crime de peculato

R$ 71 MIL: MPPB pode pedir afastamento de vereadores da “farra do turismo”

A operação deflagrada teve como base denúncias anônimas e notícias divulgadas em redes sociais

O Ministério Público da Paraíba poderá pedir o afastamento dos 11 vereadores da cidade de Santa Rita, presos, ontem, na Operação Natal Luz, ao retornar de uma viagem a Gramado, no Rio Grande do Sul, onde teriam forjado a participação em um congresso e acabaram fazendo passeio turístico juntamente com familiares e um contador da Câmara Municipal. Investigações conduzidas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MPPB e a Delegacia de Repressão ao Crime Organizado atestaram que o evento não existiu e foi utilizado na “farra de diárias”, prática que de há algum tempo vem sendo apurada no legislativo santarritense.

A operação deflagrada teve como base denúncias anônimas e notícias divulgadas em redes sociais. Os vereadores presos em flagrante, inclusive o presidente da Câmara, Anésio Alves de Miranda Filho, são acusados de crime de peculato (desvio de dinheiro público em proveito próprio). Os gastos com o lazer dos vereadores e dependentes teriam totalizado cerca de R$ 71 mil, com diárias de hotéis, inscrições e passagens aéreas, apenas nessa viagem. A audiência de custódia dos implicados está prevista para hoje. Anésio Alves, em entrevista à TV Correio, negou que o conclave tenha sido forjado e prometeu a apresentação de ampla defesa.

No entanto, de acordo com o delegado Allan Murilo Terruel, as autoridades desconfiaram dos vereadores quando eles programaram o curso com uma empresa de Sergipe, embora o evento não estivesse programado para ocorrer nem em Sergipe nem na Paraíba. Os investigados foram detidos em uma “campana” armada na região de Mata Redonda, quando voltavam do aeroporto do Recife, onde desembarcaram da viagem a Gramado. Os implicados passaram a noite de ontem na carceragem da Central de Polícia, no bairro do Geisel, em João Pessoa. A recém-empossada deputada Jane Panta, que assumiu o mandato, ontem, na Assembleia Legislativa, deplorou o episódio envolvendo os licurgos da cidade que passou a representar na ALPB com a licença requerida pela deputada Paula Francinete, do PP.

O promotor Romualdo Tadeu revelou a jornalistas que o número de cursos dos parlamentares mirins de Santa Rita, com gastos excessivos de recursos públicos, já vinham chamando a atenção do Ministério Público da Paraíba. Somente durante o mês de julho deste ano, viagens para três eventos custaram R$ 160 mil em diárias para os vereadores. Para complicar ainda mais a defesa dos vereadores que foram a Gramado, a própria “palestrante” do mencionado curso de capacitação divulgou, em rede social, que teria um evento em Juazeiro do Norte, no Ceará, em datas coincidentes. O evento não se realizou como deveria, no período de 31 de outubro até 04 de novembro, com palestras diárias no auditório reservado pela empresa contratante e conteúdo definido.

 

Fonte: Os Guedes
Créditos: Os Guedes