O Litoral Norte paraibano é lugar de praias maravilhosas, porque belas e preservadas. Uma delas é a Praia das Trincheiras ou Prainha, em Baía da Traição.
Trincheiras guarda referência histórica, uma vez que suas dunas, parte indispensável da beleza local, serviram de defesas naturais na luta dos portugueses contra os holandeses.
O episódio aconteceu em 1625, nas primeiras tentativas de domínio holandês sobre a Paraíba, quando também houve um massacre de indígenas potiguaras, perpetrado pelos portugueses, com prisão de lideranças indígenas. Os lusitanos acusavam os potiguaras, aldeados no local, de colaboração com os batavos.
Segundo relato do projeto Os Brasis e suas Memórias, o cacique Jaguarari, que havia se aproximado dos holandeses para salvar a família mantida refém, passou oito anos sob tortura no Forte dos Reis Magos, em Natal. Ao final de tudo, nada comprovado. 400 anos depois, o que resta fisicamente são as belezas naturais da Praia das Trincheiras.
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Durante a maré baixa, a faixa de areia se alarga, especialmente por conta dos arrecifes que ficam ao largo, o que também permite a formação de maravilhosas piscininhas, delícia para crianças, mas também para adultos. É possível, ainda, avistar golfinhos, sempre um espetáculo à parte. Uma visão que se mistura com o farol ao fundo, herança de tempos de antanho na orientação aos navegantes.
O cenário é cinematográfico. O que não se pode fazer é prejudicar a natureza. Manter relações amistosas com os potiguaras também é fundamental. São eles os guardiões da natureza local, herdeiros originários de tudo o que ali pode ser visto, e cuja história merece ser venerada.
Visitar Trincheiras é também um convite ao respeito e à escuta. Há cantos, histórias e saberes que vivem nos olhos e nas palavras dos anciãos potiguaras. São conhecimentos ancestrais sobre o mar, o vento, as luas, os peixes e as curas naturais — parte de uma cultura que resiste, apesar dos séculos de opressão.
Por isso, mais que um destino turístico, Trincheiras é uma experiência de memória viva. Um lugar onde a beleza não se dissocia da dor, e onde a presença indígena continua marcando o território com dignidade e sabedoria. Quem visita com o coração aberto, volta diferente. Porque a paisagem toca, mas é a história que transforma.
FOTOS: Praia das Trincheiras, visão geral, e suas dunas. Imagens do YouTube.
Sergio Mario Botelho de Araujo Paraibano, nascido em João Pessoa em 20 de fevereiro de 1950, residindo em Brasília. Já trabalhou nos jornais O Norte, A União e Correio da Paraíba, rádios CBN-João Pessoa, FM O Norte e Tabajara, e TV Correio da Paraíba. Foi assessor de Comunicação na Câmara dos Deputados e Senado Federal.
Sergio Mario Botelho de Araujo Paraibano, nascido em João Pessoa em 20 de fevereiro de 1950, residindo em Brasília. Já trabalhou nos jornais O Norte, A União e Correio da Paraíba, rádios CBN-João Pessoa, FM O Norte e Tabajara, e TV Correio da Paraíba. Foi assessor de Comunicação na Câmara dos Deputados e Senado Federal.
