Opinião

PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS: Festa da Mocidade - Por Sérgio Botelho

O que recupero à luz hoje é uma das festas de rua que pontificaram, junto com a tradicionalíssima e centenária Festa das Neves, e outras pelos bairros da João Pessoa dos anos 1950 e 1960.

Foto: Internet

O que recupero à luz hoje é uma das festas de rua que pontificaram, junto com a tradicionalíssima e centenária Festa das Neves, e outras pelos bairros da João Pessoa dos anos 1950 e 1960.

Refiro-me à Festa da Mocidade que acontecia algum tempo depois da Festa das Neves, se a memória não me trai. Mais ou menos, no mês de outubro. Havia parques de diversão, barracas de cachorro-quente, barzinhos improvisados e um indefectível serviço de som, à base de alto-falantes conhecidos como cornetões, espalhados pelas árvores do Parque Solon de Lucena, na parte em que se inicia o acesso à Miguel Couto, defronte ao atual prédio da Torra.

À tarde, no final de semana que coubesse à festa, a criançada podia ir à vontade. O ambiente era não somente festivo, mas, sobretudo, próprio às diversões mais infantis. Embora houvesse um brinquedo menos inocente chamado de tira-prosa que fez muita gente se urinar em suas idas, vindas e rodadas estonteantes. À noite, contudo, virava uma espécie de quem-me-quer.

Passava a existir mais concupiscência a envolver os convivas masculino e feminino, com maior facilidade para namoros mais chegados. Adolescentes, do sexo masculino, evidentemente, corriam soltos por lá, à busca de aventuras com as moças da noite, não raramente, sem muito sucesso. A idade não ajudava. Elas eram mais maduras. Bem mais!

Diferentemente da Festa das Neves, a da Mocidade era cercada, e, portanto, você tinha de pagar para ter acesso. À base de músicas de Francisco Alves, Orlando Silva, Nelson Gonçalves, Orlando Dias e por aí vai. As oferendas musicais corriam soltas, o mais das vezes como tentativa de aproximação ao namoro: “esta página musical vai para a moça que veste a blusa com bolinhas vermelhas. De alguém, com muito amor e carinho!”

Aí, o paquerador ficava de espreita aguardando a reação da criatura. Conforme fosse, havia a aproximação. A timidez, contudo, impedia a muitos de concluírem o ritual, até o idílio desejado. Comuns eram os shows, na Festa da Mocidade. Por isso, o espaço tinha tapumes, para evitar penetras, já que os artistas eram pagos.

Parrá, do cast local, velho amigo de Livardo Alves de saudosa memória, e continuador do culto a Jackson do Pandeiro, costumava se apresentar ao lado de convidados de outros estados, mais famosos no circuito da música nacional. Ainda na década de 1970 parou de acontecer a Festa da Mocidade. Mas ficou a lembrança entre as festas da João Pessoa de tempos que já se foram.

Fonte: Sergio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba