Opinião

PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS: Bairro das Trincheiras, em João Pessoa, que muita gente desconhece - Por Sérgio Botelho

PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS: Bairro das Trincheiras, em João Pessoa, que muita gente desconhece - Por Sérgio Botelho

Paraíba - Há uma história militar que sempre se repete a explicar a escolha do nome para o bairro das Trincheiras, em João Pessoa, que vale também para a emblemática rua do mesmo nome.
Segundo a versão, o então capitão-mor e governador da Capitania da Parahyba do Norte (1708-1717), João da Maia Gama, mandou, em 1710, cavar trincheiras na região temendo ataques de forças envolvidas na Guerra dos Mascates, em Pernambuco.

Ainda em crise, após a invasão holandesa, donos de engenho pernambucanos, endividados com os mascates (comerciantes portugueses em Recife), empreenderam luta armada contra eles, que durou entre 1710 e 1711.

O bairro das Trincheiras, que pouca gente conhece na capital, se estende, na direção do leste para o oeste da cidade, entre a balaustrada das Trincheiras e o vale do Rio Sanhauá.

Na direção do norte para o sul da cidade, ele compreende o espaço entre a rua Índio Piragibe e a avenida Cruz das Armas. Grande parte do bairro constitui-se na visão mais desfrutável a partir da Balaustrada das Trincheiras.

Querem ver a novidade, para muitos? Todo o setor urbano que a gente conhece como Cordão Encarnado (apesar de a Rua Índio Piragibe ter partes dela divididas entre o Centro, o Varadouro e a Ilha do Bispo) pertence ao Bairro das Trincheiras.

A balaustrada foi construída em 1918, durante a gestão do governador Camilo de Holanda (1916-1920). A obra, alinhada às reformas inspiradas por Saturnino de Brito, transformou o logradouro em um cartão-postal da cidade.

A paisagem, antes homogênea, ganhou oficinas, pequenos armazéns e ocupações informais. A fábrica de cimento instalada na Ilha do Bispo, na década de 1930, afetou a vista do mirante.

O caminho era rota de tropeiros que ligavam Parahyba do Norte a Pernambuco. No fim do século XVIII surgiram currais, abatedouros e quitandas que atendiam viajantes. Ainda hoje existem sítios a servirem de moradia.

No ciclo do algodão, já no século XIX, famílias abastadas descobriram a rua das Trincheiras, erguendo casarões com fachadas ecléticas ou Art Nouveau, aproveitando a brisa e a vista. Hoje, grande parte beira a ruína.