
Paraíba - As chamadas “bancas de revista” ou “bancas de jornais” ou ainda “fiteiros” eram estabelecimentos de rua dedicados à venda de jornais, revistas, gibis, livros, almanaques, figurinhas e, mais tarde, de produtos variados como guloseimas e refrigerantes, que mais profusamente existiram em João Pessoa, do Centro aos bairros, até finais da década de 1990.
As bancas ficavam em pontos estratégicos da cidade — esquinas movimentadas, praças centrais, paradas de ônibus e em frente a escolas, hospitais ou repartições públicas — e eram construídas, em geral, de madeira, ferro ou alvenaria, normalmente protegidas por toldos. Algumas eram mais simples, enquanto outras se conformavam em estruturas mais robustas.
Lembro bem de duas delas, a Banca Viña Del Mar e a Duas Irmãs, ambas na Miguel Couto, que bem representavam esse tipo de comércio. Na década de 1980, terroristas de extrema-direita, com atuação em várias partes do país, ameaçaram ambas com bombas, o que já vinham fazendo em Brasília e no Rio. O objetivo era impedir a venda de jornais da imprensa alternativa, normalmente, contra o regime ditatorial vigente.
Além de serem pontos de venda, as bancas exerciam um papel importante na vida urbana pessoense. Eram centros de difusão de informação e cultura, oferecendo desde notícias políticas até literatura popular e quadrinhos. Nesse sentido, se transformam em lugares de encontro e convivência: pessoas se reuniam para ler manchetes, conversar sobre os acontecimentos do dia ou simplesmente passar o tempo folheando as novidades.
A variedade de publicações atendia a todos os gostos e classes sociais, misturando produtos considerados “sérios”, como jornais de política, com revistas de moda, gibis infantis e almanaques populares. A facilidade de acesso e a possibilidade de compra rápida faziam das bancas uma presença quase indispensável no cotidiano das cidades.
Com o passar dos anos, especialmente a partir dos anos 2000, as bancas começaram a perder espaço. A popularização da internet e a transformação dos hábitos de leitura reduziram sua importância. Muitas tentaram se adaptar, diversificando seus produtos, mas o papel central que ocupavam no passado já não pôde ser mantido.