Eleições 2020

Posição de Cícero é de expectativa quanto a alianças em segundo turno

Fontes ligadas ao ex-senador Cícero Lucena (PP), candidato que lidera pesquisas de intenção de voto na corrida à prefeitura de João Pessoa, garantem que ele ainda não cogitou cenários de aliança ou apoios que espera receber num eventual segundo turno do pleito, que ocorreria no próximo dia 29, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral. Cícero está focado em ampliar sua vantagem ainda no primeiro turno, aproveitando ao máximo os derradeiros dias que antecedem o confronto no próximo domingo. Na segunda rodada da pesquisa do Ibope Inteligência, contratada pela TV Cabo Branco e divulgada no dia 22 de outubro, Lucena apareceu numericamente à frente dos adversários com 21% das intenções de voto. A disputa pela segunda vaga, conforme a mesma pesquisa, sinalizou uma briga de foice entre três candidatos tecnicamente empatados na posição – Nilvan Ferreira (MDB), Ricardo Coutinho (PSB) e Wallber Virgolino, do Patriota.

O pelotão dos empatados em segundo lugar incluiu, ainda, o deputado federal Ruy Carneiro, do PSDB, e a ex-secretária de Educação do município, Edilma Freire, do PV, apoiada pelo prefeito Luciano Cartaxo. Na primeira sondagem do Ibope, Cícero Lucena tinha 18% das preferências. O ex-senador e ex-prefeito de João Pessoa foi o único a subir, chegando a 21% das intenções. Com isto, descolou-se um pouco do radialista Nilvan Ferreira, que estacionou nos 15% obtidos no primeiro levantamento. A margem de erro estimada pelo Ibope para a pesquisa é de quatro pontos percentuais, para cima ou para baixo, o que leva candidatos em situações numéricas distintas a arredondarem projeções para tentar anabolizar suas respectivas candidaturas. O ex-governador Ricardo Coutinho, do PSB, que tinha 12% na primeira pesquisa, caiu para 10%, mesmo percentual de menções atribuído a Wallber Virgolino.

A grande dúvida da parte de Cícero Lucena é sobre quais apoios ele pode receber num segundo turno, tendo em vista que é alvo de bombardeio de praticamente todos os demais candidatos, alguns com mais veemência, outros com pouca intensidade. No grupo dos concorrentes que o atacam menos, Lucena é associado ao governo do presidente Jair Bolsonaro, que sofre críticas pela sua atuação errática no combate à pandemia do coronavírus e por atitudes pessoais politicamente incorretas. Surpreendeu a analistas políticos, por exemplo, a postura agressiva adotada pelo deputado Ruy Carneiro contra Cícero. Candidato pelo PSDB, Ruy foi apoiado por Cícero há 16 anos quando disputou a prefeitura da Capital e perdeu para Ricardo Coutinho. Ele havia sido chefe da Casa Civil da gestão de Lucena, onde levou à frente projetos sociais de repercussão na comunidade, mas não gerou empatia para se eleger à sucessão de Lucena, que exercera dois mandatos.

Na eleição deste ano, com Cícero fora do ninho tucano, Ruy mistura propostas “inovadoras” e “assistencialistas” com ataques frontais a dois ex-prefeitos – Ricardo Coutinho e Cícero Lucena. Insinua que já tiveram oportunidade de fazer – e teriam feito pouco, do ponto de vista de contribuir para a solução de desafios estruturais. Ao mesmo tempo, nivela Cícero e Ricardo em denúncias de envolvimento em escândalos ou alegados casos de corrupção administrativa – remontando o primeiro à Operação Confraria e o segundo à recentíssima Operação Calvário. No que lhe diz respeito, Cícero já respondeu que foi inocentado por órgãos de controle de despesas públicas. Ruy, porém, não lhe dá trégua e associa o ex-companheiro ao governo de João Azevêdo (Cidadania), insinuando supostas ligações deste com o esquema de Ricardo Coutinho, em cuja administração atuou. Lucena tem preferido não polemizar com Ruy, concentrando-se na defesa de propostas como tática para conquistar votos.

É evidente que no campo das alianças está inteiramente descartada alguma aproximação de Cícero com Ruy Carneiro, Ricardo Coutinho, Anísio Maia, Wallber Virgolino e Edilma Freire. O foco do discurso cicerista, além da alusão à sua experiência e a feitos que empreendeu em duas gestões, abrange a crítica sistemática às administrações de Luciano Cartaxo, que, a seu ver, não teve visão mais profunda acerca da problemática pessoense e das soluções que poderiam ter sido encaminhadas para demandas cruciais. Cícero pode sair isolado para um segundo turno, possivelmente contra Nilvan Ferreira? É uma hipótese. Mas, também, pode causar no segundo turno atraindo apoios nunca antes imaginados. Política continua sendo uma atividade dinâmica. E, para todos os efeitos, na costura da rede de apoios num segundo turno, o ex-prefeito Cícero Lucena contará com o reforço da colaboração do governador João Azevêdo e do seu esquema político, o que poderá ser decisivo na hora da onça beber água, como se diz no jargão popular.

Fonte: Os Guedes
Créditos: Os Guedes