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Sem máscaras?: enquanto o Brasil caminha para uma terceira onda, Bolsonaro pede pela desobrigação do uso de máscaras no país - Por Francisco Airton

A desobrigação do uso de máscaras em pleno avanço da pandemia, seria um recado de Bolsonaro ao seu Ministro da Saúde de que a máxima permanece: “manda quem pode, obedece quem tem juízo”?

A desobrigação do uso de máscaras em pleno avanço da pandemia, seria um recado de Bolsonaro ao seu Ministro da Saúde de que a máxima permanece: “manda quem pode, obedece quem tem juízo”?

O presidente Jair Bolsonaro segue cada vez mais seguro da sua condição de poder, (quase absoluto) no que pretende fazer enquanto presidente da República. A sua mais recente declaração deixa qualquer ser humano em sã consciência, de cabelo em pé. O Messias disse estar totalmente convicto de que poderá, a qualquer momento, decretar o não uso de máscaras para os brasileiros, mesmo estando o país atravessando um momento tão difícil e totalmente exposto a tantas perigosas variantes do coronavírus. Antes de ser uma temeridade, tal declaração, ela é de uma irresponsabilidade descomunal. Principalmente quando saída de uma autoridade que deveria dar o bom exemplo e que tem a obrigação constitucional e até humana – se realmente o for –  de cuidar da população.

Em uma cerimônia realizada no Palácio do Planalto, na última quinta-feira, dia 10 de junho, ele disse de forma bastante tranquila que “Acabei de conversar com um tal de Queiroga, não sei se vocês sabem quem é. Nosso ministro da Saúde. Ele vai ultimar um parecer visando a desobrigar o uso de máscara por parte daqueles que estejam vacinados ou que já foram contaminados para tirar este símbolo que, obviamente, tem a sua utilidade para quem está infectado”, afirmou o presidente demonstrando certo desprezo pela máscara que estrategicamente parecia estar mais protegendo a tribuna de onde se pronunciava do que ao próprio.

O tratamento carinhoso que o presidente deu ao seu ministro “um tal de Queiroga” deixa bastante clara que do seu jeito continua a reinar impondo o seu modo carinhoso de governar. Ele acima de todos e Deus – chamado às pressas por todos, – para o “salve-se quem puder”!          Apesar de não surpreender, esta, é uma declaração tão inconsequente que, as pessoas de bom senso ficam a se perguntar o que realmente deseja o primeiro mandatário da nação em relação ao quadro que se apresenta para todos, onde já não existe terreno suficiente para enterrar as vítimas da pandemia! Há quem ache até que tal declaração só nos leva a crer que o presidente deseja chegar ao pódio macabro de um milhão de mortos pelo país!

A segurança com que vem agindo o Capitão reformado, sempre acima dos seus ministros – principalmente dos ministros da saúde – deixa bastante visível que “um tal Queiroga”, também não passará de um mero fantoche em suas mãos. Ao que nos transparece o novo ministro da Saúde é apenas mais um (o segundo da categoria do “manda quem pode, obedece quem tem juízo”)! Não posso dizer dos dois ministros anteriores – Mandetta e Teitch – pois pularam fora assim que foi possível, por absoluta falta de autonomia. Teria sido honroso para o general Pazuello se tivesse tomado a mesma decisão dos seus antecessores, mas não o fez e agora já ficou bastante claro que foi apenas por submissão mesmo! Mas ainda há tempo para o atual ministro cair fora enquanto é tempo para não enxovalhar uma carreira tão bem construída. Afinal de contas, permanecer num ministério sem autoridade (se este for o caso), não pode ser apenas por uma questão de salário ou de status. Será que vale pagar o preço, sair queimado de um governo cujo governante não respeita os seus próprios ministros?

“De acordo com epidemiologistas, a população vacinada ou que já teve a doença deve continuar usando máscaras porque, mesmo imunizada, ainda pode transmitir o vírus para outras pessoas. Segundo especialistas, a desobrigação do uso de máscara só seria recomendável quando o país alcançar um número expressivo de pessoas completamente vacinadas”.

