opinião

Dr. José Tolim Guimarães: Um pequeno Grande homem - Por Francelino Soares

Dr. José Rolim Guimarães nos deixou em 10 de setembro de 1978.

Embora, politicamente, “jogassem em times diferentes” – Zé Guimarães era UDN, e Otacílio Jurema era PSD – os dois, descendentes de famílias tradicionais de Cajazeiras, eram, habitualmente vistos em confabulações amistosas, amigos e primos que eram.

Bem que, os seus amigos os quais, como ele, já se foram, se hoje vivos estivessem, não se intimidariam em chamá-lo afetuosamente de “baixinho’, pois sua estatura e compleição física assim o permitiam. Quanto a nós, certamente o teríamos como um pequeno grande homem.

José Rolim Guimarães ou, simplesmente, Dr. Zé Guimarães sempre foi muito respeitado e admirado não somente pelos que lhe eram mais próximos, como por aqueles que costumavam se empolgar com a sua verve comunicativa, sobretudo quando, diante de uma plateia entusiasmada, soltava o seu verbo num Tribunal do Júri. Fazia isso, quase sempre, na defesa dos mais humildes, o que o tornava como que carismático na atividade. Curiosamente, porém, o seu “discurso” mais conhecido e famoso é o que pronunciou por ocasião da recepção que Cajazeiras fez à imagem peregrina de N.S. de Fátima, nos dias 21 e 22 de novembro de 1953.  Curiosamente, ainda circula hoje um pronunciamento do Dr. Guimarães, muito embora, na ocasião festiva e religiosa, ele tenha se desprendido do texto previamente elaborado e, na empolgação, tenha improvisado um novo texto muito mais tocante e emotivo.

Sua origem familiar advém das famílias Ferreira Guimarães, do ramo paterno do pai Otílio e Rolim, da mãe Odília. O pai do nosso perfilado, por sua fez, era filho do Cel. José Ferreira da Silva Guimarães, ou Seu Cazuza, como era conhecido, natural de Bonito de Santa Fé-PB, e a mãe de Zé Guimarães, Josefa da Silva Guimarães, era filha primogênita do Cel. Sabino Gonçalves Rolim e de Maria Leopoldina Cartaxo Rolim, natural de Milagres-CE.

Do casamento de Otílio com Odília – que coincidência onomástica! – nasceram sete filhos: Dr. José Guimarães; Dr. Sabino, um dos pioneiros da oftalmotorrinolaringologia, em Cajazeiras; Maria Júlia, religiosa salesiana; Josefa, a Dona Fazinha, viúva do ex-prefeito Acácio Braga Rolim e professora querida deste colunista; Maria Odília, a Dilinha; Maria Antonieta, a Nieta, e Dr. Francisco Rolim Guimarães, o Dr. Chico, meu vizinho da Rua Victor Jurema, nos saudosos anos 60.

Do matrimônio do Dr. José Guimarães com Teresinha Esmeraldo Guimarães surgiu a prole do casal, constituída de cinco filhos:  Sônia Guimarães Lima, Francisco Irlen dos Guimarães, Marcos José Esmeraldo dos Guimarães, Maria Teresa Guimarães Ribeiro e Ana Karla Esmeraldo Guimarães.

O seu escritório advocatício situava-se na Rua Amélio Estrela D. Cartaxo, que se inicia na esquina da Rua Joaquim Bezerra e vai até o antigo Açougue Público, sendo mais comumente conhecida como Praça da Mariz. E era ali que, ao final de expediente, costumava bebericar suas doses – que ninguém é de ferro!) – no que era, quase sempre, acompanhado pelos irmãos Dr. Sabino e Dr. Chico, Dr. Quirino, Dr. Deoclécio Maniçoba e Dr. José Araruna. (Quantas causas não foram ali discutidas, sob a empolgação desses aperitivos).

A vida política e social do Dr. Zé Guimarães faz jus a um livro que será lançado, provavelmente, em agosto vindouro, quando serão tardiamente celebrados o centenário do seu nascimento (26 de fevereiro de 1919).

Admirador de uma boa leitura, desde os bancos escolares, foi na Faculdade de Ciências Jurídicas do Recife-PE, onde concluiu o curso em  8 de dezembro de 1944, que cultivou hábito de ler de Tolstoi e de Dostoiévski, mas era Rui Barbosa que, certamente, mais o inspirava nas suas “tiradas” jurídicas. Tanto é que trazia de cor os dizeres que inspiraram o causídico baiano: “Só há uma glória verdadeiramente digna, que é a glória de ser bom!”.

Dr. José Rolim Guimarães nos deixou em 10 de setembro de 1978.

Fonte: Coisas de Cajazeiras
Créditos: Coisas de Cajazeiras