Republicanos prioriza Nabor ao Senado e vai negociar com João - Por Nonato Guedes

Da maratona de reuniões e conversas que o presidente estadual do Republicanos,
Hugo Motta, promoveu no final de semana, envolvendo deputados federais, estaduais,
prefeitos e vereadores da Capital, ficou nítido que a prioridade máxima do partido é
investir na eleição do prefeito de Patos, Nabor Wanderley, pai de Hugo, a uma vaga ao
Senado nas eleições do próximo ano. A respeito da segunda vaga de senador, há a
tendência de apoio à pré-candidatura do governador João Azevêdo (PSB), que na sua
gestão tem prestigiado políticos republicanos em secretarias estratégicas, a exemplo
do deputado Wilson Filho na pasta da Educação, mas o compromisso será pautado por
uma negociação em bases não reveladas à imprensa. Para a disputa ao governo, o
Republicanos tem maioria favorável à pré-candidatura do vice-governador Lucas
Ribeiro, do PP, mas, para todos os efeitos, optou-se por não retirar a pré-candidatura
anunciada do deputado estadual Adriano Galdino, presidente da Assembleia
Legislativa, que ainda não decola nas pesquisas com índices mais expressivos.
Pelo que se apurou, houve discussões acirradas, em que “roupa suja” foi lavada,
misturando-se a queixas pontuais contra secretários da administração João Azevêdo
que não estariam atendendo demandas de parlamentares da base, até porque são
concorrentes deles como candidatos à deputação estadual. A disputa por espaços no
Tribunal de Contas do Estado, como se esperava, entrou no radar, agora com a
informação do deputado Branco Mendes de que está no páreo e que espera o apoio
da agremiação, pela sua lealdade ao Republicanos e pela sua própria trajetória na vida
pública paraibana. O deputado Adriano Galdino já conseguiu emplacar uma filha,
Alanna, na vaga de conselheira, em meio ao impasse surgido quando da postulação do
deputado Tião Gomes na vaga de Arthur Cunha Lima. O próprio Adriano é cogitado
para integrar os quadros daquela Corte, após ter admitido desencanto com a política.
O encontro dos republicanos era ansiosamente aguardado por expoentes do
partido devido à aceleração do calendário eleitoral de 2026 na Paraíba, com
lançamento de pré-candidaturas tanto ao governo como ao Senado, o que passou a
interferir nas decisões dos partidos sobre apoio a chapas em gestação para a eleição
majoritária. Um outro fato novo que tem reflexos nas legendas foi a atitude do
prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (sem partido) de confirmar pré-candidatura ao
Executivo depois de ter se desfiliado do Partido Progressistas e, também, de ter se
distanciado do esquema liderado pelo governador João Azevêdo. O prefeito esteve
presente na solenidade de inauguração do Museu de História da Paraíba Palácio da
Redenção, mas parecia “deslocado” na companhia do chefe do Executivo estadual, que
foi parceiro de muitos anos, e de outros membros da “entourage” oficial, com alguns
dos quais trocou farpas no calor dos embates sobre posturas para 2026.
As agendas cumpridas pelo presidente da Câmara Federal, Hugo Motta, na
Paraíba, serviram, mesmo, para reafirmar o interesse do partido que ele preside em

exercer concretamente papel de protagonismo na conjuntura política-eleitoral do
Estado. A agremiação segue na base de apoio ao governador João Azevêdo, mas com
liberdade para misturar apoios no prélio de 2026, dependendo das suas conveniências
junto a grupos políticos, sejam da oposição ou do governo. Repete-se, nesse caso, a
estratégia adotada em 2022, e que foi positiva para o partido, que apoiou
simultaneamente a candidatura do governador João Azevêdo à reeleição e o nome de
Efraim Filho (União Brasil) ao Senado, pela oposição, ambos consagrados nas urnas. Na
época, o partido justificou que já havia assumido compromissos e que não cogitava
quebrar esses compromissos. Na prática, o Republicanos recorre à sagacidade política
para não jogar fora espaços de poder na conjuntura local, embora não demonstre
musculatura para assumir com ênfase uma candidatura ao governo do Estado.
O deputado Hugo Motta tem boas relações com o deputado federal Aguinaldo
Ribeiro, tio do vice-governador Lucas Ribeiro, do PP e, pessoalmente, não é empecilho
ao apoio do Republicanos à pré-candidatura de Lucas ao Palácio da Redenção. Mas,
dentro do “modus operandi” adotado pelo Republicanos na sua trajetória política na
Paraíba e, de resto, no país, é preciso “negociar” muito até que acordos venham a ser
fechados para as eleições, levando-se em conta interesses hegemônicos da própria
sigla, que sempre fala, invariavelmente, em fortalecimento de seus quadros e dos
espaços de poder. O governador João Azevêdo e o vice-governador Lucas Ribeiro têm
demonstrado que estão abertos ao diálogo e que reconhecem a importância do
Republicanos no contexto da formação da chapa majoritária, tanto assim que
ressaltam apoio integral à pré-candidatura de Nabor Wanderley. Na definição de um
político experiente, o que houve foi uma “chamada” para ajustes e alinhamentos que
precisam ser feitos para balizar posições na disputa eleitoral de 2026 na Paraíba.