À esquerda do portão de entrada da Academia Paraibana de Letras há um amplo espaço denominado Jardim de Academos (em grego, significando Academia), onde são homenageados, com efígies, doze grandes vultos da literatura paraibana.
Entre as homenagens, uma delas evoca a figura de Antônio Joaquim Pereira da Silva, paraibano de Araruna. Trata-se do primeiro conterrâneo nosso a fazer parte da Academia Brasileira de Letras.
Pereira da Silva, como ficou mais conhecido, viveu entre 9 de novembro de 1876 e 11 de janeiro de 1944, quando faleceu na cidade do Rio de Janeiro, segundo a biografia adotada pela ABL.
No documento, além do registro de sua naturalidade, a primeira referência encontrada é de que, aos 14 anos, já estava no Rio, trabalhando na Central do Brasil, no tempo em que cursava o Liceu de Artes e Ofícios da capital federal.
Chegou a ingressar na Escola Militar, sediada no Paraná, em 1895, onde acabou preso em função das insurreições militares, muito comuns naqueles primeiros anos da República. Desistiu da carreira.
Como já vinha revelando interesse por literatura, em meio a leituras regulares de poetas e escritores, além de manter convivência com círculos intelectuais, voltou ao Rio, onde cursou a Faculdade Direito.
Na capital federal, exerceu a crítica literária nos jornais A Cidade do Rio (de José do Patrocínio, onde usou o pseudônimo J. d’Além), Gazeta de Notícias, Época e Jornal do Comércio, de acordo com a biografia da ABL.
Também no Rio, participou do grupo simbolista que publicou a revista Rosa-Cruz. Tornou-se destacado poeta do movimento, de 1903 a 1905. Em 1922, organizou e passou a dirigir a revista Mundo Literário, com Agripino Grieco e Théo Filho.
Antonio Joaquim Pereira da Silva foi o quinto ocupante da Cadeira 18 da ABL, eleito em 23 de novembro de 1933, recebido pelo acadêmico Adelmar Tavares em 26 de junho de 1934. Coube a Pereira da Silva recepcionar o pernambucano Múcio Carneiro Leão.
Sua obra poética está reunida nos livros Solitudes (1918), Beatitudes (1919), Senhora da Melancolia (1928). Teve poemas seus incluídos na Antologia de la poesia brasileña, de 1973, editado em Barcelona, pela Editorial Seix Barral, em 1973.
Para encerrar, reproduzo, ipsis litteris, o que diz a Academia Brasileira de Letras sobre a poesia de Pereira da Silva
“…Fernando Góis a define como ‘a obra de um elegíaco, de um pessimista, um desencantado, cujas temas são a solidão, a dor, a morte, a tristeza’. Já Andrade Murici destaca aspectos da sua obra em que ‘a poesia está profundamente embebida do espírito do simbolismo: a linguagem alusiva e secreta, o envolvimento em atmosfera de transcendência. (…) A fluidez da expressão simbolista não o conduziu, entretanto, nem à diluição, nem ao informe. Pelo contrário, evitou a descaída para a vulgaridade’.”
Aqui vai um soneto de Pereira da Silva, na edição da ABL, livro Solitudes.
“SOLITUDES”
Senhor, meu Deus! não move minha pena
Vós o sabeis, o impulso da vaidade.
A glória deste mundo é bem pequena
E não nasci para a imortalidade.
Mas não sei por que nada me dissuade
E, antes, tudo em meu sangue me condena
A dar forma, expressão, plasticidade,
Estilo a tudo quanto é dor terrena.
É meu tormento. Chamam-lhe poesia,
Arte do verso. Chamo-lhe o madeiro,
A Cruz da minha noite e do meu dia.
– Cruz em que verto o sangue verdadeiro
E em que minh’alma em transes agoniza
E o coração se crucifica inteiro…
Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba
Sergio Mario Botelho de Araujo Paraibano, nascido em João Pessoa em 20 de fevereiro de 1950, residindo em Brasília. Já trabalhou nos jornais O Norte, A União e Correio da Paraíba, rádios CBN-João Pessoa, FM O Norte e Tabajara, e TV Correio da Paraíba. Foi assessor de Comunicação na Câmara dos Deputados e Senado Federal.
Sergio Mario Botelho de Araujo Paraibano, nascido em João Pessoa em 20 de fevereiro de 1950, residindo em Brasília. Já trabalhou nos jornais O Norte, A União e Correio da Paraíba, rádios CBN-João Pessoa, FM O Norte e Tabajara, e TV Correio da Paraíba. Foi assessor de Comunicação na Câmara dos Deputados e Senado Federal.