Salvem a UFPB! – Primeiro foi a imposição do reitor, agora é a retirada da universidade do caminho da ciência - Por Francisco Airton

Nada me surpreende mais nesse desgoverno em que vive o país. Reitor retira a UFPB de projeto de divulgação científica do Nordeste alegando que projeto envolvendo a TV UFPB tinha motivação político-partidária. Não surpreende, – por ser um governo que já mostrou perfeitamente a que veio, – mas causa total indignação!

Lançado no último 22 de maio – a uma semana, por tanto, – com participação da própria UFPB, o programa UniVERciência é um consórcio que reúne universidades e TVs universitárias dos nove estados do Nordeste e que tem por objetivo divulgar a produção científica regional. A iniciativa inédita “marca um momento histórico para o Nordeste e para as universidades públicas nordestinas”, como disse o próprio apresentador do programa, Felipe Peres, da TVE Bahia. O objetivo do programa UniVERciência é produzir 13 programas de 26 minutos cada com reportagens de todos os estados sobre o que está sendo produzido de ciência em cada um deles.

Mas o que realmente levou o Reitor da Universidade Federal da Paraíba, Valdiney Gouveia a tomar tal atitude? A UFPB não vai mais participar do programa que acontece desde 2020? Uma medida que nos faz recuar quase 60 anos no tempo, um flagrante e escabroso retrocesso que, aliás, tem sido a marca registrada do Capitão/presidente e todo o seu staff. Não podemos esquecer que na lista tríplice em que constavam os nomes dos candidatos: Terezinha Domiciano, da Chapa 2, a mais votada com 47 votos; a Chapa 1, encabeçada por Isac Medeiros, que obteve 45 votos e a Chapa 3, liderada por Valdiney Gouveia, que não obteve nenhum voto, foi o nome de Valdiney a ser o escolhido pelo presidente (que afinal já disse em outras oportunidades ser o presidente e de não abrir mão da sua autoridade), outro atentado a democracia. A comunidade acadêmica já havia escolhido o nome através do voto. A negação ao resultado oficial gerou grande polêmica na oportunidade, mas a democracia não prevaleceu. Só para nos situarmos um pouco mais dos possíveis porquês.

Em ofício com data de quarta-feira (26) de maio, mas que só na quinta-feira (27) se tornou público, o reitor Valdiney Gouveia formalizou a saída da UFPB do projeto alegando “falta de afinidade às pautas e aos trabalhos desenvolvidos”, acusando o programa de ter “propósitos político-partidários”. O reitor não gostou nada quando professores das várias instituições cobraram mais apoio financeiro do Governo Federal às universidades. Ou seja, não será permitido reivindicar qualquer coisa! Segundo ele, “o que tem de ciência nisso?

A verdade é que a medida adotada pelo Sr. reitor, provocou revolta da comunidade acadêmica, que promete levar o caso ao Conselho Universitário, que é a instância maior da universidade. Professores falam em censura à produção acadêmica e à TV (e existe um outro nome para isso)?  Valdiney acusa o programa de “fazer política o que não tem qualquer interesse para a universidade”.

“Num cenário de negacionismos e de desprestígios à ciência, é óbvio que um programa científico vai falar que é para a população usar máscara, ou que não se deve usar cloroquina no combate à Covid-19. Mas isso é conhecimento científico sendo disseminado”, disse o presidente da Associação dos Docentes da Universidade Federal da Paraíba (Adufpb), professor Fernando Cunha que, prometeu “levar o debate para além dos muros da universidade, afim de pressionar para que a decisão seja revista”.

Muito triste, termos de assistir a tanto retrocesso em pleno século XXI. A Paraíba não merece ser atropelada pelo atraso que lhe é imposto a partir do Governo Federal que, ao espalhar os seus “soldados” nos chamados pontos estratégicos, só entrava ainda mais o seu desenvolvimento tecnológico. É escancarado o desejo de se impor a força contra o desenvolvimento, quando sofremos a negligência da instituição maior do país ao negar a importância da ciência no seu desenvolvimento, principalmente agora em que atravessamos um dos piores momentos das nossas vidas, a pandemia do coronavírus, em que, por pura falta de interesse e de compromisso para com a vida, o governo que tem a obrigação de proteger, simplesmente se nega a socorrer, desfaz de uma pandemia e a classifica como uma “gripezinha”, nega ao povo desesperado, o direito de se vacinar e permite que quase meio milhão de vidas sejam ceifadas em meio a gargalhadas macabras e piadinhas infames, como se jamais existisse “justiça” para impedi-lo. Seja de moto, ou a cavalo, o Capitão segue atropelando quem passar a sua frente como se não houvesse amanhã. Mais triste ainda, é ver que os “seus generais” – postos estrategicamente nos setores mais importantes – seguem baixando a cabeça, fazendo continência e apenas executando os seus delírios. Meus senhores, é muito importante entender que governos tem prazo de validade e que, um dia ele acaba e a conta chega! A maldade tem limite e o poder é efêmero.

O episódio que envolve agora a Universidade Federal da Paraíba – UFPB, é para se lamentar. Não se concebe que apenas por questões políticas atrasadas por parte de uns, tenhamos que ser arrastados para as profundezas da ignorância de forma impune. Conforme a própria apresentação do programa em live que enfureceu o reitor local, “O programa UniVERciência é o primeiro programa brasileiro de TV aberta e internet, produzido em parceria entre universidades e TVs públicas do Nordeste com foco na promoção, na popularização e na difusão da ciência”. É tão sério, que envolve 469 mil estudantes, 28.087 docentes e 31.511 técnicos, num total de quase 530 mil pessoas! Não dá para se ver política partidária em local onde tantos se disponibilizam para debater ciência!

Senhor Reitor. “A valorização da ciência neste momento é importante em função das limitações impostas ao desenvolvimento das pesquisas no Brasil e, ainda, da ampla circulação de notícias falsas que manipulam os cidadãos a partir de informações sem nenhuma comprovação científica”. É exatamente por não pensar assim que o presidente cavalga em seu cavalo de intolerância, sempre na contramão do que determina importantes pastas do seu próprio governo! Talvez lá em cima a gente não possa ter muita esperança – pois bem disse o Papa Francisco em um tom jocoso e em outras palavras que, “nós não temos salvação…”

Mas foi apenas brincando. Pois pode até não haver salvação para o cabeça, mas ainda há tempo e esperança para quem equivocadamente o idolatra!

Fonte: Francisco Airton
Créditos: Polêmica Paraíba