Durante o período do seu governo, iniciado em outubro de 1912, João Pereira de Castro Pinto saiu do comum, naquela época, ao formular a criação de uma Universidade Popular (conforme o nome proposto).
Tratava-se de um projeto que, mais do que uma instituição de ensino formal, pretendia ser um espaço de construção cívica e cultural para os segmentos populares da capital, então chamada Parahyba.
Inspirado em experiências semelhantes que surgiam na Europa e em outras capitais brasileiras, Castro Pinto acreditava que o acesso ao conhecimento precisava ultrapassar os muros das escolas tradicionais e alçar voos intelectuais mais elevados.
A proposta saiu do papel com rapidez. Em janeiro de 1913, foi anunciada a criação do diretório responsável por organizar as atividades da nova universidade. No dia 16 daquele mês, foi realizada no Teatro Santa Roza uma sessão preparatória solene, especificamente com esse objetivo.
Na cerimônia, foi traçada a estrutura organizativa, quando o próprio Castro Pinto assumiu a presidência honorária. Para a presidência executiva, acabou escolhido o desembargador José Ferreira de Novaes, figura respeitada da magistratura local, e que, mais tarde, presidiria o Superior Tribunal de Justiça da Paraíba, atualmente, Tribunal de Justiça da Paraíba.
Também foram eleitos quatro vice-presidentes, dois secretários e um tesoureiro, além de nomeada uma comissão organizadora de conferências sobre temas diversos, da cultura, de modo amplo, à economia e ao direito, a cargo das figuras mais letradas na então cidade de Parahyba.
A proposta da Universidade Popular era a de, inicialmente, realizar ciclos regulares de conferências públicas, tratando de temas de interesse geral e de conteúdo acadêmico. Desse jeito, o projeto rapidamente conquistou apoio da imprensa e de setores progressistas da sociedade local.
O jornal A União passou a divulgar os eventos e a publicar, com destaque, a íntegra das conferências proferidas. O Teatro Santa Roza se transformou por alguns meses no centro de um movimento que pretendia democratizar o saber e ampliar os horizontes da cidadania em plena Primeira República.
Embora a Universidade Popular não tenha chegado a se efetivar, sua criação foi relevante em um tempo no qual as ideias modernas começavam a encontrar eco nas esquinas de uma cidade bastante marcada pelo elitismo e pelo domínio oligárquico.
Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba
Sergio Mario Botelho de Araujo Paraibano, nascido em João Pessoa em 20 de fevereiro de 1950, residindo em Brasília. Já trabalhou nos jornais O Norte, A União e Correio da Paraíba, rádios CBN-João Pessoa, FM O Norte e Tabajara, e TV Correio da Paraíba. Foi assessor de Comunicação na Câmara dos Deputados e Senado Federal.
Sergio Mario Botelho de Araujo Paraibano, nascido em João Pessoa em 20 de fevereiro de 1950, residindo em Brasília. Já trabalhou nos jornais O Norte, A União e Correio da Paraíba, rádios CBN-João Pessoa, FM O Norte e Tabajara, e TV Correio da Paraíba. Foi assessor de Comunicação na Câmara dos Deputados e Senado Federal.