Opinião

PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS: Wills Leal do jornalismo, do cinema e do turismo da Paraíba - Por Sérgio Botelho

PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS: Wills Leal do jornalismo, do cinema e do turismo da Paraíba - Por Sérgio Botelho

Se vivo estivesse, o jornalista, intelectual, crítico cinematográfico e profissional do turismo Wills Leal estaria completando, nesta quinta-feira, 18, 89 anos.

Wills – o qual, pelo costume de muita gente, acabou tendo acrescentado um “i” ao seu nome, virando, Willis, sem consequências formais-, era sobrinho de José Leal, uma das figuras mais icônicas da história do jornalismo paraibano, destacado responsável pela existência da Associação Paraibana de Imprensa.

Wills e o irmão, Teócrito Leal, naturais de Alagoa Grande, começaram militando no jornalismo pessoense, após intrinsicamente vinculados à vida da capital, naturalmente incentivados pelo tio ilustre.

Sobre cinema, escreveu crônicas e livros, marcando indelevelmente a história da sétima arte em João Pessoa, a exemplo do seminal Introdução ao Cinema Nordestino, prefaciado por Jean Claude Bernadet, e dois volumes sobre o cinema paraibano, hoje clássicos desse segmento artístico, não apenas na Paraíba. Na condição de fundador, foi o primeiro presidente da Associação Paraibana de Cinema, criada em 2008, e que hoje funciona na Unidade Tambaú da Fundação Casa de José Américo.

Dirigiu a Empresa Paraibana de Turismo por muitos anos, atuando em eventos e marketing, e presidiu a Associação Brasileira de Jornalistas e Escritores de Turismo. Escreveu o livro “O real e o virtual no turismo da Paraíba”, alinhando promoção de destinos e reflexão sobre imagem territorial.

Beneficiado pela inteligência e pela criatividade permanente, foi dele a ideia que originou a criação da Roliúde Nordestina, em Cabaceiras, que serviu de locação ao estrondoso filme O Auto da Compadecida.

No caso, há uma intersecção perfeita entre a criação da Roliúde Nordestina e o turismo, com influência enorme na modernização do setor, na Paraíba.

Outra criação de Wills foi o Clube dos Solteiros, o Maravalha, com intenso brilho na década de 1970, contribuindo para a animação da vida noturna e diurna da Praia de Tambaú, onde fixou endereço.

Wills Leal estudou no Liceu Paraibano e graduou-se em Filosofia e em Línguas Neolatinas pela UFPB, com especialização em Língua e Literatura Francesa. Viveu boa parte da vida no Cabo Branco, ligando trabalho e cidade como poucos.

Publicou, ainda, títulos sobre memória urbana e sociabilidade, e defendeu a cidade em artigos, debates e entrevistas. Por conta de sua produção intelectual, ingressou na Academia Paraibana de Letras em maio de 1992.

Wills faleceu em João Pessoa no dia 7 de maio de 2020. A cidade e o setor de turismo reconhecem sua herança, lembrada em homenagens, cineclubes e prêmios com seu nome.