“Quando entrar Setembro” - O amarelo como a cor definitiva para o alerta contra a depressão e o suicídio - Por Francisco Airton

Getúlio Vargas, Robin Williams, Marilyn Monroe, Heath Ledger, Santos Dumont… Políticos, atores e atrizes, gênios que como única saída para um problema próprio acabaram abreviando a própria vida! E olha que nem estavam vivendo uma pandemia para se sentirem tão desiludidos. Todos, aparentemente, bem-sucedidos em seus ofícios, respeitados e admirados. O que, então, pode levar alguém tão importante, até mesmo poderoso, a atentar contra a própria vida?

Por outro lado, pessoas acometidas de outros males (talvez tão doloridos quanto), doenças crônicas, miséria absoluta, desgostos profundos motivados por filhos, pais… Mas que, mesmo assim, mantem-se seguros agarrados a sua lucidez – seja por medo ou por fé – o que nos envolve num verdadeiro mistério! Então, antes de qualquer julgamento, ouvir alguém mais próximo ainda pode ser uma saída!

O Setembro Amarelo bate todos os anos a nossa porta para nos alertar das dores da alma, das tristezas mais profundas que acabam dominando o ser humano e levando-o a total depressão e consequentemente ao suicídio, considerado pelo Ministério da Saúde como um problema de saúde pública. O tema é complexo e por não ter autoridade no assunto, nem ser um especialista na área, não pretendo discuti-lo a fundo. No entanto acho que devo, aqui, abordar situações e tentar provocar possíveis discussões acerca das causas de tantas mortes que de tão surpreendentes, acabam tornando-se absurdas na maioria das vezes! Setembro passou, mas não acho que seja necessário apenas acender uma luz amarela em um determinado mês para que se possa chamar a todos para a roda de discussões sobre o assunto. O Setembro Amarelo é e será sempre uma lanterna apontada sobre os cuidados com a depressão e o suicídio, mas manter o cuidado e estar sempre atento aos sinais durante o resto do ano, é fundamental. Alguém pode estar precisando ser ouvido – e isso pode fazer toda a diferença! Mas eu volto a falar sobre esse assunto, ainda, dentro desse artigo.

Estava vendo aqui, atentamente, o calendário anual de cores, instituído de forma chamativa para firmar a nossa atenção para os cuidados com a saúde no Brasil e no mundo. Apesar da profusão de cores para indicar os males que nos afetam de forma tão contundente, tirando vidas, interrompendo projetos ou até mesmo incapacitando indivíduos, muita gente ainda desconhece o colorido calendário das infecções! Só para que a gente possa ter maior conhecimento da importância que as cores passaram a ter em nosso dia a dia, eu vou ligeiramente discorrer sobre essas cores ajudando a divulgar um calendário que, –  apesar de nos acompanhar por todo o ano – ainda traz alguns outros meses com suas respectivas cores, mas que acabam passando despercebidos da maioria de nós. Existem casos em que determinado mês pode adotar até mais de uma cor para que, dessa forma, possa representar outras doenças.

Eu começo esse nosso passeio apresentando mês a mês, um verdadeiro arco-íris para que aqueles que ainda desconhecem tais objetivos, possam entender melhor do que estamos falando.

O ano se inicia com o Janeiro Branco, cuja a campanha no primeiro mês do ano alerta para a saúde mental. Já o mês de Fevereiro adotou duas cores (Roxo e Laranja) para alertar sobre o combate e conscientização do lúpus, do Mal de Alzheimer, da fibromialgia e da leucemia, seguido imediatamente pelo mês de Março Azul escuro, com uma campanha voltada ao debate sobre a prevenção ao câncer colo retal. O mês de Abril é voltado ao debate sobre o autismo, por causa do dia 02/04, que é data do “Dia Mundial de Conscientização do Autismo” e é representado pela cor Azul.  Assim como determinado mês pode adotar mais de uma cor para representar mais de uma doença, algumas cores podem ser repetidas ao longo do ano. Tivemos recentemente a campanha do Setembro Amarelo em que se discutiu o suicídio e eu gostaria de falar sobre o tema um pouco mais a frente, temos o Maio Amarelo. O quinto mês do ano é destinado à prevenção de acidentes de trânsito.  O laço vermelho do sexto mês do ano é indicativo para a importância de doar sangue. O Junho Vermelho busca chamar a nossa atenção para o recorrente desabastecimento imperdoável dos hemocentros!

