Opinião

Tem Espaço na “Cabeça de Chapa” das Oposições para Cícero Lucena? - Por Gildo Araújo

Todos sabemos da enorme desenvoltura política do prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (PP), considerando os diversos cargos

Tem Espaço na “Cabeça de Chapa” das Oposições para Cícero Lucena? - Por Gildo Araújo

Todos sabemos da enorme desenvoltura política do prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (PP), considerando os diversos cargos já ocupados ao longo de sua trajetória. Ele chegou ao píncaro do staff político da Paraíba em 1994, quando se tornou governador do Estado. Além disso, já foi senador da República, ministro e prefeito da capital paraibana por quatro mandatos.

Entretanto, a política é cheia de nuances e, a depender das movimentações de seus protagonistas, pode tomar outras direções. O exemplo mais recente é a ânsia de Cícero Lucena em ser candidato a governador da Paraíba, estimulada pelas últimas pesquisas que o colocam na liderança.

Nesse contexto, o prefeito pressiona seu grupo político ao mesmo tempo em que busca diálogo com lideranças oposicionistas na tentativa de garantir apoio para as eleições do próximo ano.

Contudo, nem tudo são flores. Cada grupo defende seus próprios interesses, e é nesse ponto que Cícero pode começar a enfrentar resistências ao seu nome para encabeçar uma chapa. Na situação, o nome de Lucas Ribeiro já é tratado como uma questão sine qua non, dada a força dos compromissos assumidos pelo governador João Azevedo e todo seu aparato político com o grupo Ribeiro.

Prova disso foi a própria senadora Daniella Ribeiro (PP) ter anunciado publicamente que não disputaria a reeleição, enquanto o vice-governador Lucas Ribeiro declarou de forma categórica que apoiará a reeleição do presidente Lula e a candidatura de João Azevedo ao Senado Federal, ao lado do prefeito de Patos, Nabor Wanderley (Republicanos). Assim, resta apenas a vaga de vice-governador, já amplamente divulgada pela imprensa.

Se, do lado governista, só há espaço para Cícero Lucena indicar o vice, no campo oposicionista parece não haver tempo hábil para inseri-lo como cabeça de chapa. As oposições já decretaram outubro como o mês de lançamento oficial de seus candidatos.

E aí surgem as perguntas que não querem calar: O prefeito Cícero Lucena renunciaria ao seu mandato para concorrer ao governo do Estado? As oposições, depois de anos projetando um modelo alternativo de governar a Paraíba e amadurecendo a construção de uma chapa competitiva, cederiam a vaga de candidato a governador, em cima da hora, ao atual prefeito da capital?

Mesmo para os menos experientes, é óbvio que não faria sentido colocar alguém que ainda pertence ao grupo governista para, de repente, se tornar a cabeça de chapa das oposições. Como reagiria o eleitorado que hoje defende uma mudança de postura governamental? Seria algo surreal, com grande potencial de gerar insatisfações e até rompimentos, comprometendo anos de planejamento da oposição e podendo levar a um verdadeiro desastre político.

Aliás, o próprio senador Efraim Filho (UB) já deixou claro, ainda que nas entrelinhas, que não tem interesse em abrir mão de sua pré-candidatura. Seu nome aparece em segundo lugar nas pesquisas e, em conjunto com Pedro Cunha Lima (PSD), já ultrapassa Cícero Lucena, que ainda sustenta a primeira colocação.

Outro fator delicado para Cícero é sua posição de apoio incondicional ao governador João Azevedo para o Senado. Será que os oposicionistas aceitariam que, em um eventual cenário de candidatura ao governo, ele pedisse votos para um nome governista ao Senado em detrimento de um candidato do próprio agrupamento oposicionista? Seria plausível ter um “cabeça de chapa” pedindo votos para um adversário?

Essas incógnitas pesam contra Cícero Lucena na futura escolha das oposições, que tendem a apostar em Efraim Filho ou Pedro Cunha Lima para chegar ao segundo turno, possivelmente contra Lucas Ribeiro. E, como se diz na política, “o jogo é jogado, o lambari é pescado”: vencerá quem o povo escolher.

Diante de tudo isso, cabe ao prefeito Cícero Lucena, com sua larga experiência, refletir sobre os obstáculos que terá de enfrentar, mesmo liderando as pesquisas.

Enfim, resta aguardar os desdobramentos até outubro, quando as oposições definirão sua chapa. A partir daí, Cícero poderá avançar em suas pretensões ou recuar e permanecer no grupo governista, indicando o vice na chapa de Lucas Ribeiro. Talvez esta fosse a posição mais sensata no momento: dar um passo atrás para, mais adiante, dar dois à frente. Assim, com unidade, aumentariam as chances de vitória do grupo governista, elegendo Lucas Ribeiro, João Azevedo e Nabor Wanderley.

Quem viver, verá!

Fonte: Gildo Araújo
Créditos: Polêmica Paraíba