Um ano para a eleição, a hora da decisão para a situação e oposição - Por Gildo Araújo

Estamos a um ano das eleições e, pelo que se tem acompanhado, já houve tempo suficiente para uma análise mais profunda em relação às estratégias políticas dos partidos, onde todos, sem exceção, já formataram o cenário para o próximo ano, incluindo aí os apoios que deverão dar ou não, desde Brasília até o nosso estado, a Paraíba.

Com um diagnóstico interno e externo diante das movimentações partidárias, já dá para observar, por exemplo, que as oposições na Paraíba trabalham com a possibilidade de se ter três candidaturas ao governo: Efraim Filho (União), defendendo a direita; Pedro Cunha Lima (PSD), de centro; e Cícero Lucena (sem partido), mais voltado para o centro.

Isso significa dizer que, num provável segundo turno, os perdedores deverão fazer um acordo com o vencedor e se alinharem com o objetivo de derrotar, provavelmente, o candidato da situação — que, a preço de hoje, é Lucas Ribeiro (PP).

Dentro desse cenário turbulento e cheio de nuances, não resta outra saída para os governistas a não ser uma tomada de posição e decidir quem fica com quem nesse xadrez. O que não é mais cabível é o imbróglio político que estamos assistindo, onde o que vale é a sobrevivência política e não a coerência partidária ou a defesa da continuidade de um projeto que vem dando certo para a Paraíba.

O tempo está ficando muito exíguo, e a ala governista precisa de definições para proporcionar uma organizada na “casa” e já trabalhar de fato a eleição de 2026. O que não pode acontecer é assistir “peças” desse xadrez se movimentando de forma conspiratória, ou seja, dizendo que é do governo apenas paras manter os cargos até abril e depois debandar.

É preciso que o grupo situacionista aja enquanto é tempo, já que está tudo muito confuso. Uma hora chega uma liderança política e diz, por exemplo: “Estou com Nabor Wanderley e Cícero Lucena, mas não voto em Lucas”, como aconteceu no último sábado em uma reunião do presidente da Câmara Federal, Hugo Motta (Republicanos), com os vereadores de seu partido na capital.

Da mesma forma, em um encontro com os deputados neste domingo, os parlamentares, de forma uníssona, declararam voto em Nabor Wanderley, mas quanto a João Azevedo para o Senado e Lucas Ribeiro ao governo, deixaram transparecer que só apoiam se tiverem mais espaço dentro da gestão.

Para quem não sacou ainda a jogada, essa é mais uma estratégia usada pelo grupo oposicionista. E se os governistas não abrirem os olhos e não mostrarem o poder que têm o mais rápido possível, poderão ficar “a ver navios” e assistir a muitas baixas sem perceber que estão sendo traídos. Aliás, essa “sangria” já vem acontecendo paulatinamente, parecendo que estão tentando, a todo custo, “minar” as candidaturas governistas.

Será que tantas “cabeças pensantes” da composição governamental ainda não perceberam esse drible político que estão tentando colocar em prática, inclusive, com a conivência de alguns que estão dentro da própria gestão estadual? Está tudo muito nítido: querem desmoronar o poder antes mesmo de começar a batalha.

Não adianta só fazer gestão; é preciso que o governo acorde e reaja, concentrando-se também em fazer política propriamente dita.

As oposições, que só têm o senador Veneziano Vital de Rêgo como nome de esquerda, estão tentando até atrair o presidente Lula para seu palanque. E, para isso, já realizaram reuniões com a presidente do PT na Paraíba. Mas quem conhece um pouco de política compreende que o “pano de fundo” disso tudo é levar a possível candidatura do bolsonarista Efraim Filho (União) ao segundo turno.

A maioria dos oposicionistas diz, em alto e bom som, que o legítimo representante das oposições na Paraíba é o senador Efraim Filho. Inclusive, recentemente o próprio prefeito de Campina Grande, Bruno Cunha Lima, declarou que seu compromisso é com Efraim Filho, Pedro Cunha Lima e Veneziano Vital, dando uma demonstração inequívoca de que o verdadeiro palanque do presidente Lula na Paraíba deve ser o do governador João Azevedo, que já declarou seu voto e apoio à reeleição do presidente, assim como o vice-governador Lucas Ribeiro, o prefeito de Patos e pré-candidato ao Senado Nabor Wanderley, e o presidente da Assembleia Legislativa, Adriano Galdino, que também já confirmaram apoio a Lula.

Essas tratativas de ser benevolente demais poderão prejudicar as negociações finais. Um exemplo claro dessa desarrumação foi revelado recentemente pelo jornalista e analista político Gutemberg Cardoso, ao divulgar que o deputado Gervásio Maia ainda permanece como presidente do PSB na Paraíba, mesmo depois de uma grande festa para receber o governador João Azevedo como novo presidente da sigla no estado.

Está mais do que na hora de uma participação mais efetiva do exímio articulador político, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP), para “tomar a frente” e resolver logo as questões ainda persistentes, ou como diz lá no meu interior: “vão entregar o ouro ao bandido” (em sentido figurado, ao adversário político).

Esse negócio de deixar para o próximo ano é balela. Quem está no governo e está “em cima do muro” já se prepara para dar uma carreira. Os governistas precisam resolver de imediato tudo isso, inclusive com o deputado Adriano Galdino, para dar um alívio e tocar o “barco” em outras ações.

Segundo o próprio vice-governador Lucas Ribeiro, em conversa com este jornalista, as tratativas com o presidente Adriano Galdino estão bastante avançadas, o que já é uma boa notícia.

Embora seja necessário que os governistas ajam rápido, pois já estamos chegando ao final do ano e o que se vê são as oposições se movimentando (e muito!). Uma hora é Veneziano com Cícero em Brasília, outra é Pedro Cunha Lima concedendo entrevistas com críticas pesadas ao governo, e, do outro lado, Efraim Filho visitando municípios em busca de mais apoios.

Enquanto isso, os governistas estão apenas focados em fazer entregas, o que é importante, mas não suficiente. É preciso que os “cabeças”, leia-se João Azevedo, Hugo Motta e Aguinaldo Ribeiro, estejam atentos às movimentações e mais presentes, articulando apoios à chapa governista.

Se acharem que articulação por telefone de Brasília com prefeitos e lideranças resolverá tudo, estão completamente enganados. Os oposicionistas estão embalados fazendo o corpo a corpo.

A verdade é que só Lucas Ribeiro, João Azevedo e Nabor Wanderley estão realmente fazendo visitas “in loco”, seja aos municípios, seja às lideranças que vão até João Pessoa.

Se não tomarem as “rédeas” da situação, daqui a um ano poderão estar lamentando, embora não seja por falta de aviso. É preciso que secretários e outros agentes políticos saiam de seus gabinetes e vão às ruas defender suas bandeiras.

Por fim, vemos que o governo tem tudo para vencer as eleições, pois está no comando do poder, mas precisa de posições mais firmes, já que enfrenta uma oposição que não dorme e ainda sonha acordada em “tomar” o Palácio da Redenção.

Como diz o filósofo iluminista suíço Jean-Jacques Rousseau: “O homem não foi feito para meditar, mas para agir”.

Quem viver, verá!

Fonte: Gildo Araújo
Créditos: Polêmica Paraíba