Opinião

Queiroga joga a toalha e sinaliza apoio à candidatura de Efraim - Por Nonato Guedes

Queiroga joga a toalha e sinaliza apoio à candidatura de Efraim - Por Nonato Guedes

Mais cedo do que se pensava, as oposições na Paraíba no campo da direita e do bolsonarismo começam a avançar na construção de uma estratégia de unidade para as eleições majoritárias de 2026.

Nas últimas horas o ex-ministro da Saúde Marcelo Queiroga, dirigente estadual do PL, admitiu abrir mão da candidatura ao governo do Estado em favor do senador Efraim Filho, do União Brasil, desde que este assegure palanque para uma possível campanha do ex-presidente Jair Bolsonaro à presidência da República. No momento, Bolsonaro está inelegível e as forças de direita cogitam nomes alternativos como o da sua mulher, Michelle, e o do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, filiado ao Republicanos.

Mas Queiroga acredita que seu ex-chefe reverterá a inelegibilidade decretada pelo Tribunal Superior Eleitoral e será o candidato do agrupamento conservador. O ex-ministro da Saúde, que como candidato a prefeito de João Pessoa em 2024 avançou para o segundo turno, desbancando figuras carimbadas como os deputados Ruy Carneiro e Luciano Cartaxo, mas perdendo para Cícero Lucena (PP) na reta final, confirmou que manteve conversas informais no fim de semana com o senador Efraim Filho e outros líderes e revelou ter convidado o parlamentar a se filiar ao PL para garantir sua candidatura, diante da ameaça de perda do comando da federação União Progressista para o PP do vice-governador Lucas Ribeiro no Estado.

Falando a jornalistas, Queiroga destacou que tem afinidades com Efraim Filho e elogiou o “estilo eficiente” de atuação do senador do União Brasil no Congresso, relembrando que o pai dele, Efraim Moraes, quando era expoente do PFL, projetou-se no Senado combatendo um dos governos de Lula e do PT. Queiroga também é grato a Efraim por tê-lo apoiado no segundo turno da disputa à prefeitura da Capital.

A pré-candidatura de Efraim ao Executivo no âmbito das oposições vem se consolidando na dianteira de outros nomes que se colocam à disposição para concorrer, como o ex-deputado federal Pedro Cunha Lima (PSD), que foi para o segundo turno contra João Azevêdo em 2022 e perdeu, e o deputado federal Romero Rodrigues, do Podemos, que insiste em anunciar idêntica pretensão sem maior credibilidade. Efraim leva vantagem não apenas pela projeção política nacional que tem conquistado, como líder do seu partido e presidente da Comissão Mista de Orçamento do Congresso, mas pela sua indiscutível influência entre cabeças pensantes do Parlamento, com interlocução junto a segmentos do empresariado e representantes de outras elites políticas-partidárias no país.

A nível local, Efraim coloca-se na linha de frente da oposição ao governo João Azevêdo (PSB), pregando alternância de poder e adoção de um novo modelo de gestão pública no Estado. Ele também é ativo na realização de reuniões, articulações de bastidores e costura de prováveis alianças para reforçar o bloco oposicionista. Pedro, até por estar sem mandato, está afastado de alguns dos conchavos preliminares decisivos que estão sendo montados para o pleito vindouro.

A sinalização de Queiroga sobre apoio a uma candidatura de Efraim ao Palácio da Redenção é fato novo no cenário paraibano, que até então vinha se desenrolando em ambiente de muita especulação mas de definição zero. Trabalhava-se com a hipótese de duas ou mais candidaturas pela oposição ao governo, hipótese que fragmentaria esse campo e dificultaria a amarração de unidade para um segundo turno.

O partido de Efraim, atualmente, controla a prefeitura de Campina Grande, cujo titular, Bruno Cunha Lima, foi reeleito em 2024. Mas independente do mapa de prefeituras, que é dividido espacialmente com outros partidos, o senador demonstra liderança política e capilaridade para firmar-se como a mais legítima alternativa das oposições contra o candidato do esquema oficial, que poderá ser o vice-governador Lucas Ribeiro.

No que diz respeito à situação do ex-ministro Marcelo Queiroga, ele se apresenta como um “embaixador” do bolsonarismo na Paraíba, dadas as ligações que estreitou com o ex-mandatário e com o seu entorno no período em que esteve ministro da Saúde. Ele recebeu apoio direto de Bolsonaro quando se candidatou a prefeito de João Pessoa e chegou a anunciar uma chapa, quase “puro-sangue”, para 2026, com seu nome na cabeça e com o deputado federal Cabo Gilberto Silva (PL) e o pastor Sérgio Queiroz (Novo) como pré-candidatos ao Senado.

Ultimamente o Cabo Gilberto tem dado sinais de que vai preferir encarar mesmo a disputa à reeleição à Câmara, mas Queiroz segue como opção senatorial. Sobre Queiroga, dá a entender que não polemiza sobre cargos para ele, mas a desistência de concorrer ao governo pode levá-lo a concorrer ao Senado ou à Câmara Federal, segundo analistas políticos.

O fato é que as oposições lideradas por Efraim e pelo ex-ministro decidiram não perder tempo na estratégia política a ser adotada para a campanha de 2026 no Estado, e vão acelerar os entendimentos para a construção de uma estratégia eficiente que produza resultados na disputa vindoura.