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CCBNBs AINDA EM RISCO: Presidente do banco garante que centros serão mantidos mas ativistas não acreditam

A possibilidade do fechamento do Centro Cultural do Banco do Nordeste – CCBNB em Sousa na Paraíba, além de Fortaleza e Juazeiro do Norte, no Ceará, tem causado grande repercussão e a mobilização de artistas, ativistas culturais e de políticos, preocupados com o destino da cultura, não só em toda a área atendida pelos centros culturais, mas na região Nordeste como um todo! Logo que a notícia começou a circular, a diretoria do BNB tentou desmentir tudo, mas os acontecimentos falaram mais alto, com demissões de funcionários, cancelamentos de espetáculos e rescisões de contratos que estavam confirmados até o final de 2019. Como poderia ser mentira? O depoimento de funcionários desesperados com a medida que pegou a todos de surpresa não falava em possibilidades de demissão. Falavam do afastamento desses e de muitos outros funcionários que estariam ligados aos CCBNBs só até o final deste mês!

Nós fomos ouvir pessoas ligadas a esses centros, como funcionários, artistas que perderam contratos já aprovados, ex-funcionários com o César Nóbrega, advogado da cidade de Sousa, ativista e defensor da manutenção do equipamento na cidade, o qual tantos artistas revelou e apoiou desde a sua fundação em 2007, (O primeiro equipamento foi inaugurado em julho de 1998, em Fortaleza, o segundo, localizado em Juazeiro do Norte e com uma atuação regional no Cariri, iniciou seu funcionamento em 04 de abril de 2006 e o terceiro, instalado na cidade de Sousa-PB em 25 de junho de 2007, atuando na região do Alto Sertão Paraibano.

César Nóbrega foi um dos primeiros a receber a informação de que o CCBNB seria construído em Sousa, isso ele ouviu do próprio Dr. Roberto Smith, então presidente do BNB, muito antes de Juazeiro. “E agora, por orientação de uma política de um governo fascista, neoliberal, o centro, a partir de agosto não se tem informação de que vá existir qualquer programação artística e nos bastidores temos toda informação do fechamento dos três centros. E nós estamos dialogando com o Cariri, Fortaleza, numa luta conjunta na defesa desse patrimônio, não só aqui de Souza, mas de todo o Nordeste”.

Para o deputado estadual Lindolfo Pires do Podemos, “a importância da manutenção do Centro Cultural do BNB em Sousa é enorme e representa uma oportunidade especial para toda a cadeia produtiva cultural do Nordeste, uma vez que a cultura é elemento de integração para o desenvolvimento”.

O secretário de Estado da Cultura da Paraíba, Damião Ramos Cavalcanti, junto ao Conselho Estadual de Cultura e todas as instituições culturais, manifestou protesto contra a ideia de esvaziar e fechar o CCBNB de Sousa-PB. “Caso isso venha a ocorrer, será um insulto à comunidade artística e a cultura paraibana”.

Diante da ameaça, um documento foi elaborado e assinado por vários ex-ministros da Cultura em diferentes governos, externando a preocupação com a desvalorização e hostilização à cultura brasileira. Em um trecho da carta, os ex-ministros reiteram a preocupação e a importância dos equipamentos na vida e na formação das pessoas. “Reafirmamos a importância da cultura em três dimensões básicas como expressão da nossa identidade e diversidade, como direito fundamental e como vetor de desenvolvimento econômico, contribuindo decisivamente para a geração de emprego e renda. Criar e usufruir cultura altera a qualidade de vida das pessoas e permite o pleno desenvolvimento humano de todos os brasileiros e brasileiras.

Assim, carece de sentido a redução de recursos de forma contínua para o setor cultural. Isso tem se dado pelo contingenciamento do Fundo Nacional de Cultura e pela demonização das redes de incentivo, notadamente a Lei Rouanet”. Assinam este documento os ex-ministros da Cultura: Marta Suplicy, Juca Ferreira, Francisco Weffort, Luiz Roberto Nascimento Silva e Marcelo Calero.

Para o deputado Jeová Campos do PSB, da Paraíba, “os centros abrigam atividades de literatura, dança, música, cultura popular, teatro e cinema durante todo o ano. O fechamento deles terá um impacto inimaginável para a região e para o fomento das artes no Nordeste”, argumentou, acrescentando que é preciso protestar.

E ao ser indagado do que pode ser feito, judicialmente falando e se tem uma forma de se mobilizar legalmente, além dos protestos e outras mobilizações? O advogado César Nóbrega, que é, também, Coordenador do comitê de energia renovável, do semiárido e coordenador do núcleo sertão da auditoria cidadã da dívida e ex-funcionário do CCBNB, disse não acreditar em justiça, no tocante ao (que se poderia fazer judicialmente para evitar o fechamento). Sobre esse questionamento ele disse “nós estamos mobilizados, não só artistas e sociedade, mas estamos dialogando bem com representações políticas, deputados estaduais da Paraíba e do Ceará, deputados federais e temos setores atuando também na área para ingressar com uma ação popular, embora particularmente, eu não acredito na justiça. A saída está na pressão, mesmo! Em o povo abraçar isso, o povo pressionar, pois esse centro é importante pra gente, é importante para a sociedade e importante para as futuras gerações”, disse.

Num chamamento a todos para que não esfriem as mobilizações, a Câmara de Vereadores de Sousa, através do seu presidente, Radamés Gênesis Marques Estrela, está convocando os vereadores a participarem de uma sessão extraordinária -audiência pública – a ser realizada a partir das 08h do próximo dia 19, para debater com autoridades competentes, a questão.

De acordo com o senador Veneziano Vital do Rego (PSB-PB), o atual presidente do BNB, Romildo Carneiro, lhe garantiu que todos os serviços e as programações desenvolvidos pela instituição estão mantidos. Os boatos sobre o fechamento dos três centros culturais partiram das redes sociais, de artistas e produtores que tiveram seus trabalhos cancelados em junho. O BNB chegou a lançar nota sobre o fechamento, mas não definiu objetivamente se iria fechar os CCBNBs.

Quanto a isso, César, também, disse não acreditar! “Esta é uma resposta que a direção do banco sempre dá. Não existe programação para o mês de agosto, funcionários demitidos e agora, o banco está sendo pressionado. A repercussão está grande”, concluiu.

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba