PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS: Grupo e praça Antônio da Silva Pessoa - Por Sérgio Botelho

Há dois importantes marcos urbanos em João Pessoa que homenageiam Antônio da Silva Pessoa. O mais antigo deles é um equipamento escolar, na Avenida Beaurepaire Rohan, entre os primeiros grupos escolares da cidade, justamente o Grupo Escolar Antônio Pessoa.

O outro é a praça que fica nas esquinas das ruas Walfredo Leal e Castro Alves, bem pertinho da Bica, o Parque Zoobotânico Arruda Câmara.

Inaugurado em 1920, o Grupo Escolar Antônio Pessoa fazia parte das iniciativas educacionais, surgidas com a República, visando universalizar a oferta de educação e substituir o ensino ministrado em escolas isoladas, onde professores lecionavam obedecendo a didáticas e conteúdos próprios.

Os grupos escolares, com sua estrutura padronizada e currículo centralizado, refletiam essa busca por racionalização e controle do processo educativo. Importante registrar que o Grupo Escolar Antônio Pessoa serviu, nos anos 1950, à nascente Faculdade de Direito.

Já a praça foi construída, como parte da expansão urbana da capital, no início dos anos 1920, após a derrubada da antiga Igreja Nossa Senhora Mãe dos Homens, existente no local, que desapareceu junto com sua irmandade de pretos e pardos. O logradouro fica no início da decida para a Bica, fazendo esquina entre a Avenida Walfredo Leal e a rua Olavo Bilac, que divide os espaços entre a praça e o Grupo Escolar Epitácio Pessoa, outro dos primeiros da cidade.

Mas quem foi Antônio Pessoa?

Antônio da Silva Pessoa (1863-1916) era um dos irmãos mais velhos de Epitácio Lindolfo da Silva Pessoa (1865-1942), o paraibano que governou o país entre os anos de 1919 e 1922, justamente a época de construção dos grupos escolares e da referida praça. Antônio Pessoa governou a Paraíba entre 24 de julho de 1915 e 1º de julho de 1916.

O governo de Antônio Pessoa marcou a passagem de comando da política paraibana entre os seguidores de Álvaro Lopes Machado (1857-1912), que governou a Paraíba por duas vezes, entre 1892 e 1896 e 1904 e 1908, e liderou a política estadual por 20 anos, e a de Epitácio Pessoa, que tomaria as rédeas da política estadual dali em diante.

Antônio Pessoa foi o indicado pelo epitacismo para compor a chapa, na condição de vice-presidente do estado, liderada por João Pereira de Castro Pinto (1863-1944), que governou o estado entre 1912 e 1915, como candidato de união entre os dois mais fortes agrupamentos políticos em voga. Com a renúncia de Castro Pinto, em 1915, Antônio Pessoa assumiu o governo.

Naquele tempo, o sistema político existia apoiado em laços de família e relações de favor. Os partidos, geralmente, giravam em torno da figura de um líder, e não de ideias ou programas definidos.

A fidelidade dos aliados estava ligada à pessoa do chefe político e à sua habilidade de atender aos pedidos e necessidades do grupo, já que, na maioria das vezes, o partido nem sequer possuía uma linha doutrinária clara. (Sinceramente, não sei se tem muita diferença de hoje em dia!).

Segundo registra o Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o governo de Antônio Pessoa se destacou pela criação de escolas, introduzindo o ensino de desenho e trabalhos manuais no sistema educacional, dando continuidade ao enfrentamento da crise financeira do estado.

Faleceu em 31 de outubro de 1916, pouco mais de três meses desde que renunciou ao governo, justamente por força da doença que o matou.

Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba