A nova gestão nacional do Partido dos Trabalhadores, empalmada pelo ex-prefeito de Araraquara (SP) Edinho Silva, decidiu, em resolução política, assumir uma ofensiva contra o governo dos Estados Unidos em resposta ao ataque à soberania brasileira refletido no tarifaço sobre produtos da pauta de exportação. A estratégia tem em vista, também, fortalecer ao máximo o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, diante da avaliação de que o presidente norte-americano Donald Trump deve determinar novas sanções políticas e comerciais ao Brasil e a autoridades brasileiras, numa espécie de “bltzkrieg” prolongada. A legenda suspeita que Trump deve intensificar uma “guerra híbrida” nas redes sociais e com o uso de inteligência artificial para disseminar informações falsas e discursos de ódio com o objetivo de derrotar o presidente Lula em sua tentativa de reeleger-se em 2026.
Foi a primeira resolução política do PT produzida pelo novo comando e o texto foi divulgado ao final da reunião do diretório nacional petista que elegeu a Executiva Nacional para os próximos quatro anos, sendo que a corrente CNB (Construindo um Novo Brasil), da qual o presidente Lula faz parte, ficou com os principais cargos. A inclusão enfática da questão externa na pauta do petismo constitui fato novo no histórico da agremiação mas essa inflexão ganhou força pela necessidade de barrar a influência do dirigente norte-americano na disputa eleitoral brasileira no próximo ano. Donald Trump, por causa de interesses ainda não inteiramente confessados, invocou como pretexto a solidariedade ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), no caso da sua prisão domiciliar, para interferir na política interna brasileira mediante o peso das sanções econômicas. O ataque visa a enfraquecer o governo Lula e prejudicar o avanço das forças de esquerda na América Latina.
“Os movimentos de Donald Trump demonstram que sua ofensiva contra a soberania brasileira e de outros países do Sul Global não se esgotará nas medidas tomadas até agora. Estamos diante de uma disputa contra o fascismo, de caráter prolongado, que tende a se desdobrar em diferentes dimensões políticas, institucionais e econômicas. O que Trump e seus aliados da direita brasileira pretendem, e não terão êxito, é derrotar nas eleições de 2026 o projeto de desenvolvimento nacional que estamos consolidando sob a liderança do presidente Lula”, ressalta o texto, acrescentando: “Este ataque tem como objetivo intervir na autonomia da Justiça brasileira, desestabilizar a economia nacional, sabotar a indústria e o desenvolvimento do país, ameaçar a soberania brasileira sobre terras raras, atacar o sistema de pagamentos instantâneos de tecnologia brasileira, o PIX, além de interferir diretamente nas decisões soberanas do povo brasileiro. Em outras palavras, não hesitam em sacrificar o Brasil, as empresas, os produtores e trabalhadores brasileiros e punir o povo com as possíveis consequências, apenas para tentar impor uma anistia inaceitável que absolva Bolsonaro e seus aliados, hoje responsabilizados por crimes contra a pátria, por corrupção e pela tentativa de golpe de Estado e assassinato do presidente Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes”.
De acordo com a resolução do PT, os movimentos de Trump demonstram que a sua ofensiva contra a soberania brasileira e de outros países do Sul Global não se esgotará nas medidas tomadas até agora. “Estamos diante de uma disputa contra o fascismo, de caráter prolongado, que tende a se desdobrar em diferentes dimensões políticas, institucionais e econômicas. O que Trump e seus aliados da direita brasileira pretendem, e não terão êxito, é derrotar nas eleições de 2026 o projeto de desenvolvimento nacional que estamos consolidando sob a liderança do presidente Lula. Trump e seus aliados buscam, também, frear o fortalecimento dos BRICS e os desdobramentos estratégicos e positivos que esse processo representa para o desenvolvimento global”, analisa o Partido dos Trabalhadores. Por fim, a direção nacional do PT enfatiza que o partido enfrentará toda forma de intervenção estrangeira. “Combateremos em todos os fóruns internacionais, construindo amplas alianças e nas mobilizações populares internas, este pacto entre a extrema-direita e antidemocrática, o governo de Donald Trump e parte da direita brasileira. Derrotar o fascismo não é uma tarefa apenas do PT e da esquerda, mas de toda a sociedade brasileira que defende os interesses nacionais. O PT deve liderar a construção de uma frente ampla em defesa da democracia e da soberania nacional”, conclui o Partido dos Trabalhadores.