Pode até alguém achar que a escolha desse rosário de fitas coloridas não passe de mera alegoria e invencionice, mas a campanha das cores tem surtido efeitos positivos e a resposta – na maioria das vezes – tem sido bastante positiva! É claro que 2020 tem se mostrado um ano atípico e ele, por si só, acabou por reunir todas as infecções em um pacote único de resultados catastróficos! A pandemia da Covid-19 acabou pegando todo mundo de surpresa, não dando tempo, sequer, para que as autoridades da área de saúde entendessem o que estava acontecendo! E hoje – oito meses depois – Apenas no Brasil, mais de 153 mil óbitos registrados e 5.201.570 diagnósticos de Covid-19, segundo levantamento do consórcio de veículos de imprensa. No entanto, o calendário de cores segue – mesmo com toda a turbulência – cumprindo o seu papel de alertar a todos para os cuidados com as doenças pontuais.

O segundo semestre nos traz o Julho Amarelo (repetindo a cor) com a campanha promovendo a conscientização sobre o câncer ósseo e também as hepatites virais. O mês de Agosto vem dourado para lembrar a importância do leite materno. É neste mês que acontece a Semana Mundial da Amamentação e por isso, a cor que nos remete ao alimento ouro. Setembro Amarelo (mais uma vez se repete a cor) e nos obriga a refletir sobre um dos maiores problemas do mundo moderno, a depressão seguida em sua maioria do suicídio! Em setembro, também se lembra e se incentiva a doação de órgãos. E chegamos ao Outubro Rosa, mais divulgado e conhecido por todo o mundo, pois foi uma das primeiras campanhas criadas ainda na década de 90, nos Estados Unidos – e é dedicado à conscientização sobre o câncer de mama. A cor azul retorna a paleta com Novembro Azul, o qual chega para os homens quebrarem seus preconceitos históricos. A campanha conscientiza sobre a importância de se prevenir e combater o câncer de próstata. Dezembro Laranja/Vermelho fecha o calendário – com duas cores – e no último mês do ano, duas campanhas: laranja para o câncer de pele e o vermelho, para a prevenção da Aids.

Por fim, exposto e explicitado o calendário anual das cores e seus respectivos males, gostaria de me ater um pouco mais na discussão envolvendo o suicídio, discussão tão bem representada pelo Setembro Amarelo mas que – aqui no nosso caso – infelizmente não houve tempo hábil para que pudéssemos falar sobre isso na data mais apropriada (setembro), criada exatamente com o objetivo de se debater mais efetivamente o problema! Assim sendo, ao retomar esse espaço, para mim da maior importância, em que falo abertamente com você sobre determinados problemas ou situações, (o nosso Podcast – Vamos falar sobre isso?), bem como nesse espaço em que escrevo para o Polêmica Paraíba, aproveito para abordar com muito zelo e respeito, a depressão que acomete pessoas – independentemente de idade, raça ou credo – e que acaba levando muitos ao suicídio, na maioria das vezes por falta de uma palavra ou mesmo da devida atenção que cada caso requer!

É sabido que existem espalhados pelo mundo, grandes e importantes entidades, hospitais e casas especializadas a exemplo do CVV – Centro de Valorização da Vida que realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por 24 horas todos os dias. Sem falar em outros inúmeros sites na internet, prontos a acolher vítimas da tristeza crônica, da solidão involuntária (mesmo com o indivíduo estando rodeado de parentes, amigos e até de gente desconhecida, parecendo sempre só com a sua angústia). São jovens, velhos e crianças, homens e mulheres, todos inevitavelmente vítimas da depressão! Com certeza precisamos falar mais sobre isso! “As pessoas que precisam de ajuda podem recorrer ao CVV. E já existem programas de saúde pública que oferecem esse serviço em algumas regiões do país, a exemplo dos CAPS e CRAS. O CVV oferece ajuda por telefone, chat, e-mail e pessoalmente, além de realizar ações especiais em casos de eventos e catástrofes. Portanto, um grupo de 4200 voluntários preparados para conversar e compreender pessoas que estão abaladas emocionalmente e que correm sério risco de morte”.

Segundo a OMS – Organização Mundial de Saúde a oferta de ajuda voluntária ou profissional pode ajudar na prevenção ao suicídio. No Brasil, a Política Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio, regulamentada pela Lei nº 13.819/2019, prevê a atuação conjunta de órgãos e profissionais de saúde, profissionais do ensino, conselhos tutelares, imprensa, órgãos de segurança e outros.

“Trata-se de um problema que se pode prevenir na grande maioria das vezes. O estudo e a discussão do tema suicídio é uma das formas mais eficientes de se promover a prevenção, pois esta só é possível quando a população, os profissionais da saúde, os jornalistas e governantes têm informações suficientes para conduzir as medidas adequadas e ao seu alcance nessa frente”. No entanto, ao fim da matéria, esmiuçamos o calendário de cores, e apesar de tantas cores, num ano atípico e doente desde o seu nascedouro, infelizmente na paleta de cores de 2020, prevaleceu o cinza!

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Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba