Expectativas

CHUVAS X SECA: Agricultor paraibano vive entre as incertezas do tempo para uma boa colheita

“É muito satisfatório saber que o nosso trabalho renderá frutos, que o que plantamos será colhido por causa das chuvas aqui no nosso estado. A emoção é grande em saber que teremos alimento na mesa pelo resto ano”, ressaltou José Olímpio Costa, agricultor da cidade de Pombal

Os períodos de chuvas e os períodos de secas sempre foram os maiores desafios para o homem do campo em várias partes do nordeste brasileiro. O agricultor paraibano vive sua vida entre as incertezas do tempo para uma boa ou má colheita dependendo de como comece o ano.

O ano de 2021 iniciou bem, com muita chuva principalmente no sertão e é sinal de que plantando, nasce. Motivo de alegria e regozijo para os agricultores paraibanos, garantia também de que, se chove, dá. “É muito satisfatório saber que o nosso trabalho renderá frutos, que o que plantamos será colhido por causa das chuvas aqui no nosso estado. A emoção é grande em saber que teremos alimento na mesa pelo resto ano”, ressaltou José Olímpio Costa, agricultor da cidade de Pombal.

De acordo com o monitoramento da Agência Executiva de Gestão das Águas (Aesa), chegamos ao final do 4º mês do ano de 2021 com 13 açudes estão sangrando na Paraíba. No período mais chuvoso da região semiárida, o estado tem registrado boas chuvas, o que tem contribuído para recargas de muitos reservatórios. A maioria dos açudes transbordando se localiza nas regiões do Sertão e Alto Sertão do estado. São eles: Açude Bom Jesus (Carrapateira), Cachoeira dos Alves (Itaporanga), Cafundó (Serra Grande), Cochos (Igaracy), Gamela (Triunfo), Glória (Juru), Jenipapeiro (São José da Lagoa Tapada), Pimenta (São José de Caiana), São José I (São José de Piranhas), São José II (Monteiro), Manoel Marcionilo (Taperoá), Tavares II (Tavares)e Vazante (Diamante).

Além disso, o complexo Coremas – Mãe D’Água, maior reservatório do Estado, também registrou bons aportes hídricos este ano, chegando à marca de 697 milhões de metros cúbicos de água, o que representa 54,08% de sua capacidade total.

Previsões

No início do ano a previsão para o primeiro trimestre de 2021 foi de chuvas dentro da normalidade na Paraíba. Segundo a Aesa, a média histórica foi de 385 mm para o Sertão e o Alto Sertão com 480 mm, Brejo com 276 milímetros, agreste, 198 milímetros e Cariri/Curimataú, 204 milímetros. Os meteorologistas consideram como faixa de normalidade uma variação de até 25%, para mais ou para menos, nestes valores.

Conforme o prognóstico, em janeiro começou a pré-estação chuvosa no semiárido paraibano e os meses de fevereiro e março fizeram parte do período mais chuvoso do alto Sertão, Sertão, Cariri e Curimataú. O mês de abril também se destacou com muitos dias de chuvas em várias cidades do estado.

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um alerta este mês de abril sobre o potencial de chuva em 114 cidades da Paraíba. O alerta atingiu municípios do Sertão paraibano como Cajazeiras, Sousa, Marizópolis, São José de Piranhas, Santa Luzia, Patos, Uiraúna e São Mamede, e do Cariri como Monteiro, São Domingos do Cariri, Serra Branca e Cabaceiras.

Cajazeiras foi a cidade da Paraíba com mais chuvas em janeiro de 2021

Cajazeiras, no Sertão da Paraíba, liderou os índices de chuvas no estado, com 125 milímetros. O balanço foi divulgado pela Agência Executiva de Gestão das Águas (Aesa). Além de Cajazeiras, as cidades de Carrapateira (102,4 mm), Santa Helena (87,8 mm), Monte Horebe (85,3 mm) e Igaracy (84,5 mm) completam o ‘top 5’. Os números são da rede de monitoramento do Governo do Estado, que possui 244 postos pluviométricos gerenciados pela Aesa.

A meteorologista, Marle Bandeira, explica que devido à persistência do padrão de circulação dos ventos em altos níveis da atmosfera, ocorrem chuvas isoladas nas regiões do Alto Sertão e Sertão da Paraíba.

Já no mês de fevereiro passado o Inmet emitiu três alertas de chuvas intensas para 209 cidades da Paraíba. De acordo com o relatório de monitoramento do órgão, a cidade onde mais choveu foi Cajazeirinhas, na região de Sousa, com um acumulado de 182,0 milímetros. Ao todo, 37 dos 223 municípios paraibanos tiveram alguma chuva durante o período.

Além de Cajazeirinhas, quase todos os municípios que registraram as taxas mais altas ficam nas proximidades. É o caso de São José da Lagoa Tapada, com 181,4 mm; Jericó (169,1 mm); Coremas/Açude Coremas (168,4 mm) e Aparecida, na mesorregião do Sertão paraibano, com 148,8 mm. A exceção é a cidade de Salgadinho, na mesorregião da Borborema, com 180,0 mm.

Seca

No ano de 2017, o período de seca castigou o homem do campo e a Paraíba teve 40 cidades em colapso total, segundo a Cagepa. O número de cidades da Paraíba em colapso total de abastecimento devido à estiagem aumentou 60% em um ano.

Segundo dados da Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa), a quantidade subiu de 25 cidades sem água nas torneiras em 2016 para 40 em 2017. As cidades em racionamento eram 102 no ano de 2016 e subiu para 117 na época. Boa parte das cidades que esteve em colapso ou racionamento estão localizadas no Sertão ou Cariri do estado. Essas regiões e o Curimataú paraibano fazem parte do semiárido.

Estiagem

Em dados recentes, a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) afirmou que apesar das chuvas, a seca na Paraíba atingiu 100% do território no mês de abril e o estado vive o pior momento desde março de 2020.

Segundo o Monitor das Secas, os impactos do fenômeno entre os paraibanos permanecem de curto e longo prazo na porção central e de curto prazo no restante do estado. No leste da Paraíba, a área com seca moderada subiu de 58% para 62% entre fevereiro e março, devido às chuvas abaixo da média nos últimos meses, sendo que o restante do território apresentou seca fraca. Com isso, o estado tem a maior severidade do fenômeno desde março de 2020, quando 65,6% do território paraibano registrou seca moderada e o restante teve seca fraca. Os impactos do fenômeno permanecem de curto e longo prazo na porção central e de curto prazo no restante do estado.

Monitor de Secas

O Monitor realiza o acompanhamento contínuo do grau de severidade das secas no Brasil com base em indicadores do fenômeno e nos impactos causados em curto e/ou longo prazo. Os impactos de curto prazo são para déficits de precipitações recentes até seis meses. Acima desse período, os impactos são de longo prazo. Essa ferramenta vem sendo utilizada para auxiliar a execução de políticas públicas de combate à seca e pode ser acessada tanto pelo site monitordesecas.ana.gov.br quanto pelo aplicativo Monitor de Secas, disponível gratuitamente para dispositivos móveis com os sistemas Android e iOS. O Monitor de Secas é coordenado pela ANA, com o apoio da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (FUNCEME), e desenvolvido conjuntamente com diversas instituições estaduais e federais ligadas às áreas de clima e recursos hídricos, que atuam na autoria e validação dos mapas, como a Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado (Aesa), no caso da Paraíba.

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba