declaração

Maílson chama de “lorota” pregação bolsonarista sobre ameaça comunista

O economista paraibano Maílson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda e sócio da “Tendências Consultoria” em São Paulo, qualificou de “lorota” a pregação do presidente Jair Bolsonaro (PL) e dos apoiadores de sua candidatura à presidência da República quanto à ameaça de implantação de um regime comunista no país em caso de vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Só os incautos caem nessa lorota”, preveniu Maílson, citando a seguinte frase de Bolsonaro: “Peço a Deus que os brasileiros não experimentem as dores do comunismo”. O economista, em seu blog na revista “Veja”, diz que o retorno de Lula à corrida presidencial, por ora com chances de vitória, reacendeu velhos mitos sobre ameaças às liberdades individuais e estatização total do país.

Ele se referiu à cantilena de que o Brasil, sob uma terceira gestão de Lula, passaria a viver os tempos da revolução bolchevista de 1917, da qual nasceram a União Soviética e o regime comunista na Rússia. Acrescenta que o comunismo prometia abundância, mas eliminou o mercado livre e aboliu a propriedade privada, tornando aquele objetivo uma mera utopia. “Os preços eram fixados pelo governo e não pela lei da oferta e da procura. Perdia-se a referência do sistema de preços como gerador de decisões e inexistiam incentivos à inovação, que é a fonte básica de ganhos de produtividade e, assim, de expansão da economia, do emprego, da renda e do bem-estar nas sociedades capitalistas”.

De acordo com Maílson da Nóbrega, que foi ministro no período do governo José Sarney, o regime comunista, para se sustentar, tornou-se opressivo. “São muitas as razões, portanto, que explicam o fracasso do comunismo, que hoje sobrevive como tal em apenas dois países pobres, Cuba e Coreia do Norte”. Para o economista, pessoas bem-educadas se deixam influenciar pela lenda da ameaça comunista, ignorando que a sociedade brasileira é majoritariamente conservadora e jamais abdicaria da liberdade de falar, de ir e vir, e de decidir seu próprio futuro. Além do mais, uma imprensa vigilante seria um contraponto à ameaça. “O comunismo requereria alterar a Constituição, o que depende do apoio de 60% dos votos de cada uma das Casas do Congresso – com o objetivo de eliminar a liberdade de expressão e outros direitos e garantias iluministas. A esquerda nunca passou de 30% da Câmara e do Senado. Somente os mal informados podem temer essa mudança, mas os mal-intencionados teimam em divulgá-la”, concluiu Maílson.

Fonte: OS GUEDES
Créditos: Polêmica paraíba