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PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS: Carboreto - Por Sérgio Botelho

 Nunca soube de onde aquele campinense de estatura baixa que fez fama em João Pessoa principalmente durante a década de 1980, conhecido como Carboreto, tirou o seu apelido. Sei que carbureto, assim, com ‘u’, é um derivado do carbono, inflamável, explosivo, produtor do gás acetileno, costumeiramente utilizado para apressar o amadurecimento de certas frutas, especialmente banana e abacaxi. Carboreto andava pelas ruas e bares e repartições e bancos de João Pessoa assim como faziam Mocidade, Vassoura e Caixa d’Água, guardadas as devidas aptidões de cada um deles. É dele a frase famosa “pra ser doido em João Pessoa é preciso ter muito juízo!”

Foto: reprodução

Nunca soube de onde aquele campinense de estatura baixa que fez fama em João Pessoa principalmente durante a década de 1980, conhecido como Carboreto, tirou o seu apelido. Sei que carbureto, assim, com ‘u’, é um derivado do carbono, inflamável, explosivo, produtor do gás acetileno, costumeiramente utilizado para apressar o amadurecimento de certas frutas, especialmente banana e abacaxi. Carboreto andava pelas ruas e bares e repartições e bancos de João Pessoa assim como faziam Mocidade, Vassoura e Caixa d’Água, guardadas as devidas aptidões de cada um deles. É dele a frase famosa “pra ser doido em João Pessoa é preciso ter muito juízo!”

Está se vendo que ele não era doido! Metido quase sempre em um terno, todo o tempo foi de trabalhar. Não digo que ele não pedisse de vez em quando algum recurso aos amigos para a sua sobrevivência. Mas quando o fazia, era de forma discreta. Por necessidade, exatamente. Era comum encontrá-lo com uma bolsa tipo 007 contendo bugigangas para vender. Vendia de tudo. Quando morreu, na primeira metade da década de 90, atropelado, em Tambaú, Carboreto estava trabalhando.

Portava um par de óculos com luz própria. Carboreto estava sempre apressado. O mais cruel é que havia conseguido, pouco antes, um emprego de assessor parlamentar na Assembleia Legislativa. Segundo dizem, emprego concedido pelo então deputado estadual Domiciano Cabral. Em João Pessoa, ele conhecia todo mundo, especialmente os boêmios, apesar de não ser um deles. Sem dúvida, a figura impressionava muito menos pelo porte e muito mais pela desenvoltura, pela força de vontade, uma espécie de caubói numa metrópole. Quando se sentia ameaçado, ou muito ironizado, Carboreto reagia.

Ele não era assim tão manso, não! E nem devia ser! A luta pela sobrevivência numa capital com todas as suas humanas diferenças e necessidades e perigos e gente boa, mas também ruim, sugere que sejam evitados comportamentos excessivamente passivos. Mesmo residindo na capital, Carboreto nunca abandonou sua cidade natal, Campina Grande. Fazia figura tanto ao nível do mar quanto no alto da Serra da Borborema, desse jeito, frequentando, nas duas cidades, as mesas mais importantes das noites locais. Sem qualquer exagero, nosso personagem era uma figura notável. (A foto que pesquei na Internet parece ser mesmo de Carboreto, contudo, não muito representativa do que foi, já que aparece como que empunhando um copo de whisky, o que não corresponde ao seu perfil mais conhecido).

Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba