Opinião

Sob liderança de Aguinaldo, PP já avança no cenário à sucessão estadual - Por Nonato Guedes

Sob liderança de Aguinaldo, PP já avança no cenário à sucessão estadual - Por Nonato Guedes

Sem descuidar da atuação profícua em Brasília, onde é chamado à discussão e ao aprofundamento de grandes temas de interesse nacional no Parlamento, o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), Líder da Maioria, comanda o fortalecimento do Progressistas no seu Estado com vistas às eleições majoritárias de 2026, tornando-se peça-chave nos entendimentos com o governador João Azevêdo (PSB), deputado Hugo Motta (Republicanos) e outros expoentes, sobre o desenho para a sucessão estadual. Sob a liderança de Aguinaldo, o PP tem avançado mais do que outras legendas da base oficial na ocupação de espaços dentro da chapa envolvendo postos influentes. O trabalho desenvolvido pelo parlamentar foca, igualmente, na densidade do PP em eleições proporcionais, com candidaturas à Câmara dos Deputados e a vagas na Assembleia Legislativa.
A busca pelo protagonismo paraibano faz com que, na realidade atual, o Progressistas tenha dois fortes nomes para encabeçar a chapa majoritária do esquema do governador João Azevêdo: o vice-governador Lucas Ribeiro e o prefeito reeleito de João Pessoa, Cícero Lucena. Como admitiu Aguinaldo em entrevistas à imprensa, Lucas torna-se candidato natural à reeleição ao Executivo caso assuma a titularidade com uma virtual desincompatibilização de João Azevêdo para concorrer ao Senado. Cícero, por sua vez, tem percorrido municípios do interior tentando pavimentar uma candidatura ao governo, o que se intensificou após resultados de pesquisas de opinião pública que sinalizam vantagem sua na disputa. Ainda nas hostes do PP, a senadora Daniella Ribeiro, que fez o caminho de volta depois que o PSD foi tomado na Paraíba pelo grupo Cunha Lima, aspira candidatar-se à reeleição. O desafio não só de Aguinaldo mas do PP é como encaixar todas essas pretensões.
De imediato, o dirigente do Progressistas precisa equacionar uma questão como condição para levar o PP a uma posição de céu de brigadeiro na conjuntura local: qual será o espaço do seu grupo na formação de uma federação do partido com o União Brasil, do senador Efraim Filho, que antecipadamente reclama para si o comando da aliança e, na sequência, reivindica o direito de ser ungido candidato a governador. Sobre esse ponto, Aguinaldo Ribeiro acredita que já está pacificado – e informa que, pelas regras debatidas em Brasília a nível de cúpulas nacionais dos dois partidos, na Paraíba o comando da federação ficaria com o PP, que tem mais cacife a exibir em termos de representação política. Por via de consequência, caberia também ao Progressistas a indicação da candidatura a governador, até pela perspectiva de Lucas vir a ser efetivado na titularidade do poder. Em termos concretos, os dois lados sabem que há incompatibilidades para se federar na Paraíba por estarem em campos opostos (Aguinaldo alinhado com Azevêdo e Efraim mourejando na oposição ao governo socialista). Se a queda de braço for inevitável, o PP aposta todas as fichas no seu poder de fogo.
Quanto ao espaço do “clã” Ribeiro na chapa majoritária para as eleições de 2026 dentro do esquema de João, Aguinaldo havia dito, lá atrás, que “não há espaço para dois Ribeiro” numa mesma composição majoritária. Ele dá a entender que reafirma esse ponto de vista – e que, nesse caso, confirmado o nome de Lucas, a senadora Daniella Ribeiro teria que ir para o sacrifício, abrindo mão da candidatura à reeleição ao Senado para que partidos como o Republicanos e o PSB sejam contemplados. Dentro do PP, além de Cícero, reivindica espaços, como uma candidatura ao Senado, o seu filho, deputado federal Mersinho Lucena, o que desata ciumeira e reclamações, tanto do Republicanos quanto do Partido Socialista Brasileiro, cujo comando será assumido pelo governador no final do mês. O PSB tem gritado, através de algumas vozes respeitadas, que não aceita esse hegemonismo do PP na conjuntura à vista, inclusive porque a liderança do governador precisará ser levada em consideração.
Em 2022, na reeleição de João ao governo, Aguinaldo recusou a oferta de disputar uma vaga ao Senado, preferindo manter-se como candidato à reeleição a deputado federal, enquanto indicou o sobrinho Lucas para representar o “clã” na vice-governança. A fim de suprir a negativa de Ribeiro, Azevêdo teve que lançar de última hora o nome da secretária Pollyanna Werter, então Dutra, que ficou em segundo lugar. O Republicanos desdenhou da oferta porque já estava comprometido com a candidatura de Efraim Filho e manteve a palavra mesmo quando este se posicionou na oposição. A diferença, agora, é que o apetite do PP aumentou, mas também aumentou a fome de outros aliados pelo poder, uma equação que caberá ao governador João Azevêdo dar a última palavra; “Não haverá racha”, assegura Aguinaldo. Todos pagam para ver.