Paraíba - Quem caminha hoje pela monumental orla de João Pessoa, especialmente entre Bessa e Cabo Branco, não imagina o quanto a cidade demorou para chegar até ali.
Às margens do rio Sanhauá, a capital paraibana nasceu no interior, de costas para o mar. A ocupação do litoral foi um processo lento, que levou quase quatro séculos para se consolidar.
São apenas oito quilômetros separando o ponto inicial da fundação, no atual Varadouro, até as areias do Atlântico. No entanto, entre o rio e as praias havia uma densa faixa de mata atlântica, rios, charcos, terrenos úmidos, todo tipo de dificuldade natural. E, além disso, uma capitania pobre e muito dependente de Recife e Olinda. A urbe andou bem devagar.
Foi lá pelas primeiras décadas do século XX que a cidade começou a se aproximar do seu litoral. A construção da atual avenida Epitácio Pessoa, na década de 1920, foi marco fundamental nesse processo. Ela abriu ligação entre o Centro e o litoral, cortando a mata e se aventurando mais ousadamente por sobre o rio Jaguaribe.
Porém, a ocupação urbanística mais densa da faixa litorânea só começou de fato com a pavimentação da avenida, na década de 1950. Foi então que a cidade chegou para valer à beira-mar, iniciando o crescimento irreversível dos bairros de Cabo Branco, Tambaú, Manaíra e Bessa.
Hoje, como se sabe, o litoral pessoense é cartão-postal e, ao lado do Centro Histórico, fortíssima atração turística da capital. Mas para chegar até ele, João Pessoa precisou atravessar séculos, superar suas dificuldades financeiras, mudar seu ritmo de crescimento e neutralizar sua atávica dependência com relação a Pernambuco.
Mas depois que chegou, virou espetáculo!