Luto no jornalismo

Morre aos 92 anos, jornalista paraibano Chico Maria

Faleceu na madrugada deste domingo (13), um dos maiores ícones do jornalismo paraibano, que entre meados das décadas de 70 e começo de 80 pontificou na televisão paraibana um programa que exprimia a força do telejornalismo brasileiro – o “Confidencial”, apresentado na TV Borborema, dos extintos “Associados”, em Campina Grande, pelo jornalista Chico Maria.

Faleceu na madrugada deste domingo (13), um dos maiores ícones do jornalismo paraibano, que entre meados das décadas de 70 e começo de 80 pontificou na televisão paraibana um programa que exprimia a força do telejornalismo brasileiro – o “Confidencial”, apresentado na TV Borborema, dos extintos “Associados”, em Campina Grande, pelo jornalista Chico Maria.

Chico Maria estava internado desde a semana passada, numa UTI de um hospital em Campina Grande, onde tratava-se de problemas cardíacos. Com mais de 90 anos de vida, muitos dos quais dedicados à imprensa paraibana. Na definição do crítico Paulo Maia, em artigo no “Jornal do Brasil”, a TV Borborema, sem maiores recursos técnicos, conseguia produzir um dos mais significativos e importantes programas de entrevista – “talvez o mais” – do telejornalismo brasileiro. Duas vezes por semana, políticos e personalidades distintas do próprio cenário nacional submetiam-se a uma saraivada de perguntas, as mais contundentes, “puxadas” pelo apresentador e seguidas pelo público, que telefonava ao vivo, na hora do programa, para formular suas questões anonimamente.

Biografia – Chico Maria foi delegado de polícia da cidade e chefiou a polícia paraibana no governo Pedro Gondim. Passou a publicar crônicas e reminiscências pessoais e locais numa coluna no “Diário da Borborema”, o principal jornal de Campina Grande. Tornou-se uma revelação, porém, como entrevistador. Assim o definia Paulo Maia: “Firme, sem agredir, Chico Maria não recua ante algum entrevistado mais agressivo e não deixa o mais demagogo ficar girando em torno de meias-respostas. Formula as perguntas de maneira sóbria, mas sem vacilar, o que já é elogiável num pequeno e pobre Estado nordestino em que a grande massa da população vive à mercê de favores e do empreguinho da política oficial”. Entre meados de 80 e 90, Chico Maria atuou na TV Cabo Branco, afiliada da Globo em João Pessoa, apresentando o “Paraíba Meio Dia”, juntamente com o jornalista Nonato Guedes, mantendo o estilo polêmico e irreverente de perguntar, o que lhe valeu a consagração popular. Hoje, reside com a família no Recife, mas deixou marcos indeléveis na história da comunicação paraibana.

O cronista Gonzaga Rodrigues, em prefácio ao livro “Confidencial”, dizia que Chico não tinha meias palavras. “Pergunta ao deputado federal Plínio Lemos, o microfone aberto, o que nenhum outro inquisidor teria a desenvoltura profissional de perguntar: Por que o sr. mandou matar Félix Araújo?”. Como perguntou a Luís Carlos Prestes, acredito que único repórter do Brasil a usar estes termos: “Como o senhor apertou a mão de Getúlio (Vargas) sabendo que ele entregou sua mulher, grávida, a Hitler, para ser morta nos campos de concentração?”. Ao missionário frei Damião de Bozzano, que ganhou prestígio nos sertões nordestinos, Chico Maria indagou se ele acreditava em Deus. O capuchinho chorou no estúdio artesanal da TV Borborema em Campina Grande.

Fonte: PB Agora
Créditos: Polêmica Paraíba