
Lembro-me bem da época em que os fogões a carvão dominavam as cozinhas de João Pessoa. Na esquina das ruas Treze de Maio e Elizeu César (fundos da atual Agência Cabo Branco, da Caixa), por exemplo, havia a carvoaria dos pais do saudoso amigo Vitanael, que estudou no Pio XII e chegou a Oficial da Reserva do Exército, onde a gente, que morava ali perto, costumava comprar carvão.
E o encarregado da tarefa normalmente éramos nós, meninos. O carvão era vendido em sacos de estopa, a granel, ou papel grosso, em frações. Como as pedras eram irregulares, nem o volume nem o peso ficavam bem distribuídos, dificultando o transporte.
Os fogões a carvão urbanos eram geralmente de ferro fundido, com compartimentos para o carvão e saídas para a fumaça. Acendê-lo era tarefa trabalhosa, exigindo paciência, habilidade e até alguns truques domésticos.
O processo envolvia várias etapas e podia levar um tempo considerável, especialmente quando o carvão estava úmido e demorava mais para pegar fogo. Antes de tudo, era preciso limpar os restos de cinza do uso anterior, garantindo a passagem de ar para facilitar a combustão.
Se o carvão não estivesse bem seco, então a fumaça dobrava, obrigando a pessoa a mexer no fogão repetidas vezes. Além do mais, era preciso ficar de olho para evitar que o fogo apagasse no meio do processo. Essa tarefa era diária, a cada café da manhã, almoço ou jantar, o que exigia das donas de casa e eventuais empregadas domésticas um esforço sem trégua.
Como detalhe, muitos fogões a carvão tinham pequenos compartimentos inferiores, onde as donas de casa aproveitavam o calor residual das brasas para assar sementes, castanhas de caju, pão endurecido e bolachas murchas. Recordo bem o acontecimento representado pela chegada, na década de 1960, dos fogões a gás liquefeito de petróleo.
A primeira das empresas fornecedores do GLP, em João Pessoa, foi a Pibigás, quando os fogões a carvão, e sua marcante presença, começaram a desaparecer dos lares da cidade.
Na foto, um antigo fogão a carvão cheio de estilo
Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba

Sergio Mario Botelho de Araujo Paraibano, nascido em João Pessoa em 20 de fevereiro de 1950, residindo em Brasília. Já trabalhou nos jornais O Norte, A União e Correio da Paraíba, rádios CBN-João Pessoa, FM O Norte e Tabajara, e TV Correio da Paraíba. Foi assessor de Comunicação na Câmara dos Deputados e Senado Federal.
Sergio Mario Botelho de Araujo Paraibano, nascido em João Pessoa em 20 de fevereiro de 1950, residindo em Brasília. Já trabalhou nos jornais O Norte, A União e Correio da Paraíba, rádios CBN-João Pessoa, FM O Norte e Tabajara, e TV Correio da Paraíba. Foi assessor de Comunicação na Câmara dos Deputados e Senado Federal.