Foto: reprodução
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Paraíba - O jornal A União, da quinta-feira, 7 de dezembro de 1967, em sua seção esportiva, anunciava a antecipação de um jogo pelo Campeonato Paraibano, entre Botafogo e o extinto União, da tarde do domingo, 10, para a noite do sábado, 9.

O motivo era a realização de um bingo, no domingo – data previamente marcada pela Federação Paraibana de Futebol para a realização da partida -, em favor do Instituto Padre Zé. Muitos bingos assim aconteceram em João Pessoa, especialmente na década de 1960, e milhares de pessoas participavam dos sorteios.

Os eventos eram realizados, mais comumente, na Lagoa do Parque Solon de Lucena e na Praça da Independência. O formato era o tradicional: cartelas de papel, sorteio manual das bolinhas numeradas e a expectativa em torno de prêmios que, não raramente, incluíam automóveis zero quilômetro.

Embora os jogos de azar estivessem proibidos no Brasil desde o Decreto-Lei nº 9.215, de 1946, que fechou os cassinos e baniu as apostas, o bingo beneficente era tolerado pelas autoridades, desde que não configurasse atividade comercial ou lucrativa, aspecto que terminava não sendo devidamente apurado.

O clima do bingo dos anos 1960, ao menos em João Pessoa, pelo que lembro, superava a própria expectativa dos prêmios. Era, a bem da verdade, um ponto de encontro da gente pessoense, incluindo as crianças. Os lucros frequentemente apoiavam instituições locais, como foi o caso desse de 1967, em favor do Padre Zé.

A simplicidade do jogo — com bolas mecânicas, cartões físicos e a voz humana do chamador — contrasta com versões eletrônicas posteriores, preservando um charme e uma alegria que tiveram fim com a legalização ocorrida nos anos 1990, quando encarcerados em ambientes fechados.

Em suma, a atmosfera dos bingos dos anos 1960, em João Pessoa, combinava concentração e diversão, com direito a bancas locais, conversas animadas e o charme nostálgico de uma era pré-digital. Fumar era comum, assim como bebida, com muita emoção coletiva do começo até o fim.

Sérgio Botelho

Sergio Mario Botelho de Araujo Paraibano, nascido em João Pessoa em 20 de fevereiro de 1950, residindo em Brasília. Já trabalhou nos jornais O Norte, A União e Correio da Paraíba, rádios CBN-João Pessoa, FM O Norte e Tabajara, e TV Correio da Paraíba. Foi assessor de Comunicação na Câmara dos Deputados e Senado Federal.

Sergio Mario Botelho de Araujo Paraibano, nascido em João Pessoa em 20 de fevereiro de 1950, residindo em Brasília. Já trabalhou nos jornais O Norte, A União e Correio da Paraíba, rádios CBN-João Pessoa, FM O Norte e Tabajara, e TV Correio da Paraíba. Foi assessor de Comunicação na Câmara dos Deputados e Senado Federal.