Possa ser que exista um ou outro saudosista que se poste diante do Altar da Pátria, na Praça João Pessoa, não como ato de curiosidade, mas de devoção e dever cívico. Seu maior guardião, José da Silva Braga, o Tenente da Gelada, nos deixou em 1964.
Era ela quem se encarregava de mobilizar crianças da sua vizinhança, na Rua São Miguel, no Varadouro, devidamente uniformizadas, para se postar junto ao monumento e homenagear a memória de João Pessoa. Até para lembrar a alguma autoridade mais esquecida, com o passar do tempo, do significado do dia.
O referido conjunto escultórico foi inaugurado no dia 8 de setembro de 1933, em solenidade prestigiada pelo próprio presidente Getúlio Vargas, com direito a um inspirador, e como sempre, emocionante discurso do seu ministro da Viação, o paraibano José Américo de Almeida, que foi secretário de Estado do presidente João Pessoa.
Afinal de contas, Vargas só estava no poder (após ser derrotado pelo paulista Júlio Prestes, na eleição de 1º de março de 1930), por conta da morte de João Pessoa. Realmente havia uma conspiração que se seguiu à vitória de Prestes, mas que já estava definhando. A morte do paraibano reacendeu o levante, até virar a Revolução de 1930, que empossou Getúlio em novembro daquele ano.
Antes do Altar da Pátria, o que havia era um belo coreto que atraía os paraibanos para memoráveis retretas, ora sob a batuta da banda da Força Pública, ora da banda do 22º Batalhão de Caçadores. Coreto de inspiração francesa que, desde 1914, substituía um outro, inaugurado em 1889, no limiar da República, no Brasil.
O Altar da Pátria foi uma criação do escultor paulista, Humberto Cozzo, na época da inauguração, com 33 anos, que viveu entre os anos de 1900 e 1981, mas, naquele momento, já ostentando dois prêmios conquistados, um em São Paulo e o outro no Rio de Janeiro, no campo da arte escultórica. Cozzo chegou a presidir a Sociedade Brasileira de Belas Artes.
Sobre o monumento, com a palavra o próprio artista, em português devidamente atualizado, segundo citação do Ipatrimônio, um projeto voluntário, sem fins lucrativos e sem vínculos institucionais:
“[…] iniciando-se por uma ampla base de 14 metros por 10, fazendo com que parte integrante da praça, eleva-se o monumento por uma harmonia de blocos sobrepostos à altura de 10 metros. Nas partes lateraes do monumento dois grupos grandiosos e simétricos como requer o conjunto, simbolizando em síntese, os dois traços culminantes da vida gloriosa do grande vulto que se vae homenagear: ACÇÃO e CIVISMO. O primeiro representado por duas figuras masculinas que sustentam em seus braços vigorosos uma bigorna, símbolo do trabalho e atividade, guiados pela figura alada do gênio. O outro, duas figuras determinadas de combatentes, dispostos à luta em defesa de seus ideais, simbolizam o “Civismo”. Na parte superior do monumento uma figura enérgica empunhando a bandeira da Paraíba e o braço direito distendido em sinal de protesto, simbolizarão a célebre frase: Nego. Na parte anterior, em atitudes serena e natural, a estátua ao grande brasileiro, tendo em seus ombros, como complemento decorativo, a toga de magistrado. Nas extremidades laterais da base, dois bancos executados em granito, completam o monumento”.
Hoje o Altar da Pátria segue relevante no contexto memorial e no turismo patrimonial da cidade.
Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba
Sergio Mario Botelho de Araujo Paraibano, nascido em João Pessoa em 20 de fevereiro de 1950, residindo em Brasília. Já trabalhou nos jornais O Norte, A União e Correio da Paraíba, rádios CBN-João Pessoa, FM O Norte e Tabajara, e TV Correio da Paraíba. Foi assessor de Comunicação na Câmara dos Deputados e Senado Federal.
Sergio Mario Botelho de Araujo Paraibano, nascido em João Pessoa em 20 de fevereiro de 1950, residindo em Brasília. Já trabalhou nos jornais O Norte, A União e Correio da Paraíba, rádios CBN-João Pessoa, FM O Norte e Tabajara, e TV Correio da Paraíba. Foi assessor de Comunicação na Câmara dos Deputados e Senado Federal.