Quando o senhor assumiu a pasta, Dr. Marcelo Queiroga, o seu nome – a princípio – nos pareceu que seria apenas mais um. Depois pareceu “nem tanto”. Agora, o país fica sobressaltado com as possibilidades de se decepcionar com um quarto ministro da saúde de um governo que – repito – não tem respeitado os seus cientistas. Não decepcione, pois nos parece que o senhor deveria ser o último ministro (ou não) desse governo e que pode dar esperança de seriedade e compromisso para com saúde adoecida e moribunda desse país! O presidente é Capitão reformado, não é médico! Ele é o chefe maior, mas não tem o poder absoluto de impor a cura de uma população ao seu bel prazer. Mesmo presidente de uma nação, ele tem os seus limites e deve estar abaixo da Constituição. Ele não pode tudo e tem que entender que o seu tempo tem duração de quatro anos e depois disso ele pode querer voltar ao lugar de onde veio e descobrir que voltou a ser apenas “o José” de antes!

Ver o Ministro da Saúde, agora alçado à condição de “um tal Queiroga” deixa claro de quem realmente manda na Saúde e que este mantém uma “cordinha” amarrada na cintura de todos os seus comandados para que possa puxar no momento que lhe for conveniente! E sendo assim, senhor Ministro, não dá para acreditar que um profissional renomado possa servir a um projeto que, desde o início, passa longe de ser chamado de um projeto “salva vidas”! Se o senhor assinar embaixo dessa decisão de morte na liberação de máscaras – mesmo sabendo que a recomendação é o uso incondicional da máscara, a vacinação em duas doses de toda a população para que o Brasil possa sair dessa condição de “país de loucos” e de país responsável pela expansão da praga pelo mundo, (fruto da total falta de zelo e de cuidados do presidente Bolsonaro que chamou o vírus de “gripezinha”), o senhor acabará sendo responsabilizado por dar o aval a uma insanidade que só mais dor deverá levar as famílias que só querem, acima de tudo, viver e ver os seus entes mais queridos, vivos e com saúde!

Afinal de contas, o senhor Ministro, é ou não a favor da manutenção das máscaras para a gente continuar vivendo? É ou não a favor da vacinação em massa de todos os brasileiros? É ou não a favor do distanciamento social para assim evitar a propagação do vírus e o aumento das variantes? É! Eu sei que o senhor tem afirmado isso! Mas, pelo que demonstra o chefe maior, quem manda é ele e, “ele” não tem o menor respeito por estas medidas e não gosta muito de cientistas. Afinal, tem sido o Dr. Bolsonaro o maior agente propagador dos descumprimentos sanitários contra a covid-19. O nobre ministro sabe disso melhor que ninguém. Tem sido ele o primeiro a aglomerar, a desfilar montado em seu cavalo do medo, a desfilar de moto, sempre aglomerando e não usando máscaras. Tem sido ele que – contrariando as determinações do seu próprio ministério – que como no fenômeno da piracema, trata de ir ao contrário da correnteza, arrastando com ele os peixes que cegamente preferem “seguir o líder”!

“O presidente está muito satisfeito com o ritmo da vacinação no Brasil, da chegada de novas doses, da distribuição de mais de 100 milhões de doses de vacina. O presidente acompanha o cenário internacional e vê que em outros países onde a campanha de vacinação já avançou, as pessoas, as pessoas já estão flexibilizando o uso das máscaras. O presidente me pediu que fizesse um estudo para avaliar a situação aqui no Brasil”. Justificou o Dr. Queiroga a imprensa.

Mas o senhor Ministro não é nenhum peixe. Pelo contrário, tem um cérebro extraordinário e, a prova disso é que é um profissional brilhante! Pense, por tanto, no que quer fazer! A gente sabe que em alguns países a flexibilização ou a total liberação se dão por que aqueles países fizeram o seu dever de casa e encararam a doença com o devido respeito. Por aqui o Brasil só descumpriu protocolos. Não fez o dever de casa e continua só desrespeitando todas as medidas. Dessa forma a população espera do senhor que seja a tábua de salvação para que o Brasil possa vir a conter a enxurrada de mortes que nos ameaça ainda, sabe-se lá até quando, mas que, com uma atitude mais sensata, poderá ser, enfim, estancada!

Fonte: Assessoria
Créditos: Polêmica Paraíba