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Bolsonaro ameaça acionar Forças Armadas contra medidas de governadores

Bolsonaro qualificou como “covardia” a adoção do toque de recolher num momento de grave crise econômica e social decorrente da crise sanitária, quando as pessoas precisam trabalhar para conseguir fonte de renda e sobreviver

O presidente Jair Bolsonaro ameaçou acionar as Forças Armadas contra medidas de restrição estabelecidas por governadores para combater a pandemia da covid-19, durante entrevista concedida à TV A Crítica, no Amazonas. Ele voltou a criticar a política do lockdown, “do toque de recolher, do ‘fique em casa’, dizendo que é um absurdo. “Se tivermos problemas, nós temos um plano de entrar em campo. Eu sou o chefe supremo das Forças Armadas. O nosso Exército, as nossas Forças Armadas, se precisar, nós iremos para as ruas. Mas não para manter o povo dentro de casa e, sim, para restabelecer todo o artigo quinto da Constituição. Se eu decretar isso, vai ser cumprido esse decreto. Então, as nossas Forças Armadas podem ir para a rua um dia, sim, dentro das quatro linhas da Constituição para fazer cumprir o direito de ir e vir”.

Bolsonaro qualificou como “covardia” a adoção do toque de recolher num momento de grave crise econômica e social decorrente da crise sanitária, quando as pessoas precisam trabalhar para conseguir fonte de renda e sobreviver. Além do direito ao trabalho, ele falou da necessidade de ser respeitada a liberdade religiosa, de culto. “Lamentavelmente, medidas que estão asseguradas na Constituição estão sendo descumpridas por parte de alguns governadores e alguns poucos prefeitos”, revelou. O artigo quinto da Constituição Brasileira, citado por Bolsonaro na entrevista, diz que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”.

O presidente tem feito críticas constantes às medidas restritivas e aos governadores, que, pro sua vez, aumentaram a pressão sobre o presidente diante da ineficiência do governo federal no combate à pandemia. Em março, por exemplo, ele criticou o toque de recolher decretado pelo governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), para conter a transmissão do coronavírus. Na entrevista, o presidente voltou a criticar o que considera um poder excessivo que “lamentavelmente o Supremo Tribunal Federal delegou”. Para Bolsonaro, qualquer decreto de governador e prefeito “leva um transtorno à sociedade”. E prosseguiu: “Agora, o que acontece? Eu não posso extrapolar, e isso alguns querem que a gente extrapole. Eu estou junto com meus 23 ministros, você pega da Damares ao Braga Netto, todos, 23, praticamente conversados sobre isso aí, o que fazer se um caos generalizado se instalar no Brasil pela fome, pela maneira covarde como alguns querem impor essas medidas”.

Para Bolsonaro, com a vacinação caminhando logo se chegará à imunização de rebanho e o Brasil poderá tirar a máscara, afirmando que quem diz que a proteção facial não incomoda é mentiroso. Durante a entrevista, Bolsonaro também reconheceu a importância da reforma tributária, mas destacou que se deve buscar um projeto que seja aprovado pelo Congresso. Ele disse que tem conversado com o ministro da Economia, Paulo Guedes, insistindo nesse ponto, que não deve ser o que o ministro quer, mas o que possa ser aprovado pelos parlamentares. Mas, até agora, mesmo o ministro Paulo Guedes só apresentou ao Congresso Nacional parte do que seria a sua proposta de reforma tributária. O tema está sendo discutido em uma comissão mista de deputados e senadores.

Fonte: Os Guedes
Créditos: Os Guedes