PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS: Geisel também morou na Paraíba antes de ser presidente - Por Sérgio Botelho

Já falamos nessa série em dois presidentes da República que chegaram a estabelecer residência na cidade da Parahyba (atual João Pessoa) antes de assumirem o cargo máximo da administração pública brasileira: Floriano Peixoto e Café Filho.

Peixoto, morou na cidade ainda na época do Império, e Café Filho, no período imediatamente anterior à deflagração da Revolução de 1930.

Outro futuro presidente que residiu na capital paraibana, bem antes de assumir o cargo, como quarto indicado pela ditadura militar a presidir o país e o regime, foi o gaúcho Ernesto Geisel (que deu início ao processo de abertura política, mas que, segundo a CIA, teria autorizado a execução de adversários do regime já presos).

Ele viveu em João Pessoa no período posterior à Revolução de 1930 – da qual fez parte, ainda enquanto tenente do Exército -, ocupando a Secretaria da Fazenda e Obras Públicas durante a interventoria Gratuliano de Brito.

Segundo o Atlas Histórico do Brasil, do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil, da Fundação Getúlio Vargas, o período em que Geisel esteve à frente dos negócios das finanças e das obras públicas da Paraíba aconteceu em dois espaços de tempo: de janeiro a maio de 1934, e de agosto do mesmo ano a janeiro de 1935.

Geisel, segundo a Cpdoc/FGV, antes de assumir o cargo na Paraíba, “entre março e junho de 1931, ficou à disposição do interventor federal do Rio Grande do Norte, primeiro-tenente Aluísio de Andrade Moura, sendo nomeado secretário-geral do governo estadual e chefe do Departamento de Segurança Pública”.

Pelo que parece, era um jovem militar gaúcho destacado para missões do governo Getúlio Vargas, e da Revolução de 1930, junto a interventorias estaduais.

No entanto, sobre o período em que assumiu o cargo na Paraíba, há um equívoco na informação da FGV. Isso porque, em 18 de julho de 1933, o jornal A União reproduzia em letras garrafais, na capa, um telegrama de Geisel, direto do Rio: “Interventor Gratuliano de Brito-Foi aberto o crédito para o pagamento das contas atrasadas da Inspetoria das Obras Conta as Secas, no total de trinta mil contos. Abraços, Ernesto Geisel”.

As manchetes e submanchetes do jornal terminavam por explicar o telegrama: “Interesses financeiros do estado. A Parahyba acaba de resgatar o seu compromisso com a empresa “Geobra”, constructora do Porto de Cabedello”. “

O tenente Ernesto Geisel, secretário da Fazenda, continua trabalhando no Rio em defesa dos problemas mais urgentes do Estado”. Portanto, em julho de 1933 Geisel já exercia o cargo na Paraíba, há meses.

Isso porque, no corpo da matéria, tem a seguinte informação: “Trabalhando, mezes a fio, no empenho de conseguir o equilibrio das finanças do Estado, o tenente Ernesto Geisel assignalou, com exito magnifico, a sua operosidade e dedicação pela Parahyba”. Sem faltar, lógico, os devidos créditos políticos: “Cumpre salientar a assistencia moral que nunca faltou, de parte do ministro José Americo, a todos os passos dados pelo sr. Interventor Federal e pelo tenente Ernesto Geisel, a fim de conseguir resolver a liquidação das operações referentes à taxa ouro.”

Ficava, assim, devidamente explicado o sucesso do governo paraibano em acertar suas finanças, diante do esforço do então ministro da Viação e Obras Públicas, do governo Getúlio, o paraibano José Américo, um dos próceres da Revolução de 1930.

Registre-se que a única foto a ilustrar a referida primeira página de A União era a de José Américo.

Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba

Sérgio Botelho

Sergio Mario Botelho de Araujo Paraibano, nascido em João Pessoa em 20 de fevereiro de 1950, residindo em Brasília. Já trabalhou nos jornais O Norte, A União e Correio da Paraíba, rádios CBN-João Pessoa, FM O Norte e Tabajara, e TV Correio da Paraíba. Foi assessor de Comunicação na Câmara dos Deputados e Senado Federal.

Sergio Mario Botelho de Araujo Paraibano, nascido em João Pessoa em 20 de fevereiro de 1950, residindo em Brasília. Já trabalhou nos jornais O Norte, A União e Correio da Paraíba, rádios CBN-João Pessoa, FM O Norte e Tabajara, e TV Correio da Paraíba. Foi assessor de Comunicação na Câmara dos Deputados e Senado Federal.