Eleição da máquina

Pleito para prefeito coincidirá com 20 anos da “eleição da máquina”

O pleito para prefeitos, vice-prefeitos e vereadores a ser realizado no próximo ano, já que a proposta de prorrogação de mandatos não tem aprovação garantida no Congresso Nacional, vai coincidir com os 20 anos da “Eleição da Máquina”, como a denominou o jornalista Ademilson José em livro sobre os primeiros prefeitos paraibanos do novo Milênio. Ele contou que apesar das disputas, da insegurança, das vitórias e derrotas, a urna eletrônica acabou se transformando realmente na grande estrela das eleições de 200. “Em alguns períodos, falou-se muito mais dela do que dos próprios fatos políticos da campanha. Mas, a bem da verdade, nem foi sua mera presença que causou esse fenômeno. Foi a sua presença, desta vez, em 100% do Estado”, narrou o jornalista.

O pleito de 2000 foi o primeiro em que a Justiça paraibana pôde adotar a urna eletrônica em todos os locais de votação. A inovação trouxe, de fato, a agilização do processo, da votação à apuração. Foram 6.636 urnas eletrônicas instaladas em 1.811 seções, entre elas, 2.192 remanescentes dos dois últimos pleitos, de 1966 e 1998, em João Pessoa e em algumas das principais cidades, como Campina Grande, Patos, Santa Rita e Bayeux. O Tribunal Regional Eleitoral disponibilizou 40 mil pessoas para trabalhar nas eleições, incluindo 35 mil mesários, 300 técnicos e 608 pessoas atuando nas Juntas Apuradoras. Outros 700 servidores dos Correios e Telégrafos estiveram à disposição da Justiça Eleitoral e fizeram a entrega do recolhimento das urnas eletrônicas, e posterior recolhimento, em cada seção eleitoral.

Uma campanha de divulgação antecedeu o pleito e foi ao ar durante mais de dois meses em veículos de comunicação, orientando o eleitor para se adaptar à mudança do voto que implicava em trocar a urna de pano pela urna eletrônica. A rapidez foi demonstrada de forma inequívoca: por volta da meia noite do mesmo dia da eleição, com a votação tendo se encerrado às 17h, até mesmo nas Capitais, a população já estava diante dos resultados finais e oficiais – lembra Ademilson José. As autoridades judiciárias asseguravam que com a urna eletrônica a fraude seria impossível. Mesmo assim, registraram-se problemas, de pouca monta, contornados em tempo hábil. As eleições de 2000 assinalaram a reeleição do prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, e do prefeito de Campina Grande, Cássio Cunha Lima, ambos do PSDB. Foram eleitos-reeleitos 223 prefeitos na Paraíba.

O pleito de 2000 foi regido, também, pela Lei de Responsabilidade Fiscal, cuja regulamentação fora aprovada no Congresso Nacional, impondo limites e controles aos gastos públicos. O então presidente da seccional paraibana da Ordem dos Advogados do Brasil, Afrânio Melo, chegou a comentar: “Eu tenho até pena dos prefeitos e, sobretudo, dos novos gestores que vão ter que administrar seus municípios sob o risco de serem pegos pela Lei de Responsabilidade Fiscal”. O então presidente da Federação dos Municípios da Paraíba, Famup, Manoel Júnior, que era prefeito de Pedras de Fogo, aludia, porém, que a LRF era salutar e sempre fora uma bandeira do municipalismo. A Federação, no dizer de Júnior, preocupou-se em realizar discussões e encontros para tirar todas as dúvidas acerca da inovação. Entre críticas e apreensões, a urna eletrônica e a LRF vieram para ficar.

Fonte: Os Guedes
Créditos: Os Guedes