PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS: A pedra fundamental da velha Igreja das Mercês - Por Sérgio Botelho

O projeto Memória João Pessoa nos faz lembrar que no dia 24 de setembro de 1729, por iniciativa da Irmandade das Mercês dos Homens Pardos, foi lançada a pedra fundamental da velha Igreja das Mercês.

Segundo assinala o projeto acadêmico, a igreja foi um dos referenciais urbanos de maior significação na cidade do século XVIII, uma vez que definiu espaço urbano próprio, o Largo das Mercês.

Para os que não sabem, o Largo das Mercês ocupava a área da cidade hoje chamada de Praça 1817, e a igreja setecentista, de inestimável valor histórico e afetivo, foi derrubada em 1935, sob argumentos pouco convincentes.

A igreja ficava de costas para a atual Praça João Pessoa, no espaço entre a atual Assembleia Legislativa e o Banco do Brasil, com via aberta a veículos na parte que dá continuidade à rua Rodrigues de Aquino e à própria praça.

Aliança entre o poder público – certamente, enxergando a igreja como coisa velha, feia e cheia de pretos – e a Cúria – interessada em deserdar as irmandades em favor do clero diretamente ligado a Roma – conseguiu derrubar o templo.

No referido templo católico, a irmandade responsável garantia acolhimento, hábitos ancestrais, sepultamentos e ajuda mútua. Assim, assegurava rito, prestígio e rede de auxílio. Manteve reisados, celebrações e identidades num espaço visível da cidade.

(Sobre o assunto, é importante, para os que se interessam pela nossa história, ler “O Processo de Demolição e Desmonte das Irmandades Religiosas na Cidade da Parahyba (1923–1935): ‘O Caso das Mercês’”, dissertação de Mestrado em Arquitetura e Urbanismo (UFPB), defendida por Marcondes Silva Meneses, que exerce o sacerdócio na Igreja Católica e dirige o Centro Cultural São Francisco).

Em 1940, uma nova igreja dedicada à Nossa Senhora das Mercês foi então construída nas proximidades, na Rua Padre Meira, onde se encontra até hoje, mas sem a antiga irmandade.

Entendemos que a cidade aprende quando reconhece as mãos que a ergueram. Ao lembrar as Mercês dos Homens Pardos, honramos quem cuidou dos seus e do nosso patrimônio comum.

Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba

Sérgio Botelho

Sergio Mario Botelho de Araujo Paraibano, nascido em João Pessoa em 20 de fevereiro de 1950, residindo em Brasília. Já trabalhou nos jornais O Norte, A União e Correio da Paraíba, rádios CBN-João Pessoa, FM O Norte e Tabajara, e TV Correio da Paraíba. Foi assessor de Comunicação na Câmara dos Deputados e Senado Federal.

Sergio Mario Botelho de Araujo Paraibano, nascido em João Pessoa em 20 de fevereiro de 1950, residindo em Brasília. Já trabalhou nos jornais O Norte, A União e Correio da Paraíba, rádios CBN-João Pessoa, FM O Norte e Tabajara, e TV Correio da Paraíba. Foi assessor de Comunicação na Câmara dos Deputados e Senado Federal.