Cachaça

NA ROTA DA CANA: Cachaça D’dil foi a coroação de um velho sonho, iniciado pelo patriarca e concretizado pelos filhos

Na década de 20 o pecuarista da Vila água Doce, em Alagoa Grande, Joaquim Cândido da Rocha, incentivado pela esposa, Josefa Macedo da Rocha negociou com a família Ferreira o Engenho Retiro, e já no final da década de 30, o filho mais velho, Joaquim, “seu Quinca” se destaca pela capacidade de trabalho e dedicação ao novo empreendimento”.

“Entre os municípios de Belém e Pirpirituba, situa-se o Engenho Retiro que produz a cachaça D’dil. Na década de 20 o pecuarista da Vila água Doce, em Alagoa Grande, Joaquim Cândido da Rocha, incentivado pela esposa, Josefa Macedo da Rocha negociou com a família Ferreira o Engenho Retiro, e já no final da década de 30, o filho mais velho, Joaquim, “seu Quinca” se destaca pela capacidade de trabalho e dedicação ao novo empreendimento”.


A Dornas Havana produz dornas e barris de variados tamanhos, dentro da capacidade de 1 a 60.000 litros.




Com apenas esse aperitivo inicial sobre o nascimento do Retiro, vamos saber, também, um pouco do município em que é produzida a próxima cachaça. Fundado em 6 de setembro de 1957 e localizado a 123 quilômetros da capital João Pessoa e a 17 quilômetros de Guarabira, Belém é um município paraibano, que pertence à região geográfica intermediária de João Pessoa e está inserido na região metropolitana de Guarabira.  Para saber melhor, de mochila pronta, pego mais uma vez a Rota da Cana para conhecer, agora, o engenho e a sua cachaça. Vem comigo?

Tradição, técnica e tecnologia

Em minhas andanças pela rota da cana, procuro sempre cumprir a missão que me foi dada de encontrar a cada semana, uma boa cachaça para, enfim, descansar e dividir com você uma demorada e prazerosa doze. Porque, para degustar uma boa cachaça, nada melhor que uma boa conversa. Chegamos, então, ao Engenho Retiro, dos irmãos Vandilson, Vander, Vandergilson, Vandemberg e Vamberto, proprietários da marca D’dil. E foi exatamente numa dessas conversas embaixo de uma sombrosa arvore, que ficamos sabendo das muitas histórias que povoam um grande e velho engenho, de personagens e causos interessantes. Foi assim, também, que ficamos conhecendo o que levou os fabricantes de uma das melhores cachaças da Paraíba, a lhe darem um nome tão peculiar como marca registrada, D,dil!

Mas essa história irei contar daqui a mais um pouco. Para saber melhor como nasceu a marca, como é fabricada e muito mais, nós fomos conversar com um dos proprietários do Engenho Retiro, o engenheiro agrônomo, Vander de Freitas Rocha, que gentilmente e com voz mansa e pausada, nos leva a dar um passeio (pelo menos para mim) imaginário, pelos recantos mais importantes da fabricação do destilado, para nos mostrar o jeito certo de fazer a cachaça que aos poucos foi conquistando cada consumidor! Como ele próprio conta em outra entrevista, “a história da cachaça D’dil junta tradição, técnica e tecnologia”!

Apesar dessa tradição, o nome D’dil chega a soar como algo bem jovem, pelo menos em relação a todas as outras marcas de cachaça que já apresentei por aqui! Mas, ainda, nos longínquos anos 1950 e sob o comando do seu Quinca, o engenho passa a produzir cachaça com a instalação do primeiro alambique chaleira e, nos anos 1990 ocorre a troca de comando. Seu Quinca, já cansado, entrega para o filho, Vandilson de Freitas Rocha, o Dil, a administração do engenho. E é nesse momento de transição, como nos conta o nosso entrevistado, Vander, que “houve uma ação conjunta dos irmãos, Vandergilson, Vandemberg, Vamberto (também engenheiro agrônomo), Vander e Vanderlan, para a produção de uma cachaça de qualidade”.

A cachaça de Dil

Ele nos conta que “numa produção sempre artesanal, a marca surgiu a partir de uma escala bem menor do que é hoje, e como atendia as camadas mais populares e mais humildes, os consumidores sempre pediam uma cachaça nos estabelecimentos que, tinham sempre cachaças com preços mais elevados para aqueles com maior poder aquisitivo. No entanto, estes acabavam sempre dizendo ‘eu quero a de Dil’! Foi então que, ao chegar o memento de registrarmos o produto e, como o tempo era muito curto para tal, resolvemos colocar mesmo, cachaça D’dil”! Vander justifica, ainda, que diante disso, nada mais justo e mais adequado, de uma vez que o irmão Vandilson – o Dil – desde a época do pai, o acompanhou na administração do Engenho Retiro, enquanto que os outros irmãos seguiram com atividades diferentes (engenheiros, outro, advogado…). “Ele permaneceu aqui – continua – e a pouco mais de dez anos passados, deu início a produção da cachaça artesanal com dois alambiques de cobre e na proporção que a produção foi aumentando fomos chamados pelo ministério da Agricultura para dar um nome a nossa cachaça. E como já era conhecida por todos como cachaça de Dil, daí o nome”!

E foi assim, sob a administração de Vandilson, o Dil, e com a união do grupo, que a cachaça de Dil, tomou corpo e virou uma marca famosa na região. O nosso entrevistado conta, ainda, que “a produção no Engenho Retiro se dá com uma cana própria, com variedades selecionadas e adaptadas a região realizando a colheita sempre obedecendo a sua maturação deixando-a disponível para que haja um processo de fermentação tranquilo e, sobretudo, com a vantagem de se ter as leveduras adaptadas aqui na região”. Ele acrescenta que “o processo é seguido com a devida separação (cabeça, coração e calda) onde se utiliza como principal, o coração que é colocado em pipas de freijó para que se obtenha um produto de melhor qualidade”.

Entre fabricação e registro

O Engenho Retiro mantém a tradição no processo de fabricação de cachaça de alambique de forma artesanal. Após todo esse processo de produção – entre fabricação e registro de marca – em 2009 a D’dil passou a ser engarrafada e atualmente produz de 120 a 130 mil litros por safra os quais ficam armazenados em barris de freijó de oito a doze meses até envazar. A atividade canavieira do velho Engenho Retiro se fortalece atendendo as exigências dos novos tempos na linha comercial de produtos e podem ser encontradas no mercado, das tradicionais garrafas de 350 e 600ml até as sofisticadas garrafas de porcelana, além de exclusividades como as cachaças de canela e umburana. “A chegada ao mercado com ampla aprovação dos consumidores foi a coroação de um velho sonho, iniciado pelo seu Quinca e concretizado pelos seus filhos”.

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Por Francisco Airton