PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS: Restaurante e Cachorro-Quente da Nega - Por Sérgio Botelho

Paraíba - Quem curte a singularidade gastronômica que é o cachorro-quente de João Pessoa precisa saber onde tudo começou. Dimensão popular foi mesmo na tradicional Festa das Neves, centenariamente realizada na Avenida General Osório (a rua da Catedral), mais exatamente no Cachorro-Quente da Nêga. Contudo, para ser mais preciso, o preparo, com pãozinho de massa fina, salsicha e carne moída especialmente temperada, já era conhecida na Praia do Poço, onde a própria Dona Nega mantinha frequentadíssimo, embora muito simples, restaurante.

Naquela praia da cidade de Cabedelo, onde a referida chef reinava desde os anos de 1950, o seu restaurante compunha um trio gastronômico disputadíssimo, especializado em frutos do mar, junto com o Badionaldo ou Bar de Onaldo (de Onaldo e Esmeraldina-a Dona Dedê) e o de Lucena (de Lucena e Dona Oneide). O caranguejo, sem os riquitrifes todos de hoje, era outra das especialidades famosas dessas casas de pasto tão tradicionais.

Assim como no Poço, onde ela tinha as tais companhias de Onaldo e Esmeraldina, e de Lucena e Oneida, no campo das especialidades marinhas, na Festa das Neves, a partir da década de 1960, Tibúrcio e Zé (Jurandir e o Mundial Lanches já ofereciam o cachorro-quente em Jaguaribe, enquanto Madruga fazia o mesmo no Ponto Chic do Ponto de Cem Reis) lhe vieram fazer companhia na oferta do cachorro-quente.

Nesse momento, a iguaria pessoense já havia assumido status de elemento fundamental da Festa das Neves (outro dia, o médico e escritor José Mário Espínola, em crônica no Blog do Rubão, sobre o mesmo tema, lembrou também da castanha confeitada e do algodão japonês, outras marcas registradas da nossa mais famosa celebração anual).

O legado do preparo com carne moída segue valendo na cidade. Confesso que há tempos não vou à Festa das Neves. Entretanto, registros recentes da cobertura noticiosa a respeito mostram o cachorro-quente como item disputado nas tardes e noites do Parque Solon de Lucena, para onde os agitos profanos das homenagens à padroeira da cidade se transferiram, de vez (já havia sido tentado em algum tempo).

Hoje, a maior concentração de cozinhas especializadas no cachorro-quente pessoense (que já ganhou patente de Patrimônio Histórico, Cultural e Bem Imaterial do Estado da Paraíba, simbolizado pela casa Mundial Lanches) está no bairro de Jaguaribe que, aliás, se transformou num destacado centro gastronômico da cidade. Mas também pode ser encontrado no Castelo Branco, em Mangabeira, em Tambaú e no Bessa, com o mesmo conceito básico de receita, incluindo as sofisticações contemporâneas.

Sérgio Botelho

Sergio Mario Botelho de Araujo Paraibano, nascido em João Pessoa em 20 de fevereiro de 1950, residindo em Brasília. Já trabalhou nos jornais O Norte, A União e Correio da Paraíba, rádios CBN-João Pessoa, FM O Norte e Tabajara, e TV Correio da Paraíba. Foi assessor de Comunicação na Câmara dos Deputados e Senado Federal.

Sergio Mario Botelho de Araujo Paraibano, nascido em João Pessoa em 20 de fevereiro de 1950, residindo em Brasília. Já trabalhou nos jornais O Norte, A União e Correio da Paraíba, rádios CBN-João Pessoa, FM O Norte e Tabajara, e TV Correio da Paraíba. Foi assessor de Comunicação na Câmara dos Deputados e Senado Federal.