosa cachaça. Eles eram conhecidos como “matutos”. Atualmente a Matuta é comercializada em todo o Nordeste e está iniciando um trabalho em São Paulo e Rio de Janeiro. Também está em implementação a exportação para a China e Estados Unidos”. Acrescentou ao ser indagada sobre a possibilidade de se fabricar para exportação.
Comercializada em bares, restaurantes, lojas especializadas, supermercados e grandes redes nacionais, o engenho Vaca Brava gera 60 empregos diretos e na época de safra, em torno de 80 pessoas além de mais de 300 empregos indiretos!
Sobre essa condição de ocupação do seu devido espaço e indagada se esse é um mercado em ascensão dentro e fora do Brasil e se, nesse tocante, o produtor precisa ser competitivo, D. Germana nos afirma que “o mercado vem crescendo nos últimos tempos e hoje a cachaça ocupa um lugar de destaque nos melhores bares e restaurantes do país. Como qualquer seguimento, a indústria de cachaça necessita de investimento, capacitação e muita dedicação”. Ela concorda que o mercado atualmente está muito concorrido, muitas empresas e concorrência ainda desleais com comércio clandestino e que como em todo e qualquer negócio, é fundamental estar atento a tecnologia, inovações”. E prossegue:

A saída para se manter no topo
“Mas em geral por todo o país, existem pessoas, empresas e entidades, que como a universidade, por exemplo, enxergaram o setor e estudos foram e são desenvolvidos todos os dias. Blends são formulados com estudos e novos sabores surgem ao destilado. Tudo isso faz com que a cachaça esteja em ascensão no nosso próprio pais”. Mesmo entendendo as explicações de que a fabricação e venda da cachaça é um mercado em expansão não custa observar que é sabido que muitos alambiques com cachaças de excelente qualidade acabaram tendo de fechar as suas portas, e ai arrisquei: Faltou investimento, tino comercial…? Reconhecer o avanço tecnológico é a saída para se manter no topo? Germana Leal não titubeou ao reconhecer que no mercado externo ainda há muito a se fazer afim de que a cachaça torne-se conhecida mundialmente. “A cachaça é mais conhecida internacionalmente na caipirinha e a Matuta sempre esteve atenta a isso, passando a investir mais em capacitação e a estar sempre em busca de novas padronagens e sabores, a exemplo do blend premiado com medalha de ouro e o investimento em uma gigantesca adega de envelhecimento”.
Agradecendo pelo papo enriquecedor e com todo o conhecimento adquirido, ao final perguntamos a nossa entrevistada sobre possíveis novidades que poderão surgir ainda este ano Germana nos conta que os próximos lançamentos serão novos blends, de variadas madeiras, e, também, nos confirma que ainda em 2019 estará lançando uma cachaça premium, sabor carvalho, onde será colocada em cada garrafa, não só um produto de excelência, como também muita dedicação e reconhecimento a quem sempre fez cachaça com muita qualidade. “Temos muito orgulho em ser uma empresa que valoriza uma bebida genuinamente brasileira, que está na mesa de todos independente de classe social e nossa missão é fazer com que ela seja conhecida mundialmente. É também com muito orgulho, colocamos em cada garrafa muita experiência e extrema dedicação de todos que fazem a empresa”. Concluiu.

Fonte: Francisco Aírton
Créditos: Francisco Aírton